sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

JUFRA EM MISSÃO (5)

 O Documento de Aparecida nos propõe um caminho para seguirmos mais fielmente a Jesus, como "discipulos e missionários".
Penso que fazemos muito bem o 'papel' de discipulos de Jesus: participamos das mais variadas celebrações de cunho ritualistico e dogmático; ouvimos a palvra de Deus e a meditamos.
Mas, e como 'missionários'?
Entendo que muitas vezes nós nos escondemos por detrás de uma rotina atribulada, e de uma série de desculpas que inventamos, como por exemplo, a da evangelização do trabalho e na escola, que poucos executam de fato, mas que muitos utilizam para justificar suas ações missionárias inexistentes.
A Igreja precisa mais de nós! Aliás, nós precisamos mais de nós mesmos. Porque somos todos nós que, irmanados com o Cristo, formamos o que chamamos de Igreja.
Ao iniciar mais um ano, espero que essas reflexões sirvam de alguma forma, para incomodar e motivar o leitor a fazer algo de mais concreto em favor da fé que professamos, e daqueles que precisam fortalecer sua fé através da evangelização da palavra de Deus.
Sejamos legitimos missionários!


Wendell Ferreira Blois
subsecretário de formação

A atividade Missionária é o maior e mais santo dever da Igreja Católica Apostólica Romana

Muitas pessoas estão sedentas das palavras de Cristo, as únicas que podem dar paz à alma, as únicas que ensinam o caminho do Céu: “Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras da vida eterna” (Jo 6, 68). E a Igreja Católica tem o dever principal de dar a conhecer Jesus Cristo através das missões: “Entre as tarefas de interesse geral, dê particular importância à atividade missionária o maior e o mais santo dever da Igreja” (Cf. Concílio Vaticano II, Decreto “Ad Gentes”, nº 29).
A urgência de dar a conhecer a doutrina de Cristo é muito grande, porque a ignorância é um poderoso inimigo de Deus no mundo e é: “A causa e como que a raiz de todos os males que envenenam os povos” (Cf. Encíclica “Ad Petri Cathedram”, 29-6-1959, do Papa João XXIII). Cada cristão deve dar testemunho – não só com o exemplo, mas também com a palavra – da mensagem evangélica.
O Concílio Vaticano II, Decreto “Ad Gentes”, nº 5, assim expressa sobre esse maior e mais santo dever da Igreja: “O Senhor Jesus desde o início “chamou a Si os que Ele quis, e fez que os doze estivessem com Ele para enviá-los a pregar” (Mc 3, 13). Assim foram os Apóstolos os germes do novo Israel e ao mesmo tempo a origem da sagrada hierarquia. Depois, que por Sua morte e ressurreição completou em Si os mistérios de nossa salvação e da renovação universal, o Senhor obteve todo o poder no céu e na terra. Antes de ser assumido ao céu fundou Sua Igreja como o sacramento da salvação. Como Ele mesmo fora enviado pelo Pai, enviou os apóstolos a todo o mundo, mandando-lhes: “Ide, pois; fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observar tudo quanto vos mandei” (Mt 28, 19s). “Ide por todo o mundo, e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado” (Mc 16, 15s). Daí o dever que cabe à Igreja de propagar a fé e a salvação de Cristo. Isto em virtude do expresso mandato transmitido pelos Apóstolos ao Colégio dos Bispos, assistidos pelos Presbíteros, junto com o Sucessor de Pedro e Sumo Pastor da Igreja; e ainda em virtude da vida que Cristo infunde em Seus membros. “Por Ele o corpo todo pelo serviço de cada membro se organiza e se mantém firme e a cada órgão vem assinada a sua função peculiar; e destarte vai o corpo crescendo até chegar ao desenvolvimento completo pela caridade” (Cf. Ef 4, 16). Obediente ao mandato de Cristo e movida pela graça e caridade do Espírito Santo, a Igreja cumpre sua missão, quando em ato pleno se faz presente a todos os homens ou povos, afim de levá-los à fé, à liberdade e à paz de Cristo, pelo exemplo da vida, pela pregação, pelos sacramentos e demais meios da graça. E assim se lhes abre um caminho desimpedido e seguro à plena participação do mistério de Cristo”.

MISSÃO E ALTERIDADE


SER MISSIONÁRIA!
Ir. Elaine: primeira da esquerda para a direita
Sou Ir. Elaine Regina e, desde o ano de 2001, sai do seio de minha família para vivenciar um carisma missionário na Congregação das Irmãs Missionárias de Ação Paroquial.

Cada batizado é chamado a ser discípulo missionário a partir da sua opção de vida, ou seja, desde a sua vocação, sendo solteiro(a), casado(a), padre, ou ainda, sendo religiosa(o).
A missão tanto pode ser vivenciada dentro da própria casa como “do outro lado do mundo”. O importante é vive-la com alegria, fidelidade, amor e, principalmente respeito ao outro, ou dito de outro modo, vivenciando a alteridade.
Alguns podem estar se perguntando. “Mas o que quer dizer alteridade?”.
Como Missionária me questiono muito até que ponto a vivência Missionária trás vida e dignidade para as pessoas, por isso, ao concluir o Curso de Ciências da Religião nas Faculdades Claretianas de São Paulo escolhi como tema do meu trabalho de conclusão o tema: Missão e Alteridade: à luz do Evangelho de João 4,4-30.
Respondo a esta pergunta recorrendo a um trecho desse meu trabalho.

ALTERIDADE E MISSÃO!
Atualmente a maioria dos estudos referentes à missão assinala que a alteridade, na época presente, norteia, com ênfase, as reflexões missionárias.
O princípio da alteridade, segundo Levinas1, consiste no respeito para com o outro na sua diferença, principalmente reconhecendo sua dignidade e permitindo que seja ele mesmo, sem impor a ele o modo próprio de ser e agir. Este outro, mais que o próximo é o outro marginalizado, aquele que está clamando por dignidade, o pobre, o fraco. E quantos encontramos nesta situação e em outras semelhantes. Na atualidade respeitar as diferenças ou a diversidade sem impor ao outro, a própria crença, doutrina ou cultura, torna-se imperativo na vivência missionária.
Frei Betto afirma ainda que alteridade “é ser capaz de apreender o outro na plenitude da sua dignidade, dos seus direitos e, sobretudo, da sua diferença. Quanto menos alteridade existe nas relações pessoais e sociais, mais conflitos ocorrem. A nossa tendência é colonizar o outro, ou partir do princípio de que eu sei e ensino para ele. Ele não sabe. Eu sei melhor e sei mais do que ele”.
Antes se tinha a ideia de que a finalidade central da missão era a conversão daqueles que não eram cristãos, hoje, mesmo reconhecendo ser um processo lento e não aderido por todos, nasce um novo olhar acerca da missão. Cresce cada vez mais a consciência de que negar ou encobrir a diversidade é negar a própria essência da missão vivida por Jesus Cristo, que acolheu e respeitou a todos sem exceção.
O encontro de Jesus, que era judeu, com a mulher samaritana, representando todo o povo samaritano, descrito no Evangelho de João 4, 4-30, é um importante instrumento para afirmarmos que a vivência da alteridade é essencial na prática missionária nos tempos atuais.
Ir. Elaine a esquerda
Este encontro demonstrou o quanto o respeito e a acolhida para com a outra pessoa são de fundamental importância na convivência, assim como, na vivência missionária. Jesus ultrapassou todas as barreiras e preconceitos existentes em sua época e a samaritana, por sua vez, numa atitude de acolhimento, dialogou sem reservas, compartilhando sua história, seus medos e suas esperanças.
Longe de desconsiderar a importância dos objetivos e uma preparação prévia para a realização da missão, além das atitudes citadas acima, percebemos que os missionários devem partir da realidade de onde se encontram, pois de nada adianta preparações inflexíveis sem o acolhimento e o olhar para a realidade onde irão atuar. Aqui nasce a alteridade, ou seja, nasce o esforço e a capacidade de ir ao mundo do outro, tal como ele é, acolhendo-o e respeitando-o.
Hoje é visível as mudanças sobre o conceito de missão. Antes as palavras que derivavam da missão eram: sacramentalização, ocidentalização, oferecer, dependência, assistencialismo, sacerdotes, heróis e religiosos. Hoje, com o novo olhar sobre a missão, as palavras que ressoam são: evangelização, inculturação, oferecer e receber, diálogo, protagonismo, promoção humana e libertação, batizados, servos encarnados na realidade.
  As atitudes e as afirmações “eu sei tudo e posso transmitir” e “o outro não sabe, portanto deve somente escutar” já estão superadas ou defasadas. Tanto eu quanto o outro somos capazes de oferecer e de receber. Não existe ninguém que saiba o bastante a ponto de afirmar “não preciso receber”, como também não existe ninguém que não tenha algo a oferecer.
Missão e alteridade representam dois conceitos abrangentes que perpassam a história humana no desejo de partilha, acolhimento, diálogo e, sobretudo, respeito ao outro.

VIVÊNCIA MISSIONÁRIA!
Nós religiosas vivemos nossa missão de acordo com o Carisma específico de nossa Congregação e, pertencendo, como dito acima, à Congregação das Irmãs Missionárias de Ação Paroquial, vivo a missão confiada a mim, na dinamização das comunidades paroquiais.
Atualmente estou morando na cidade de Imperatriz no estado do Maranhão e sou uma pessoa realizada diante da minha escolha.
Procuro diariamente viver a alteridade, pois, a todo o momento estou me encontrando com diferentes pessoas, culturas, modos de viver e olhar o mundo. Sendo diferentes realidades de mim sou chamada a respeitar cada diferença.
Digo uma coisa para vocês: para a vivência da alteridade na missão uma das condições fundamentais é a consciência da própria identidade pessoal, religiosa social e cultural, pois, sem essa identidade definida, é impossível a vivência do diálogo, importante pressuposto da alteridade.
Então podemos dizer que o missionário precisa ter sua identidade bem definida e, ao mesmo tempo, ser aberto ao outro diferente dele. É nessa troca de experiências que a partilha acontece.
Padre Giorgio Paleari apresenta o missionário como um mestre que ensina e que, ao mesmo tempo, nunca deixa de aprender do outro. Ele diz: “Ensina-se e se aprende ao mesmo tempo. Aconselha-se e recebem-se conselhos. Ensina-se o que se sabe, mas partilha-se a partir do saber do outro. (...) É o processo de dar e receber, dizer e escutar, ensinar e aprender. Há momentos em que a escuta é mais fundamental e há momentos em que a palavra deve ser dita. Para dizer a palavra certa no momento certo é necessário que seja dita a partir do horizonte do outro, dentro do mundo das significações de sua cosmovisão (...)”.
E falando em partilha, para terminar, partilho com vocês as sábias palavras de D. Helder Câmara:
Missão é... Partir, caminhar, deixar tudo, sair de si, quebrar a crosta
do egoísmo que nos fecha no nosso eu.
É parar de dar voltas ao redor de nós mesmos,
como se fôssemos o centro do mundo e da vida.
É não se deixar bloquear nos problemas do nosso pequeno mundo a que pertencemos: a humanidade é maior.
Sempre partir, mas não para devorar quilômetros.
É sobretudo abrir-se aos outros como irmãos, descobri-los, encontrá-los.
E, para encontrá-los e amá-los é preciso atravessar mares e voar lá nos céus, então missão é partir até os confins do mundo.


Foi uma grande alegria partilhar com vocês um pouquinho sobre este tema tão amplo.
Desejo a todos os(as) missionários(as) daqui de perto e de longe uma MISSÃO repleta das Bênçãos de Deus.
Com carinho, Ir. Elaine Regina Marcelino, map.

1 “Emmanuel Levinas é filósofo lituano, de origem judaica. Nasceu em 1903 e morreu em 1995. Em 1939, naturalizou-se francês e, em 1940, foi preso e levado para a Alemanha. Seus familiares, que ficaram na Lituânia, foram massacrados pelos nazistas” (ARDUINI, 2002, p.106).

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

JUFRA EM MISSÃO (4)

Nossa reflexão de hoje se dirige mais especificamente aos jovens, e principalmente os jufristas. Penso que a JUFRA em seus mais variados níveis de organização e documentos que a regem, se porta muito bem como discipulo, tanto de Cristo quanto do Serafico Pai Francisco.
Mas como vão nossos gestos e trabalhos missionários? Lembro que isso não tem haver necessariamente com nossos trabalhos pastorais ou ministeriais (talvez indiretamete).
Proponho esse questionamento, pois em seu Manifesto, a JUFRA se propõe a ser um presença provocadora, motivadora, tranformadora. Talvez falte apenas algumas orientações de como unir tudo isso ao anseio da Igreja, expresso no texto abaixo, sendo jovens que seguindo a São Francisco, nos façamos tão bons missionarios como temos sido discipulos.
Pensemos nisso!

Wendell Ferreira Blois
subsecretario de formação

MISSÃO: Dever dos adolescentes e jovens

No Concílio Vaticano II, Decreto “Apostolicam Actuositatem”, nº 30 diz: “De modo especial no entanto iniciem-se no apostolado os adolescentes e jovens, imbuindo-se deste espírito apostólico”.
Na Exortação Apostólica do Papa Paulo VI, “Evangelii Nuntiandi”, nº 72 diz: “As circunstâncias de momento convidam-nos a prestar uma atenção muito especial aos jovens. O seu aumento numérico e a sua crescente presença na sociedade e os problemas que os assediam devem despertar em todos o cuidado de lhes apresentar, com zelo e inteligência, o ideal evangélico, a fim de eles o conhecerem e viverem. Mas, por outro lado, é necessário que os jovens, bem formados na fé e na oração, se tornem cada vez mais os apóstolos da juventude. A Igreja põe grandes esperanças na sua generosa contribuição nesse sentido; e nós próprios, em muitas ocasiões, temos manifestado a plena confiança que nutrimos em relação aos mesmos jovens”.
Na mensagem para o IX e X Dia Mundial da Juventude, 21-11-1993, 3, o Papa João Paulo II disse: “Sobretudo vós, jovens sois chamados a tornar-vos missionários da Nova Evangelização, testemunhando cotidianamente a Palavra que salva”. E na Homilia da Missa conclusiva da VIII Jornada Mundial da Juventude, Denver, 15-8-1993, o Papa João Paulo II disse: “E, do mesmo modo, que não tenham medo de evangelizar nas praças e nas ruas como os primeiros Apóstolos, de tornar Cristo conhecido nas modernas metrópoles. Este não é o momento de se envergonharem de testemunhar o Evangelho (Cf. Rm 1, 16) “por cima dos tetos” (Mt 10, 27)”.

Amanhã encerraremos as reflexões com o tema:
"A atividade Missionária é o maior e mais santo dever da Igreja Católica Apostólica Romana "

AINDA SOBRE ... 'MISSÕES'!




Alguém pode se perguntar, a principio, o que essa tirinha tem haver com o tema "Missões"?!
Penso que no contexto em que essa tematica será desenvolvida pela fraternidade de Jufra local (Frei Leão - Franca-SP)  a proposta da tirinha é muito oportuna. Vejamos o porque!

Em julho de 2010, a convite de um frade, o irmão Mateus e eu, participamos de uma experiencia missionária da região de São Roque de Minas (Serra da Canastra-MG), juntamente com um grupo de aproximadamente 30 religiosos, homens e mulheres, das mais variadas ordens e congregações. 
Uma experiência, sem duvida inesquecível, tendo em vista que, quando nos colocamos a disposição dessa experiencia pensavamos o que poderiamos 'ensinar' ou apresentar àquele povo que, durante esse trabalho, se mostrou tão carente de Deus, carente de atenção, de carinho fraterno. 
Por fim aprendemos algo muito interessante e importante: que muitas vezes não é necessário falar ou ensinar nada, pois o simples gesto de ouvir, de dar atenção a quem quer desabafar algo, partilhar suas dificuldades e experiências, já é o suficiente.

Pois bem. Retornando a Franca, tive oportunidade de partilhar um pouco dessa experiencia com frei Carlos,OFM, pároco da igreja São Judas Tadeu. E, contando um pouco sobre as pessoas com as quais convivi, bem como os problemas com os quais me deparei (ex: grande indice de idosos depressivos e o número alarmante de suicidios naquela região), ouvi a seguinte interrogação:
- Você foi tão longe para descobrir isso? 

Não sabia o que falar, pois de fato situações muito semelhantes também se davam na comunidade paroquial na qual a Jufra está presente, mas muitas vezes não nos damos conta delas.
E foi pensando nisso, somando outros fatores, que a fraternidade frei Leão, durante esse mês de janeiro irá desenvolver esse trabalho missionário. Em resposta as palavras de Jesus: "Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura." Mas lembrando, que o mundo começa do nosso lado, sem a necessidade de irmos tão longe!

Paz e bem!

Wendell Ferreira Blois
subsecretario de formação

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

JUFRA EM MISSÃO (3)

Já algum tempo a Igreja promove um debate em torno da importância e da necessaidade da criação de uma consciência missionária, não apenas do clero, mas também de seu rebanho laical. E é nesse sentido que direcionamos a nossa reflexão de hoje.
Creio que ainda faz parte de um pensamento subconciente de nós católicos, que a Igreja como organização de pedra e como organização concreta do plano de Jesus no mundo material, é simplesmente gerida pelo clero e religiosos em geral. O mesmo se aplica à temática MISSÕES!
O texto de hoje nos indica justamente o contrário: o leigo deve se fazer Igreja, de forma a tomar, por vezes, frente em algumas situações, inclusive como missionário.
Boa leitura!

Wendell Ferreira Blois
subsecretario de formação


MISSÃO: Dever dos leigos em geral

Nenhum leigo pode permanecer de braços cruzados dentro da Igreja, todos são chamados a serem missionários, a cooperar na evangelização para o crescimento do Reino de Deus: Cooperam os leigos na obra evangelizadora da Igreja, e ao mesmo tempo como testemunhas e instrumentos vivos participam da sua missão salvífica, principalmente quando chamados por Deus, são escalados para essa obra pelos bispos.
Nas terras já cristãs, os leigos colaborem na evangelização, fomentando em si e nos outros o conhecimento e o amor das missões, despertando as vocações na própria família, nas associações católicas e nas escolas, oferecendo subsídios de todo gênero, a fim de outros obterem o dom da fé, que eles mesmos de graça receberam.
E nas terras de missões, os leigos,ensinem nas escolas, administrem os bens temporais, colaborem na atividade paroquial e diocesana, fundem e promovam várias formas de apostolado leigo, para poderem os fiéis das novéis Igrejas quanto antes assumir a parte própria na vida da Igreja” (Concílio Vaticano II, Decreto “Ad Gentes”, Nº 41).
Na Exortação Apostólica de João Paulo II, “Chistifideles Laici”, nº 35 diz: “A ação dos fiéis leigos, que, aliás, nunca faltou neste campo, aparece hoje cada vez mais necessária e preciosa. Na verdade, a ordem do Senhor “Ide por todo o mundo” continua a encontrar muitos leigos generosos, prontos a deixar o seu ambiente de vida, o seu trabalho, a sua região ou pátria, para ir, ao menos por um certo tempo, para zonas de missão”. E na Encíclica de João Paulo II, “Redemptoris Missio”, nº 71 diz: “Aliás, a participação dos leigos na expansão da fé é clara, desde os primeiros tempos do cristianismo, tanto a nível de indivíduos e familiares, como da comunidade inteira”.

Continuando nossas reflexões...
amanhã com o tema "MISSÃO: Dever dos adolescentes e jovens"

CORAÇÃO MISSIONÁRIO

por Frei Osvaldo Maffei, OFM - exclusivo para o blog "Frei Leão"

O coração missionário não tem nome, não tem local, não tem carro, não tem rumo, apenas possuiu um único morador, Jesus Cristo. Ele é o único habitante deste coração. Ele é o único dono, e é por ele e nele que tudo se torna possível. O coração missionário é aquele que de tanto amor desejou entregar até o próprio coração para que, sendo de Cristo, pudesse fazer aquilo que o Senhor suscitar.
O coração missionário não se apega a pequenas coisas, mas percebe nelas a grandeza do amor de Deus. Este coração que tanto falo é um coração que não tem nome, muito menos pertence a um povo. Este coração só pode ser cristão. Eis que o Senhor nos deixou um legado, o do amor. Santo Agostinho afirma “ama e faze o que queres”. Aquele que ama, ama simplesmente. O amor tudo suporta, tudo vence. É este o conteúdo do coração missionário.
Haveria outra explicação para tal empenho e tamanha dedicação. Tenho encontrado missionários que já estão longe de sua pátria há 10, 20, 40 anos. Tudo porque neles existe um coração missionário.
Em terras Angolanas a vida do missionário é constantemente posto a prova, prova esta que se equipara aquela da transformação e valoração do ouro. O ouro para se tornar belo e radiante passa inúmeras vezes pelo fogo. O coração missionário também passa pelo fogo. Fogo do desconforto, da insegurança, da saudade da família, da falta de energia elétrica, do calor intenso, da burocracia nas documentações. Mas, a tudo isso o coração missionário vence, não porque ele pulsa dentro de um peito forte e sim por ser habitado pelo Espírito do Senhor e seu santo modo de operar.
O coração missionário, e, agora acrescento, franciscano, busca forças nas águas mais entranhadas da fonte límpida que brota da mesa eucarística. Sim, é a oração, a grande força e energia revitalizadora do coração missionário. Sem a oração facilmente se entraria em crise e as dificuldades superariam a fineza da alma atrelada a de Cristo.
Na experiência em que estou a viver de missão em Angola, onde os frades franciscanos há duas décadas estão, pude perceber o cuidado e a dedicação para com a oração. Assim é o coração missionário franciscano, ancora sua embarcação aos pés do altar e dalí não arreda o pé. Este espírito de oração e devoção, o qual o nosso seráfico Pai aspirava que seu frades vivessem, ainda hoje é forma viva no coração missionário.
Certa vez, conta a tradição franciscana, que o Seráfico Pai convidou um dos irmãos a pregar na cidade. Rumaram-se ambos para a estrada que levava ao vilarejo. Dois irmãos com hábito pobre caminhavam lado a lado, sem pressa, porém com passos firmes. Após uma jornada de algumas horas, certamente estavam cansados, pois haviam percorrido toda a cidade. Silenciosamente ambos voltaram para o seio da fraternidade. Assim que chegaram exaustos, o irmão que Frei Francisco havia convidado indagou o móvito de não tinham pregado. O santo homem olhou generosamente para o irmão e com palavras doces e firmes assegurou-o que haviam sim pregado aquela manhã toda, por meio de suas vidas.

Eis o espírito de oração e devoção que nos ensina nosso Seráfico Pai. Não são as palavras e sim os exemplos, não são as grandes oratórias e sim o testemunho. Eis o modo de ser missionário franciscano. O coração missionário franciscano mesmo com a boca fechada anuncia ao mundo a generosidade do coração divino.
Quero aqui relatar um fato que me deixou comovido. Estava a visitar meus confrades em uma das casas da missão quando fui convidado por um irmão a dar uma volta pela região. Ansiosamente aceitei e naquela Toyota velha, penso que seja a mais velha da missão, ainda do tempo da guerra, segurando daqui apoiando de lá, ia atentamente conhecendo a região. Porém, o que me causou admiração não foi o externo do carro 4x4, e sim aquele confrade que por onde passava ia chamando a uns, provocando a outros. Às mamas com feixe de lenha na cabeça e um miúdo amarrado nas costas ele carinhosamente gritava: “Boa tarde mama, como é?” e elas com um sorriso correspondendo ao carinho recebido diziam, “bom dia pai, vou bem, obrigado!”
O reino de Deus é isso, amor cordial, amor de pai, amor de mãe, amor de filhos. Assim é o coração missionário que com generosidade antes mesmo de enxergar os defeitos e espinhos dos outros, percebe a bela rosa que está por florir. O coração missionário não coloca a sua vontade por primeiro e sim aquele do coração de Deus.
Frei Simão Lagiski, que durante 10 anos foi missionário em Angola, mesmo de idade avançada não quis deixar a missão, com força e fé continuou, até o dia em que foi levado as pressas ao Brasil para um tratamento, de onde fez sua passagem para a casa do pai. Como a dele há muitas histórias que poderia ser contadas aqui de missionários que deram a vida por causa do Reino.
Por onde passar irá ver as maravilhas de um povo rico em cultura e diversidade. Por onde seus pés pisar irá conhecer as maravilhas que Deus te revela. Por onde o coração missionário for o Senhor estará com ele e lhe apontará as suas maravilhas.
O coração missionário franciscano por onde passa deixa marcas profundas, marcas estas que transformam as folhas secas, tristes e podres em adubos que enriquecem o solo para receber a semente da missão. Por onde tenho andado em Angola tenho percebido algo de muito especial, o respeito para com o missionário. O missionário vem para ser instrumento de paz. Vem trazendo na bagagem muita boa vontade e força para promover a transformação social. Do mesmo modo, o coração missionário, seja em terras angolanas ou em qualquer parte deste planeta faz a mesma coisa. Leva o amor consigo. Amor este que fortalece e alimenta a locomotiva do Reino de Deus.


Frei Osvaldo Maffei, OFM nasceu em Jaguapitã (PR), é frade menor da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. Licenciado em Filosofia pelo Instituto de Filosofia São Boaventura – FAE Centro Universitário (Curitiba-PR). Atualmente é graduando do curso de Teologia no Instituto Teológico Franciscano (ITF). Pesquisador da área de Pedagogia e Formação Franciscana. Seu site é www.freimaffeiofm.com.br

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

JUFRA EM MISSÃO (2)

Seguindo nossa reflexões em torno da temática "MISSÕES", trazemos hoje uma proposta reflexiva sobre 'A necessidade das missões'. Que esse texto nos inspire a, de alguma forma, encontrarmos em nossa realidade eclesial, paroquial e, principalmente, em nossa fraternidade, uma forma de suprir às necessidades que o nosso chamado nos impõe, enquanto missionários.
Pensemos nessas coisas!
Boa leitura!

Wendell Ferreira Blois
subsecretario de formação

A necessidade das missões

A necessidade das missões é urgente no mundo em que vivemos, porque cada dia que passa a humanidade se distancia de Deus, e o homem se fecha no seu egoísmo, e cada dia aumenta o número daqueles que não conhecem Jesus Cristo: “O número daqueles que ignoram Cristo, e não fazem parte da Igreja, está em contínuo aumento; mais ainda: quase duplicou, desde o final do Concílio. A favor desta imensa humanidade, amada pelo Pai a ponto de lhe enviar o seu Filho, é evidente a urgência da missão” (Cf. Encíclica “Redemptoris Missio”, nº 3, do Papa João Paulo II).
Diante de tão grande necessidade, nenhum católico pode ficar de braços cruzados ou calado. A ignorância à nossa volta é muito grande, como é grande também o erro e incontáveis os que andam perdidos e desorientados por não conhecerem Nosso Senhor Jesus Cristo: “Nenhum crente, nenhuma instituição da Igreja pode esquivar-se deste dever supremo: anunciar Cristo a todos os povos” (Cf. Encíclica “Redemptoris Missio”, nº 3, do Papa João Paulo II).
O Concílio Vaticano II, Decreto “Ad gentes”, nº 7, assim expressa sobre a necessidade das missões: “O motivo dessa atividade missionária está na vontade de Deus, que “quer que todos os homens sejam salvos e venham ao conhecimento da verdade. Porque um é Deus, e também o mediador entre Deus e os homens, o homem Cristo Jesus, que se entregou para redenção de todos (1Tm 2, 4-5)”. "E em nenhum outro há salvação" (At 4, 12). É necessário que pela pregação da Igreja todos O reconheçam e a Ele se convertam e pelo Batismo sejam incorporados n’Ele e na Igreja, seu Corpo. Cristo mesmo por sua vez “inculcando com palavras expressas a necessidades da fé e do batismo”(Mc 16, 16; Jo 3, 5), ao mesmo tempo confirmou a necessidade da Igreja, na qual os homens entram pelo batismo como por uma porta. “Por isso não podem salvar-se aqueles que, sabendo que a Igreja Católica foi fundada por Deus através de Jesus Cristo como instituição necessária, apesar disto não quiserem nela entrar ou nela perseverar” (Cf. Concílio Vaticano II, Constituição Dogmática “Lumem Gentium”, nº 14). Deus pode por caminhos d’Ele conhecidos, levar à fé os homens que sem culpa própria ignoram o Evangelho. Pois sem a fé é impossível agradar-Lhe. Mesmo assim cabe à Igreja o dever e também o direito sagrado de evangelizar. Por isso a atividade missionária hoje como sempre conserva íntegra sua força e necessidade".

Gostou? 
Não perca o texto de amanhã:
"MISSÃO: Dever dos leigos em geral"

TESTEMUNHO MISSIONÁRIO

É com muita alegria que o blog frei Leão apresenta hoje em sua coluna "Testemunho missionário", o exemplo de um frade que, abraçando o hábito e os ideais de São Francisco, faz de sua profissão de vida religiosa franciscana um exemplo de como ser peregrino e forasteiro, a serviço da missão da Igreja e da Ordem.

Frei Ademir Francisco Matilde, mais conhecido como frei Néco, nasceu em 20 de setembro de 1950 em Sertãozinho, interior de São Paulo. Em 1994 foi admitido ao Aspirantado da Custódia do Sagrado Coração de Jesus, em Franca, onde pôde experimentar um pouco mais a fundo a vivência em fraternidade.
No ano seguinte partiu para o Postulantado em Guaratinguetá-SP, juntamente com os postulantes da Provincia Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, bem como em 1996, durante seu Noviciado em Rodeio-SC, recebendo pela primeira vez o habito franciscano.
Nos anos que seguiram, frei Néco, circulou entre as fraternidades da Custódia, estudando e contribuindo com os trabalhos sociais nos quais se identificava, passando por Bebedouro, Petropólis-RJ, Garça, Ribeirão Preto e Franca, tendo professado solenemente nessa mesma cidade em 2001.
Entre dezembro de 2002 e janeiro de 2004, frei Néco estudou em Nápoles, Itália, de modo a aprender o idioma e teve oportunidade de fazer uma experiencia eremitica nos lugares nos quais são Francisco passou e viveu.
Retornando ao Brasil, esteve novamente inserido na fraternidade de Ribeirão Preto, onde se destaca o trabalho em torno na coleta de legumes, verduras e frutas em prol de um sopão distribuido a familias carentes da comunidade.
Em 2005 se dedicou ao trabalhos rurais no Convento Santa Maria dos Anjos em Franca.
Entre junho de 2006 e agosto de 2009 frei Néco esteve em missão na região da Terra
Santa. Seu trabalho consistia na acolhida dos peregrinos e preparação de missas para os grupos dos mais variados lugares do mundo. Viveu em Nazareth e En Karen (o deserto de João Batista), sendo guardião do Santuário de Tabhaga. Ainda nesse interim, foi designinado para voltar a Assis, Italia, e ajudar um confrade formador grupo de postulantes que em breve iriam trabalhar na Terra Santa.
Mais recentemente (2010-2011) retornou a Santa Maria dos Anjos, Franca, dando continuidade aos trabalhos rurais iniciados anteriormente.E em 2012, frei Néco parte Requena, Amazonia peruana, para novamente retomar seu trabalho missionario junto a confrades de outras partes do globo.

SOBRE MISSÃO...


"Quando se vai em uma missão, temos que ir livres de pensamentos, preocupações, etc . . . para poder preencher os pensamentos de Amor Cristão, Franciscano[...] " frei Néco

"Quando chegamos lá (no local onde se realiza a missão), convivemos com o povo do lugar: sejam eles indígenas, ribeirinhos  etc. E Deus nos indica o que devemos fazer e, com certeza, este mesmo povo também nos ensinará a viver entre eles ." frei Néco

"Na Amazônia peruana, nossos desafios são: a luta a favor dos povos indígenas e dos ribeirinhos; convivência fraterna, ser irmão, ser muito paciente, ensinar e aprender [...]  Tudo isto sempre acompanhado de muita oração particular,  comunitária  e dos irmãos e amigos." frei Néco

Que este testemunho tão vivo de um homem que, abraçando o hábito religioso, não fez de sua vida cristã/franciscana algo cômodo, mas sim, um constante movimento em favor de Deus e daqueles que mais precisam D'ele, seja onde for, como missionário, nos motive a descruzarmos nossos braços e sairmos de nosso comodismo habitual. 
Pensemos nisso por hora!

Quer saber mais sobre esse novo desafio de frei Néco?
Clique aqui!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

JUFRA EM MISSÃO

Para a Igreja, o mês de outubro é conhecido tradicionalmente como o mês missionário.
Nós da Jufra frei Leão decidimos adiantar em alguns meses e, de fato, 'arregaçar nossas mangas' em torno dessa proposta abordada em vários documentos da Santa Sé, tirando-a do papel e tão somente do plano das idéias, e colocando- a em prática.
Tendo isso em vista, simultaneamente ao gestos concretos que desenvolveremos nos proximos finais de semana, junto a certa comunidade paroquial, o blog frei Leão disponibilizará alguns trechos de documentos e reflexões em torno da temática "MISSÃO"! Assim, esperamos que esse trabalho frutifique em dons, não tão somente entre os irmãos e a comunidade local, mas queremos partilhá-los com nossos amigos e irmãos leitores.
Além disso, vamos publicar também o testemunho de vida dado por alguns irmãos e irmãs que, se colocando a serviço da Igreja, são bons exemplos de vivência missionária.
Mas afinal "o que são missões?" Esse é o tema da nossa reflexão de hoje!
Boa leitura!

Wendell Ferreira Blois
subsecretário de formação


O que são as Missões?

Vamos em primeiro lugar, conhecer a definição de missões, para aprofundarmos conscientemente neste “maior e o mais santo dever da Igreja” (Cf. Concílio Vaticano II, Decreto “Ad Gentes”, nº 29).
O Concílio Vaticano II, Decreto “Ad Gentes”, nº 6, define as missões da seguinte forma: “Chamam-se comumente “missões” as iniciativas especiais dos arautos do Evangelho que, enviados pela Igreja, vão pelo mundo todo, realizando o múnus de pregar o Evangelho e de fundar a própria Igreja entre os povos ou sociedades que ainda não crêem em Cristo. São realizadas pela atividade missionária e em geral exercidas em certos territórios reconhecidos pela Santa Sé. O fim próprio dessa atividade missionária é a evangelização e a fundação da Igreja nos povos ou sociedades onde ainda não está radicada. Deste modo da semente que é a palavra de Deus, por todo o mundo surgem as Igrejas particulares autóctones, devidamente organizadas, enriquecidas também de forças próprias e de maturidade. E dotadas de suficiente hierarquia própria unida ao povo fiel, e de meios aptos para uma vivência plenamente cristã, as novas Igrejas colaborem para o bem de toda a Igreja. O principal meio dessa fundação é a pregação do Evangelho de Jesus Cristo. Com o fim de anunciá-lo, o Senhor enviou seus discípulos a todo o mundo, para que os homens renascidos pela palavra de Deus fossem agregados à Igreja mediante o batismo. Corpo do Verbo Encarnado, ela se nutre e vive da palavra de Deus e do pão eucarístico”.
Essa definição insiste na pregação da palavra de Deus, como principal meio para fundar a própria Igreja ente os povos ou sociedades, que ainda não crêem em Cristo, obedecendo assim a ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Ide por todo o mundo, proclamar o Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15).

Qual a necessidade real das missões hoje em dia?
Esse é o tema de amanhã. Não perca!

A ESSÊNCIA DA MISSÃO

Por Frei Alexandre Patucci,OFMConv. - exclusivo para o blog Frei Leão           
            Francisco percebeu que a criação de Deus é um ato de ‘missão’ de Deus mesmo porque, ao criar, Deus doa seu ser a todas as coisas para que elas possam existir. Percebeu que toda a realidade está imersa no divino. Por isso não coube mais em si, e saiu para testemunhar esse amor, pois percebia que “o amor não era amado!” Francisco experimentou o amor de Deus, o Deus feito homem até na cruz! Passou a olhar tudo com os olhos desse amor capaz de ser grandioso até nas situações mais difíceis. A Missão, para Francisco, partia dessa experiência de olhar o mundo com esses olhos do amor de Deus, pois Deus está em tudo, e olhar a vida com esse olhar amoroso! Por isso, certa vez, ao chamar frei Leão para pregar, Francisco nada disse,  e os dois simplesmente andaram pela cidade sem nada dizer...
             Ao escrever a regra de vida, Francisco de Assis foi o primeiro a colocar um capitulo especifico sobre a Missão. A ‘Regra não Bulada’ diz: “Mas os frades que vão, podem comportar-se espiritualmente entre eles de dois modos. Um modo é que não façam nem litígios nem contendas, mas estejam submetidos a toda criatura humana por Deus (1Pd 2,13) e confessem que são cristãos” (RnB 16,5-6). Francisco pede para que simplesmente vivam como cristãos, “submetidos a toda criatura por Deus”, ou seja, estando entre todas as criaturas como quem esta com Deus, pois Deus esta em tudo, pois tudo é criatura sua, e assim tudo é irmão e irmã. O testemunho, a própria vida, é, portanto a chave da missão que consiste em experimentar esse amor de Deus comunicá-lo pela vida e então sim comunicá-lo também pelo anuncio daquele que é este Amor, e se encarnou para mostrá-lo com sua vida: Jesus.
Ir pelo mundo e pregar o Evangelho significa estar no mundo vivendo a partir desta boa noticia que é o Evangelho, a saber, a grandeza do Amor Divino que é capaz de dar um sentido pleno à existência humana!  Ir e ensinar, não é somente ir para ensinar uma teoria, uma idéia ou uma doutrina, mas é ir anunciar o Amor, e só pode anunciá-lo que o experimentou de fato, e vive por Esse Amor!. Francisco de Assis assim viveu. E ao experimentar toda realidade como irmão e irmã, por sua vida realizou uma perfeita missão!Ir pelo mundo como franciscanos, atendendo ao chamado do Mestre, é testemunhar o amor divino com a alegria jovial tal qual aquele jovem de Assis. É mais do que anunciar palavras e doutrinas. É levar a experiência de uma vida que foi tocada pelo Amor grandioso de Deus que nos faz capaz de experimentar toda realidade a nossa volta como uma grande fraternidade. 
Como é próprio do amor não fechar-se em si, pois o amor por natureza é entrega, doação, partilha, fraternidade; quem faz a experiência desse Amor divino, não se cabe em si de alegria diante de tal grandiosidade! É então chamado à ir pelo mundo ser sinal deste amor! Mais do que um convite que Jesus nos faz por sua Palavra, é o convite de sua Palavra que deve ecoar em nossos corações a partir da experiência deste Amor que veio ao nosso encontro! 
Num mundo marcado por contradições, injustiças, falta de sentido, depressão, drogas, etc. Missão é ir comunicar e testemunhar um amor que é capaz de nos libertar para uma vida mergulhada no Amor de Deus capaz de nos impulsionar na construção de um mundo melhor, para uma vida plena de sentido, mesmo diante das dificuldades e contradições deste mundo, pois Jesus mesmo vivenciou nossa vida até a morte, e depois de sua vitória enviou seu Apóstolos: “Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura. Ide e ensinai todas as nações" (Mc 16,15 / Mt 28,19)

Frei Alexandre Patucci, foi admitido à Ordem em Janeiro de 2004 em Cascavel-PR, onde fiz o aspirantado;
Em 2005 ingressou no postulantado em Curitiba onde fiz Filosofia até 2007;
Em 2008 fez o Noviciado em Caçapava-SP;
Desde 2009 vive em Santo André onde realiza os estudos de Teologia;
É o atual assistente espiritual do regional da JUFRA de São Paulo.