sábado, 21 de janeiro de 2012

MENSAGEM DO EVANGELHO DOMINICAL


 por Frei Gilmar Vasques Carreira, Ofm
 3º Domingo do Tempo Comum
Evangelho de São Marcos 1,14-20

Jesus inicia sua vida pública; aquele que foi anunciado por João Batista começa a promoção da Boa Notícia fazendo um convite à conversão e a adesão ao Evangelho (Mc 1, 11-15). A conversão envolve uma mudança radical até no próprio modo de pensar, mas além de tudo é preciso crer.
Partindo deste entusiasmo, Jesus passando à beira do mar da Galileia fez um convite vocacional aos seus primeiros apóstolos. Vejamos: Galileia é terra de pessoas simples e muitas vezes desprezadas, mas é aqui que Jesus começa sua Pastoral Vocacional para ensinar que é na pequenez e na simplicidade do dia a dia que ouvimos seu chamado. Ele chamou duas duplas de irmãos: Simão e André (vv 16-17) e Tiago e João (vv 19-20). Eram pescadores, homens simples que estavam trabalhando, não eram desocupados, mas com precisão não desprezaram ao convite do mestre: “Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens” (v 17).
Sabemos que com o batismo e nossa profissão de fé, também somos chamados para lançar nossa rede para “pescar homens”. Somos apostólos e nossa rede é a Palavra de Deus e onosso testemunho evangélico; e o mar é o mundo muitas vezes marcado pelas injustiças. Quantos de nossos irmãos vivem na profundidade da dor, da solidão e da miséria provocados por tantos males presentes no mundo contemporâneo; quantos de nossos irmãos estão no fundo do abismo aguardando o lançamento de nossa rede. Por isso à partir do apelo de Jesus à conversão e à vivência da fé, precisamos jogar nossa rede de amor, paz e justiça e arrancarmos nossos irmãos do fundo do abismo. Esta é a nossa missão apostólica, é este o nosso compromisso. Que sejamos todos “pescadores de homens”. 


Frei Gilmar Vasques Carreira, Ofm, é frade franciscano ligado à Custódia do Sagrado Coração de Jesus e vigário da paróquia São Judas Tadeu de Franca-SP. 

TRIBUTO A FREI LEÃO (2)

Frei Leão, esse desconhecido!

Como disse anteriormente, não pretendo utilizar dos recursos que os historiadores dispõem para o desenvolvimento desse trabalho. Mas há um ensinamento de teoria da historia plausível e muito útil na descrição desse projeto. Dizem que a historia é como uma jarro de barro que, lançado para o alto, se estilhaça no contato com o solo. O historiador é aquele que procura os 'caquinhos' e tenta montá-los novamente com alguma perfeição. O grande problema é que alguns pedaços caem muito longe dos outros, o que dificulta o trabalho mais zeloso. Assim também é esse empreendimento.
Isolando a carta em que Francisco se comunica com Frei Leão, bem como a benção que o santo escreve em forma de bilhete a seu companheiro, as primeiras seiscentas paginas das fontes franciscanas¹ não citam diretamente o personagem destas linhas.
Talvez isso se deva as prioridades biográficas, privilégios ou posição hierárquica de seus autores, mas me parece demasiadamente estranho que Tomas de Celano e São Boaventura de Bagnoregio, em oposição aos demais textos que constam nas fontes, não indiquem objetivamente a presença de Frei Leão em seus escritos sobre São Francisco.
Já na primeira biografia escrita por Frei Tomas de Celano, a Vita Prima, encomendada pelo papa Gregório IX para divulgação do iminente exemplo do Seráfico Pai, Frei Leão parece ser esquecido. Mas o maior entrave se dá em torno de outro escrito, Vita Secunda, que sendo encomendado pelo capitulo geral de 1244, na pessoa do ministro-geral Crescenzo de Iesi, teve como fontes os escritos dos frades que conviveram e testemunharam fatos da vida de Francisco, em obediência à demanda capitular.
Dentre os testemunhos enviados, destaca-se o texto original da 'Legenda dos três companheiros', escrita pelos freis Ângelo, Rufino e Leão e, por mais incrível que pareça, nenhum desses frades é citado na biografia escrita por Celano.
Boaventura ascende a ministro-geral e, em oposição aos esforços de Frei Crescenzo e Celano², suspende os relatos biográficos já escritos, bem como os testemunhos enviados para a composição dos mesmos, em prol do estudo de uma nova legenda, escrita pelo próprio Boaventura, que engrandecesse e exaltasse Francisco de Assis.
O fato de não citar Frei Leão parece ser muito claro já que, como veremos mais adiante, os seguidores do nosso personagem se opunham ideologicamente à corrente 'boaventuriana' que privilegiava o letrados, doutores e sacerdotes. Não é de se surpreender o fato de que as legendas de Boaventura dão destaque a frades como Bernardo (ex-cavaleiro e primeiro companheiro de Francisco), Egídio (frade importante na difusão da Ordem na região da Terra Santa), Silvestre (sacerdote) e Antônio (teólogo e grande inspirador dessa corrente).
Passaremos, portanto, para a segunda parte das biografias e relatos que compõem as fontes franciscanas, voltando posteriormente aos escritos de próprio punho de Francisco e que nos indicam algumas luzes para o estudo da vida de Frei Leão.
Mas essas são questões para outras linhas.

Wendell Ferreira Blois
subsecretario de formação
________________________________
¹Fontes franciscanas/ [coordenação geral: Dorvalino Francisco Fassini; edição: João Mamede Filho]. Santo André; Mensageiro de Santo Antônio, 2004.
² É valido lembrar que nesse ínterim entre o governo de Frei Crescenzo e Boaventura, esteve à frente da Ordem Frei João de Parma, que de alguma forma, buscava dar continuidade à proposta capitular de 1244.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

TRIBUTO A FREI LEÃO

Frei Leão, esse desconhecido!

Pouco se sabe a respeito de Frei Leão, bem como de outros tantos companheiros de 'primeira hora' de São Francisco de Assis. A dificuldade em se estudar as fontes que de fato tenham algum lastro verídico, atrapalha ainda mais o conhecimento em torno desses frades.
Penso que se São Francisco se inspirava plenamente na vida de Jesus, e os discípulos deste ultimo se encarregaram de perpetuar por escrito seus ensinamentos (os evangelhos), os seguidores do assissiense, por sua vez, não tiveram o mesmo zelo. E os que assim fizeram, em sua maioria, viram suas obras serem destruídas por ordem de São Boaventura, então ministro-geral da Ordem¹, que assim o fez de modo a unificar todo o conhecimento biográfico em torno de Francisco a duas legendas de sua própria autoria.
As biografias, floreios ou legendas que escaparam das chamas desse período, foram devidamente escondidas em determinados conventos. Mas com a ação do tempo, muito desse material se perdeu ou foi mutilado. Além disso, a autoria desses 'códices' são em sua maioria desconhecidas, sendo possível apenas levantar algumas hipóteses.
Eis algumas das dificuldades, caro leitor, ao empreender uma labuta em prol de conhecer ainda mais sobre o frade que dá nome à minha fraternidade e a esse blog: Frei Leão.
Tal empreendimento começou quando o irmão Mateus, em fins de novembro passado, me sugeriu escrever algumas linhas a respeito desse companheiro de São Francisco, que é nosso patrono, porém tão desconhecido. Desde então comecei a pensar em como poderia desenvolver esse trabalho. Logo notei que não haveria outra forma além de me debruçar sobre o calhamaço das fontes franciscanas², e procurar página por pagina as passagens que de alguma forma citassem Frei Leão³. E assim eu fiz!
Tendo já o objetivo claro e os documentos separados, pensei em um método a ser utilizado nesse trabalho. Não pretendo utilizar de um método cientifico, próprio do oficio do qual sou apenas um noviço - o de historiador - mas como franciscano que sou, utilizarei de recursos próprios da narrativa e dos textos que escrevi para este blog até então.
Portanto, não conto com uma bibliografia complexa, mas tão somente com as fontes franciscanas, suas indicações, notas e introduções (o que não é pouco), e da minha própria formação, ideais e convicções. Com isso, levantei algumas hipóteses que, devido à simplicidade desse empreendimento, talvez transpareça algo de errôneo aos mais assíduos estudiosos franciscanos.
Tendo surgido como proposta para um único texto, o estudo em torno de Frei Leão se tornou um pouco mais extenso que o esperado. Com isso, irá compor uma série especial publicada para as festividades do aniversário de 12 anos da fraternidade JUFRA Frei Leão de Franca-SP.

Mas essa é apenas uma introdução. Amanhã tem mais!

Wendell Ferreira Blois
subsecretario de formação
_______________________________
¹ O período do governo de São Boaventura como ministro-geral vai de 1257 a 1274.
² Fontes franciscanas/ [coordenação geral: Dorvalino Francisco Fassini; edição: João Mamede Filho]. Santo André; Mensageiro de Santo Antônio, 2004.
³ Serviram como fontes dessa pesquisa as primeiras 1051 paginas da edição acima citada das fontes franciscanas, todas devidamente vasculhadas, uma por uma.

Arte e reflexão 4 (3ª TEMPORADA)


“Mas o Senhor disse: Não se impressione com a aparência nem com a altura deste homem. Eu o rejeitei porque não julgo como as pessoas julgam. Elas olham para a aparência, mas eu vejo o coração.” 1Samuel 16,7

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O Apóstolo Paulo

"Ai de mim, se eu não anunciar o evangelho!" (ICor 9,16)



De grande perseguidor dos cristãos, Paulo se torna o maior difusor do evangelho no primeiro século da era cristã. No episódio da viagem a Damasco, ele se depara com o Cristo ressuscitado, e fica cego. Não era simplesmente uma cegueira fisíca, sua alma estava na escuridão e completamente fechada ao que acabara de ver e ouvir. Era preciso ser purificado, e quando é batizado pelo profeta em Damasco, recobra visão.
Paulo não experimentou um processo longo e demorado de conversão, ele viveu um grande momento em sua vida que foi suficiente para mudar sua posição. Não mudou tão rápido porque era fraco, mudou porque aquela mensagem foi clara demais sobre qual era o verdadeiro salvador.
Tomando o caminho certo, Paulo se torna grande anunciador do evangelho, e é responsável por levar o cristianismo para fora da Palestina. O cristianismo em Paulo ganha proporções estrondosas. Vejo que a mesma força que tinha na perseguição implacável aos cristãos, agora é colocada completamente a serviço da difusão do evangelho. Paulo pregou, operou milagres, sofreu perseguição, em algumas vezes dos próprios cristãos, mas perseverou até o fim.
A importância de Paulo no início da Igreja está no grande anuncio do evangelho, mas também na nova organização que vai dando aos cristãos. A circuncisão era um grande dilema da época, e segundo a carta aos Gálatas, levou até a uma certa discussão entre Pedro e Paulo, mas Paulo afirma que esse já não era um ritual necessário. A circuncisão para o judeu, era como o batismo para os cristãos, o meio pelo qual se era introduzido a fé. E os judeus que aderiam ao cristianismo julgavam necessário que os pagãos convertidos deveriam se circuncidar. Paulo responde a questão com maestria, pois a salvação mediante o seguimento da lei era um costume judeu farisaico, e de fato a salvação estava e está, simples e somente na fé em Jesus Cristo.
Paulo responde a questões que até mesmo os discípulos que tinham convivido com Jesus tinham certa dificuldade em responder.

Nas várias cartas que escreveu, algumas ainda que contestadas por historiadores como sendo de sua autoria, trazem grandes ensinamentos para a fé cristã. São cartas que amenizam conflitos e dão luz a várias questões sociais e políticas como para a comunidade de Corinto; que derrubam diferenças como na carta aos Romanos; quem afirmam a realeza e soberania de Jesus como na carta aos Colossenses e que promovem perdão e liberdade, como na pequena carta a Filêmon. As cartas em si não trazem tantas mensagens que se tenha ouvido dos evangelhos, mas apontam como vivê-lo em plenitude, dão pistas de seguimento fiel ao Cristo, iluminam o caminho para se chegar ao evangelho.
Paulo na primeira carta a comunidade de Corinto compõe um belíssimo texto no capitulo 13, exaltando e enaltecendo o amor, ao mesmo tempo que ensina como amar. Amor que é a base do cristianismo que pregou. Amor que pura e simplesmente constrói comunidade de vida e partilha e leva a salvação.
Não vou transcrever aqui o texto todo, deixo um convite a você leitor que pegue sua Bíblia e leia, saboreie e aproveite dessa belíssima mensagem, que virou tema de músicas e poesias.
Vou me ater somente ao último versículo: "Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade - as três. Porém, a maior delas é a caridade."

Aqui se compõem as virtudes teologais, que vindas de Deus guiam os homens para retornarem a Ele. Mas este é um assunto para os próximos textos.
Como convite, gostaria que cada um de vocês lessem ao menos uma carta de Paulo, um tesouro imenso para toda a Igreja, e na próxima quinta feira continuaremos nossa reflexão. Até lá!

Paz e Bem

Mateus Agostini Garcia
Secretário Fraterno Local

Arte e reflexão 3 (3ª TEMPORADA)

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"Deus não é um ser indiferente ou longínquo, pois não estamos abandonados a nós mesmos. Deus é amor!" João Paulo II

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

JUFRA ENTREVISTA

Geralmente, como cabeçalho das entrevistas, dizemos com sinceridade sobre nossa alegria e satisfação em publicar esta coluna tendo a oportunidade de conhecer um pouco melhor irmãos e irmãs tão especiais para todos nós.
Hoje ainda é mais especial!
Pois entrevistamos um frade que, com seus textos e opiniões sempre muito claras, inspira o trabalho deste blog.
Entrevistamos Frei Almir Ribeiro Guimarães, Ofm.
Tenha certeza que não foi fácil, pois começamos essa entrevista em meados de novembro, e respondida ao longo dos meses seguintes, pergunta por pergunta.
Dispensaremos apresentações. Para os que ainda não o conhecem, segue o link de sua biografia (http://www.franciscanos.org.br/v3/almir/biografia/index.php).
Boa leitura!


Blog Frei Leão - O leitor mais atento de seus artigos e reflexões pode notar algumas caracteristicas pontuais e que se repetem em sua maioria, com por exemplo. o fato de que o desenvolvimento da ideia central se dá através de grandes paragrafos, interligados entre si, mas que ao mesmo tempo apontam uma subideia por si só, todos organizados numericamente e dando ao fim, uma conclusão que liga todos os pontos anteriormente levantados. O que o motiva a escrever?

Frei Almir - Sou um frade menor há mais de 50 anos.
Não fui um estudante brilhante de filosofia e teologia.
Bem cedo, aos 30 anos, já me ocupava da Folhinha do Sagrado Coração de Jesus e de livros pequenos para as Vozes (editora).
Fui forçado a escrever.
Por vezes sofro quando não posso escrever.
Minha preocupação é a de comunicar-me, de empurrar à porta do coração e da intimidade das pessoas.
Quem sabe escrevo porque sou carente...
Escrevo sobre a vida... aprendi a olhar a família... tenho uma paixão por tudo aquilo que está ligado à figura de Francisco e Clara. Quero que todos saibam que eles são atuais... quero que todos os que fazem a profissão não esqueçam de “incorporar” Francisco e Clara.
Escrevo porque gosto de escrever.
Gosto de escrever e de falar o que escrevo.
Um dos bons momentos de minha vida é quando gravo as crônicas para a Rádio Jovem Pan em torno do tema da família.
No site da Província escrevo com particular paixão as reflexões do Sabor da Palavra e os temas do Tirando do Baú...
De formação sou um catequista.

Blog Frei Leão - Quais são suas influências intelectuais?

Frei Almir - Sou influenciado pelos franceses... estudei na França....Li muita coisa deles... No campo franciscano: Eloi Leclerc, Michel Hubaut...Gosto do modo como os franceses abordam a fé....me sinto à vontade com eles...Gosto de ler as cartas pastorais dos franceses e italianos... Tive um certo contato com os dominicanos franceses... Um frade menor francês Theophile Desbonets me impressionou. Não sou um intelectual. Procure dizer as coisas da vida e da fé em prosa poética. Repito: escrever para mim é uma necessidade...quase uma dependência para sobreviver. Hoje estou muito afeiçoado a um padre suíço que já morreu: Maurice Zundel.

Blog Frei Leão - Quais 'métodos' você utiliza? 

Frei Almir - Gosto de partir de uma experiência humana que se vive: amizade, perplexidade, fugacidade, fraternidade.
Procuro, muitas vezes um pensamento chave para começar e para terminar.
Faço um esquema....em geral nas viagens de ônibus... rabisco o artigo em tópicos. Depois leio e releio. Procuro textos que possam corroborar com o que estou escrevendo... E, devido aos prazos que me dou, a coisa precisa sair, e sai....
Não costumo reler o que escrevo, sobretudo quando de sua publicação...Acho tudo tão estranho e incompleto!!!
Aprendo a escrever... escrevendo e pensando... por vezes escrevo mais do que penso.
Gosto de numerar os parágrafos.
Muitos de meus textos são usados em reuniões da OFS. Quando os parágrafos são numerados podem ser localizados e encontrados.
Procuro não escrever textos longos. Por vezes, porque não sei direito onde quero chegar, escrevo demais.
Procuro sempre iluminar meus textos com o pensamento franciscano.

Blog Frei Leão - Como se dá a 'confecção' desses textos?

Frei Almir - Há certas páginas que tem um certo esquema padrão.... em outras sou mais livre... Há dias em que escrevo, releio e pronto... Outros dias não gosto... deleto... recomeço... quase sempre o melhor texto foi o primeiro de todos. Há rabisco... há o fazer o texto... os melhores faço entre 5:30 e 7:00 hrs da manhã. Sou matinal!

Blog Frei Leão - Por que ser um franciscano secular hoje?

Frei Almir - Ser franciscano é uma questão de vocação, de um chamamento. Ser franciscano (secular ou não) é desejar seguir o carisma de Francisco de Assis.
Na realidade não seguimos o carisma de Francisco que foi especificamente dele. Em outras palavras, trata-se de colocar os passos nos passos de Cristo vivo e ressuscitado como caminho, verdade, vida, pastor, porta, água e tudo à maneira de Francisco, contemplando o Deus pobre, menor, andarilho missionário, dizendo pela vida e pelas palavras que o amor precisa ser amado. Os franciscanos são discípulos de um homem ardoroso, que tinha um fogo, um ardor, era seráfico. Os franciscanos gostam de estar com os homens, mas sentem saudades das grutas, do silêncio, no aconchego da contemplação e, ao mesmo tempo, não estão felizes se não podem lavar os pés dos homens... se não podem servir... Alguém pode querer ser franciscano secular para ser um ardoroso missionário de Cristo à maneira de Francisco no mundo, na sociedade, no trabalho e na família. Esses cristãos chamados franciscanos reconstroem a Igreja através de uma vida evangélica, simples, generosa, exalando o perfume do evangelho. Imagino a beleza da vida de um jovem que desde cedo vai formando sua personalidade espiritual interior a partir de Francisco! O mundo precisa de homens e mulheres que refaçam em sua vida o carisma de Francisco e dos franciscanos. Não se entra para a OFS ou JUFRA como se entra num grupo qualquer... A Fraternidade é um seio onde se gera o franciscano. Insisto: o franciscano secular não é alguém religioso à maneira dos frades ou das clarissas, mas vive no mundo, no século, no trabalho. Impregna o mundo com o vigor franciscano. Ser franciscano secular é seguir Cristo no meio do mundo à maneira de Francisco.

Blog Frei Leão - Temas relacionados à 'família' e à convivência familiar são muito recorrentes em sua publicações da revista eletrônica da Provincia, mas particularmente em sua 'coluna' "Tirando do baú...coisas novas e velhas".Por que a família é tão importante?

Frei Almir - Ninguém vem ao mundo sozinho. Um homem e uma mulher se amam, se escolhem, se casam, se entregam para sempre num jogo de amor verdadeiro. Eles se unem na força do amor e, os cristãos se dão o sacramento do matrimônio. Desse amor humano forte e elevado à condição de sinal do Reino nascem os filhos. A família passa a ser uma comunidade de vida e de amor, espaço de encontro, lugar de acolhida. Marido, mulher e filhos, e tios e avós vivem as tradições de seus antepassados e crescem juntos diante de Deus e dos homens. Rezam juntos, comem juntos, riem juntos...Não se pode crescer cristã e humanamente sem família. Ali as pessoas aprendem a viver os valores: ajuda mútua, amor pelos idosos e pelos doentes, dedicação sem desejo de retribuição. A família é escola de solidariedade. As pessoas estão se casando de qualquer jeito e vivem quase o inferno em suas famílias... se odeiam, se digladiam...os amantes matam as amadas... crianças são sufocadas... e meninos de 15 anos ajudam a estourar caixas eletrônicos... tudo isso porque não tiveram família. Sonho com o dia em que muitas famílias e famílias jovens façam parte das fileiras do Ordem Franciscana Secular.

Blog Frei Leão - Em 2011 se realizou pela primeira em solo sul-americano o Capitulo Internacional da OFS, reunindo a presidência do CIOFS, capitulares de todo o mundo e membros da fraternidade nacional. O que você destaca nesse encontro? Quais definições deste capitulo você considera mais importantes para a fraternidade nacional? Quais sentimentos e emoções você guardará em sua memoria? Qual momento do capitulo você destaca em suas recordações?

Frei Almir - O clima de um capítulo internacional é sempre muito especial. Sentimos a importância e o peso da Ordem e seu caráter universal. A Ordem está se tornando muito presente na Ásia e na Oceania, bem como na Europa Central. Parece ter menos expressão na Europa ocidental. Na América latina já teve maior expressão.

O tema do capítulo foi “Evangelizados para evangelizar”.
Houve colocações interessantes e testemunhos bonitos. O tema, no entanto, poderia ter sido melhor explorado... Poderia ficar mais claro tanto o 'evangelizar-se' como o 'evangelizar'.
Foi dada uma ênfase ao tema da família. Deseja-se que muitas famílias possam beneficiar-se da riqueza da Ordem...e parece importante que os irmãos e irmãs de nossas fraternidades trabalhem em cursos de noivos, acompanhem casais e façam de tal forma que a família ganhe um pouco as cores franciscanas.

Há um empenho de levar o franciscanismo dos seculares à África e China. Houve testemunhos bonitos.
Houve tempo considerável consagrado à JUFRA. Tem-se a impressão que em alguns lugares há um belíssimo modo de viver entre OFS e JUFRA. Trabalham juntos. Fazem juntos parte da reunião geral.

Os brasileiros souberam acolher esses irmãos. Todos certamente ficarão com saudade do Capítulo de São Paulo.
Insistiu-se muito numa maior comunicação entre as Fraternidades nos diferentes níveis.
Teria eu esperado uma análise mais detalhada a respeito da OFS na conjuntura eclesial e social de nosso tempo. Há dois temas que me parecem fundamentais: a formação de um laicato maduro e a questão da expressão que tem a OFS hoje na sociedade e na Igreja.

Blog Frei Leão - Francisco continua encantando os jovens. Quais seriam algumas características a respeito do tema da juventude e franciscanismo que você poderia destacar?

Frei Almir - Todos nós, franciscanos, esperamos que possam existir sólidas e vigorosas fraternidades de jovens. Penso de modo particular na JUFRA. Tenho sempre esperança que em cada local onde existe uma fraternidade da Ordem I (OFM) e da Ordem III (OFS) haja também um grupo de jovens se adentrando no jeito franciscano de ser e de viver.
Para tanto me parece fundamental a reunião, de preferência quinzenal, como sinal do carinho e do amor entre os irmãos. Um momento de oração denso, com salmos, silêncio, entrega da vida...Penso em momentos de escuta da Palavra. Que um membro da fraternidade, ou o assistente, faça uma exortação espiritual séria e sólida. Que se tenha um momento formativo sério: sobre seguimento de Cristo, ser Igreja hoje, temas de vocação, do ser homem, ser mulher, do sentido do amor humano em todas as suas dimensões, temas de oração... etc... tudo doutrinariamente correto e profundamente centrado na vida.
Os jovens precisam gostar de ler, de estudar, de serem bons nos estudos e na profissão. Ler também textos franciscanos. Imagino que os jovens possam ir se formando humana, cristã e franciscanamente. De tal sorte que sejam leigos e leigas peritos e sólidos. Não precisamos de grupos de jovens que gritam e tem chiliques
Parece importante fazer uma profunda experiência do irmão, do irmão leproso, no tempo das juventude.
Os jovens são alegres... capricham no canto...na letra e na música... passeiam e cantam... cativam pelo canto de boa qualidade...
Que os jovens tenham momentos muito fortes nas festas franciscanas.
Espero que na fraternidades de jovens eles se preparem para o casamento, para a fraternidade no mundo, para serem leigos lúcidos no mundo....
Deve-se encontrar um jeito de fazer com que os jovens sejam profundos e não se contentem com uma vida cristã medíocre.

Arte e reflexão 2 (3ª TEMPORADA)

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"É triste pensar que a natureza fala e que o gênero humano não a ouve". Victor Hugo

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

DIÁRIO DE UM MISSIONÁRIO II

No vídeo abaixo, registramos a partilha da primeira experiência missionária (07/01) da fraternidade JUFRA Frei Leão, pelo relato dos irmãos Mateus e Felippe.
Esse é mais um Diário de um missionário!

Arte e reflexão (3ª TEMPORADA)

Nesta 3ª temporada da coluna "Artee reflexão", trazemos o trabalho do desenhista Alceu Resende e seu personagem "Cisco do Amor". Abaixo destacamos a descrição desse personagem tão meigo.

'Um garotinho pequeno, como um cisco, em estatura e humildade. Ele usa uma roupinha parecida com um hábito religioso e assume verdadeiramente os ensinamentos do Senhor Jesus. Ele gosta muito de São Francisco de Assis, tanto que sua brincadeira favorita é a de ser um frade. Vive lindas aventuras com sua turminha, cheias de ensinamentos como: amor, fraternidade, perdão, amizade e cuidados com a natureza. Uma das coisas que Cisco mais gosta de fazer é ajudar os pobres e desamparados, neles encontra a imagem de Jesus Cristo que sofre'.


"Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes". Mt 25,40

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

DESTAQUE DA SEMANA

E o que a maioria das pessoas discutem nos últimos dias, é sobre o programa global BBB (Big Brother Brasil). Confesso que particularmente não é um programa de que agrade, mas conheço várias pessoas que assistem e gostam muito do que veem. Não pretendo que ninguém que venha a ler estas linhas, deixe de assistir o programa ou que finja não assistir. Ninguém aqui precisa fingir ser algo que não é, se você assiste tudo bem, mas se você não assiste tudo bem também. Mas vamos ao que de fato importa neste momento.

Todos os lugares por onde passamos nos últimos dias, um dos comentários que não pode faltar trata sobre o programa citado acima, que não me atenho a falar sobre, mas o que mais me intriga nessa confusão toda é que, até aqueles que afirmam não gostar, se entranham com unhas e dentes nas discussões. É muita gente indignada com a luxúria das festas, a libertinagem das pessoas, a exploração da imagem dos participantes, outros falando sobre tudo ser um jogo, outros dizem que 'de carta marcada', mas enfim todos falam sobre a mesma coisa.
Quem assiste e gosta deve ter seus motivos para gostar. Mas o que não entendo é como aqueles que não assistem gostam de criticar e gritar contra o programa, com algo muito interessante, porque muitos dos que criticam por não gostar, sabem de tudo que acontece no mesmo. Ou estes assistem, ou então ficam lendo sobre.

Em vários outros momentos importantes, onde essas discussões caberiam nós simplesmente não vemos tanto empenho. Nós estamos em ano de eleições municipais, onde escolheremos nossos prefeitos e vereadores. É em torno disso que gostaria de ver nossas discussões girarem, em torno do que realmente nossa cidade precisa, em torno das necessidades dos pobres. Mas aqui é um assunto, onde aqueles que não gostam, não comentam, não assistem nada e nem leem sobre o assunto. Aqueles que se alienam da política, o fazem de fato, de corpo e alma.

As discussões sobre o referido programa, estudam a personalidade de cada participante, enquanto nossas eleições ganha aquele que conta a melhor piada.

O destaque desta semana vai para as nossas discussões e o rumo que damos a elas. Hoje alguns programas nos prendem a atenção, daqui a alguns dias começam as palhaçadas dos nomes estranhos e poucas ideias de nossos queridos políticos, (que tratam política como brincadeira), e o que mais causa indignação é que a discussão com certeza vai ser qual o nome mais estranho. A conclusão disso tudo será que depois de tudo isso, nós continuaremos a ligar a televisão e veremos lá os governantes que elegemos, só que dessa vez os palhaços estarão como telespectadores. Somos desafiados a estar ligados nos programas que nos agradam, mas acima de tudo estar ligado ao futuro de nossas cidades, na luta pelos mais pobres. Que nossas discussões nos façam crescer no sentido de pertença ao povo que luta e clama por justiça.

A política precisa ser o Grande Irmão do Brasil, noticiado, visto e comentado.


Mateus Agostini Garcia
Secretário Fraterno Local