quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

PROFISSÃO: DOM E GRAÇA DO ESPÍRITO

Quando fui convidada para uma reunião da OFS eu realmente não tinha a menor ideia do que se tratava. Mas, após o primeiro contato com esta fraternidade eu percebi que era isso que eu realmente buscava. Tive a graça de ter uma formadora muito especial, pois ela conseguiu passar de uma forma tão simples e tão verdadeira o carisma e a espiritualidade de São Francisco. Me apaixonei! Meu tempo de formação foi de 2007 a Setembro de 2010. E foi um período essencial na minha vida, e consequentemente para o meu sim para a profissão. Confesso que quando me falaram da tal "profissão", meu Deus! O que é que eu tenho que prometer? O que vai acontecer agora? Posso passar mais tempo na formação? É normal passarmos por este período de incertezas e dúvidas, muitas dúvidas. Será que eu estou pronta para professar uma Regra e assumir tal responsabilidade? Sim, eu estava pronta e não sabia. Pois, desde que entrei na OFS comecei a rever todos os meus valores e vi que a sementinha que já estava plantada precisava de adubo e água para florescer. Água pura, limpa, direto da fonte que chega até refrescar a alma. Ás vésperas da minha profissão rezei muito pedindo a Deus que me iluminasse nessa nova fase de minha vida, afinal, era essa a minha busca e era o que queria e desejava do fundo do meu coração, viver a cada dia o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo seguindo os passos do Seráfico Pai Francisco, na secularidade da família, trabalho e no dia a dia.
Acredito que a profissão é um dom do Pai e, agradecida pelo dom, peço ao Espírito Santo que leve ao fim a obra começada por Ele.


Maria José Pereira
Irmã Fraterna
Fraternidade OFS Fonte Colombo

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Ana Nicácio - a fundadora da OFS em Franca

Veio ela de uma grande família mineira que se fixou em Franca e aqui lutou pelo progresso e pelo amor às tradições. Seu pai se chamava José Nicácio da Silva, era pirotécnico dos mais hábeis. Morava nos arredores da Estalagem, hoje Rua Evangelista de Lima. Seus irmãos: o Major Antônio Nicácio da Silva Sobrinho, foi vereador e presidente da Câmara local, pioneiro na canalização do serviço de água em Franca, o Dr. Manuel Nicácio, o primeiro francano formado em medicina na faculdade de medicina do Estado de São Paulo e de tantos outros Nicácios valorosos que honram e dignificam sua terra natal. Em 1912, a senhora Ana Nicácio, terceira franciscana, já trabalhava em benefício da pobreza desvalida de Franca, recebendo em sua própria casa, pessoas de idade avançada e desamparadas. Foi braço direito de seu pai como pirotécnico e quando lhe sobrava tempo ia ensinar à geração que surgia o saber ler, escrever e contar: Foi dedicada mestra. A filhada do Monsenhor Cândido Martins da Silveira Rosa, dedicou-se de corpo e alma a proteção dos desvalidos, através da religião. Fez parte de várias irmandades e confrarias religiosas inclusive foi uma das fundadoras da OFS (Ordem Franciscana Secular) e foi ministra da Ordem por vários anos. Foi sempre uma auxiliar de valor do Senhor Vigário, em todos os movimentos paroquiais, festas, crismas, procissões e outros atos religiosos de Franca. Sinhana Nicácio como era conhecida sabia se desdobrar, multiplicava-se para atender com vontade, solicitude e carinho, a religião de seus pais, as crianças desamparadas e aos esquecidos da sorte. Foi de sua ideia a organização para o asilo de mendicidade, ou Sanatorinho, como era denominado o Asilo, em seus primeiros meses de existência. Jamais se envergonhou de pedir, suplicar, para matar a fome e cobrir os necessitados. No decorrer de 1923, Ana Nicácio angariou esmolas, comprou um terreno e construiu 3 casinhas onde recolhia os pobres e os tratava com grande cuidado e amor.
Tempos depois morria o velho Nicácio e o Padre Cândido, Sinhana Nicácio ficou só com sua mãe, ajudando-se uma a outra a darem conta do mais cristão e mais sublime trabalho da vida, a caridade. Já calejada pela luta e pelo trabalho incansável foi o braço forte da organização definitiva do Asilo de São Francisco de Assis o qual foi inaugurado em 9 de dezembro de 1931. Ajudou a fundar a Santa Casa. Foi madrinha do solene ato da primeira missa da Matriz de Franca hoje Catedral. Ana Nicácio, a mãe da pobreza, faleceu no esquecimento do grande público, a 4 de setembro de 1925, aos 60 anos de idade. Seus restos mortais repousou no Cemitério da Saudade na sepultura nr. 804. Essa humilde discípula de São Francisco de Assis que fez perante Deus o sagrado voto de pobreza e castidade, foi a grande fundadora do asilo São Francisco de Assis e sobre sua personalidade a um só tempo carinhosa e resoluta na prática do bem.
Hoje nós podemos ver as placas azuis e brancas da Praça ao lado do Posto Delta na Estação, homenageando essa heroína do passado francano, para quem os seus conterrâneos devem sempre render sua gratidão e admiração.

José Mario Leite Louzada
Vice-ministro
Fraternidade OFS Fonte Colombo

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Quem e o que nos move

Acordar uma vez por mês aos domingos ainda de madrugada e colocar a caminho parece pouco, mas não é. Uma vez em 30 dias isso é menos que 5% dos dias do mês. Insisto que parece pouco mas não é. Não o é não por quem acorda e anda 60, 100 ou 120 quilômetros, e nem pelo número de dias muito menos. O que faz com que isso não seja pouco é Quem e o que nos move. Não acordamos por nós mesmos, acordamos porque o Amor de Deus nos desperta. Nos colocamos no caminho porque o que nos consola é estar com irmãos e irmãs que o próprio Senhor nos deu. Acordar um dia por mês ainda de madrugada é pouco porque Aquele por quem acordamos é infinitamente bom. Diante de tanta bondade não poderíamos nem dormir. Quem nos move é o Amor, que colocou no nosso peito uma vocação. Vocação chamada franciscana. O que nos move é a Alegria do Evangelho anunciado aos mais pobres e pequeninos. O que nos move é o encontro que está por vir, todas as vezes que nos colocamos no caminho. O que nos move é a Paz e o Bem que cada irmão carrega. Uns carregam sem saber bem o que é, outros carregam até de beber. Você move a cada um de nós e por incrível que pareça nos movemos você. Mas o que importa é que Quem nos move é grande demais e não nos quer parados. Todas as vezes que nos movemos para Franca levamos Aquele que vamos encontrar lá ou aqui. O que não podemos é “perder de vista nosso ponto de partida” que é Aquele que nos move. Nos sentimos como Abraão que sai da sua terra em direção a terra da promessa, como Moisés que saiu do Egito em direção a liberdade, como Nosso Senhor que se movia por todos os cantos da Palestina anunciando o Reinado de Deus aqui na Terra.
Saímos como nosso seráfico pai Francisco que inspirado em Nosso Senhor e movido por Ele sai para se encontrar com o sultão. O que moveu Francisco, o que me move e o que te move é Aquele que se entregou para que sejamos livres e nem a morte nos impedisse de nos mover. Pena que as vezes não queremos nos mover mais. Nossa missão fraterna é levar os irmãos e irmãs a se moverem em direção Aquele que nos ama.
Por fim o que nos move é o Amor, se não nos movemos não amamos.

Gilberto Donizete Ribeiro
Irmão Fraterno
Fraternidade OFS Fonte Colombo

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Fonte Colombo

Ao conhecer a fraternidade, fiquei sabendo de sua denominação "Fonte Colombo". Como leiga, e nada entendendo do carisma franciscano, fiquei a imaginar porque Fonte Colombo e não outro como São Francisco, Santa Clara ou outros santos franciscanos. Mas, conforme os meus conhecimentos sobre esta espiritualidade, fui entendendo como o Espírito do Senhor agiu em São Francisco ao denominar este recanto sagrado de Fonte Colombo, e como os nossos irmãos tiveram a feliz ideia de dar este nome a nossa fraternidade, bem como foram inspirados e tocados pelo espírito franciscano. Assim encontramos sobre Fonte Colombo: "O santuário encontra-se a cinco quilômetros ao sul de Rieti, na encosta do monte Rainério. Segundo a tradição, Francisco esteve no local pela primeira vez em 1217 e parando junto a uma pequena fonte de água deu-lhe o nome de 'Fons Colubarum' origem da denominação do eremitério e da região em torno dela" (Devocionário Franciscano pg. 264). Vale a pena conhecermos e refletirmos sobre este santuário tão importante para nós franciscanos onde Francisco teve experiências importantes, tais como por exemplo, a preparação da Regra, sendo esse um dos fatos mais importantes que verificados em Fonte Colombo. Para entendermos a profundidade deste acontecimento devemos ler, rezar e refletir sobre a partir de 2 Celano 209. Este recanto foi tão agradável ao santo pelas circunstâncias e pela sua de solidão para suas reflexões, além do respeito pela pobreza a que ele tanto desejava para si e seus irmãos. Havia ainda neste santuário, profundas Fendas que o levava constantemente a meditar no mistério da Paixão de Cristo, e por isso, encontravam-se frequentemente ali para seus retiros. Por isso, irmãos, neste breve relato vimos um pedacinho do que foi e qual a importância de Fonte Colombo para São Francisco. Cabe agora, a nós, refletir e meditar sobre a nossa Fraternidade que leva um nome tão significativo. O que ela representa para mim, partindo da visão de Francisco? Qual é o meu sentido de pertença, depois de conhecer e saber o quanto Fonte Colombo foi importante para o nosso Pai Seráfico? Fonte Colombo: fonte que nos inspira a buscarmos sempre desta água límpida e pura que Francisco nos fez provar e desejar cada vez mais.
Caros irmãos, precisamos compreender o que representa para nós esta Fonte, as Fendas e a Regra, pois só assim conseguiremos entender um pouquinho como este santuário foi importante para Francisco e, assim, também será sempre para nós. E que São Francisco e Santa Clara abençoem a nós e nossa fraternidade, nesta data festiva, dia 2 de fevereiro onde a fraternidade está completando 105 anos.

Maria Helena Barbosa Gonçalves
Mestra de Formação
Fraternidade OFS Fonte Colombo

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O lugar é Fonte Colombo

“Viver o evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo”


Fonte Colombo é lugar do chamado, da escolha, do sim, da renúncia. Foi ali que Francisco escreveu a regra de vida dos frades menores, que se baseia na frase citada logo acima. É lugar da mudança. Fonte Colombo é fonte de vida para toda a vida franciscana. Lá nasce as linhas que desafiaram os homens e mulheres daquele tempo e do nosso, a aventura do radical seguimento do evangelho. A charge nos mostra os frades talvez temerosos com o que Francisco escrevia, porque de fato, seguir Jesus Cristo é exigente. Francisco tinha claro a necessidade de viver sempre e mais próximo ao evangelho, mas esta não é uma tarefa fácil, porque exige uma escolha pessoal pelo Cristo, um sim generoso como o de Maria e principalmente, muita renúncia. Francisco em Fonte Colombo, compreende o chamado para si, e para aqueles que o desejaram seguir. Ali Francisco, escreveu as linhas pelas quais deveriam caminhar ele e seus frades. Naquele mesmo ano, 1223, a regra escrita em Fonte Colombo foi aprovada pela Santa Sé. Nós, fraternidade Fonte Colombo, somos chamados ao desafio da regra, a fazer a nossa opção de vida, a dizer nosso sim a Deus, e a renunciar a tudo que nos impede de viver este carisma.
Nos tornemos, uma nova fonte Colombo, não como lugar de uma nova regra, mas como o lugar da mudança, onde Deus ensina e nos convida a segui-lo.

Mateus Agostini Garcia
Irmão Fraterno

Fraternidade Jufra Frei Leão

sábado, 8 de fevereiro de 2014

OFS Fonte Colombo 105 anos

Parece que foi ainda ontem que nos levantamos cedo e nos encaminhávamos até a Catedral de Nossa Senhora da Conceição e, juntos com Dom Frei Caetano Ferrari, celebrávamos o centenário de nossa fraternidade Fonte Colombo. Depois saímos em carreata até a praça Ana Nicácio, no bairro da Estação, e em meio a fogos e discursos, descerramos um monumento em homenagem a uma das irmãs fundadoras de nossa fraternidade. Depois encerramos nossa comemoração com um belo almoço na igreja de São Judas Tadeu, nosso lar paroquial.
O tempo é ligeiro! Cinco anos já se passaram. Outros dois outros bispos já ocuparam a cadeira episcopal. Irmãos vieram até nós. Outros se foram. E quando chegamos novamente a datas e momentos como esse devemos pensar: O que fizemos até aqui? Como foi nossa caminhada nesse período? Que desafios abraçamos, e de que forma os encaramos? Este é um momento muito oportuno para refletirmos sobre nosso passado recente. Mas também devemos atentar para o nosso futuro, pois se mantivermos nosso pescoço apenas voltando-se para o passado corremos o risco de adquirir um torcicolo histórico.
Quais são nossas aspirações para os próximos tempos? Mais do que preparar o ano corrente, ou o ano imediato que está por vir, precisamos pensar, imaginar e refletir: que fraternidade queremos construir para os tempos vindouros? E ainda: Como eu posso me colocar como parte dessa construção que já começa com nós mesmos?

Pensemos nisso! Mas sejamos ligeiros, para que não percamos, literalmente, o bonde da história.

Wendell Ferreira Blois
Irmão fraterno
Fraternidade Jufra Frei Leão

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

PROFISSÃO SOLENE FREI REINALDO

Nessa sexta-feira, 31/01/14, nosso irmão Frei Reinaldo da custódia do Sagrado Coração de Jesus dos Frades Menores, professou seus votos solenes e eternos diante da comunidade. Foi sem dúvidas um momento lindo de se ver, um irmão franciscano que teve sua trajetória vocacional iniciada bem antes de entrar na primeira ordem. Frei Reinaldo começou seu discernimento vocacional da Fraternidade Jufra Frei Leão, a mesma que vós escreve, e pra nós é momento de gozo, muita felicidade. Sabemos da importância que cada irmãos tem quando passa pela fraternidade. Ele deixa um pouco de si, deixa seus traços, deixa um pouco de suas vida e coração. Com Frei Reinaldo não foi diferente. Além de marcar a história da fraternidade, marcou a vida de vários irmãos como relata nosso irmão Marcelo.

"Caro amigo e irmão Frei Reinaldo, de agora em diante serás tu que abraçando com todo o coração os conselhos evangélicos de pobreza, obediência e castidade abraças também o Cristo, na pessoa de cada irmão e irmã como o poverello de assis. Fico muito feliz por vê-lo se consagrando total e definitivamente a Deus como irmão menor, lembro-me de quando iniciamos juntos na Jufra (no mesmo) e partilhando juntos a amizade no jeito Jovem de ser franciscano, nos Encontros Fraternos, Nas Gincanas do Regional, no conselho fraterno da Jufra, você como Secretário Fraterno e eu como Formador, que bons e maravilhosos momentos vividos na alegria de estar junto, no companheirismo ,no dia-a-dia com os irmãos, sendo mais do que um amigo, um verdadeiro irmão menor. Frei Reinaldo desejo a você toda felicidade do mundo, toda a paz e todo o bem, por esta nova etapa em sua vida e que a graça de Deus possa crescer, florescer e frutificar cada vez mais em sua vida! Parabéns irmão!!!"

Confira mais fotos da profissão de Frei Reinaldo aqui ou aqui.

O TESTAMENTO, A HERANÇA

Caros irmãos em Cristo Senhor, estejam vocês com a paz do altíssimo e sumo Deus.

Creio irmãos que muitos de vocês saibam o que é um testamento, principalmente no mundo de hoje onde dinheiro é algo que sempre recorre nossas mentes, assunto tratado em histórias de novelas e que sempre causam desavenças familiares e de seus próximos. É bem comum vermos nessas histórias o drama da partilha, das porcentagens, de famílias se dividindo e brigando pelo pouco ou muito dinheiro que há em jogo. Mas existe algumas heranças que são deixadas de modo bem peculiar nós testamentos. São aquelas que para receber, os herdeiros da grana precisam se submeter a condicionantes. Vimos isso no seriado “Cinquentinha”, nas novelas “Caras e Bocas”, “O Cravo e a Rosa” e tantas outras. Porque será que somos tão gananciosos? Essas histórias de ficção devem ilustrar o que volta e meia acontece na vida real. Muitos se submetem a vontade de outrem para conseguir pôr a mão no dinheiro. Fazemos isso por algo que valha a pena?

São Francisco de Assis nos deixou um testamento. E se é testamento logo há herança na história. Engraçado que Francisco deixa um testamento como esses com condicionantes pra poder receber a herança. Mas se lermos não encontraremos valores financeiros, peso em ouro, moeda, bens materiais pra serem partilha por seus filhos menores. E que tipo de testamento é esse? É um belíssimo texto escrito pelo Pai Seráfico. No final da leitura os olhos são capazes de estarem cheios de lágrimas, salgados como o mar. O coração de alguns palpita mais alegre e contente. De outros veem uma revisão de vida. Ler o testamento de São Francisco é quase voltar ao ponto de partida que Santa Clara tanto pede. O testamento é a expressão mais profunda daquilo que São Francisco queria que seus frades vivessem, e é pra nós também um modo de expressão magnífico, exemplo a ser vivido.

No muito que São Francisco escreve em seu testamento, só identificamos que é um Testamento quando ele mesmo o diz, “E não digam os Irmãos: ‘Esta é outra Regra!’ Pois, esta é a recordação, a admoestação, a exortação e o meu testamento, que eu, Frei Francisco, pequenino, faço a vós, meus Irmãos benditos para que mais catolicamente observemos a Regra que prometemos ao Senhor.” (T 6, 34).

Nesse minúsculo trecho Francisco nos mostra e recorda várias coisas. Ele mostra o que não é seu testamento e igualmente esclarece o que ele é. Recorda o modo de vida que os frades prometeram viver e que não foi o seu testamento que juraram seguir.

Francisco pede que não façam do seu testamento a regra, porque mais bonita que ela seja e por mais que ela nos diga o que fazer e as vezes como fazer, São Francisco queria uma única regra e nada mais, por que nela basta.

Apesar de essa não ser a regra o Pai Seráfico pede várias vezes que seus filhos assim façam, assim ajam, como notamos nos trechos: “... e quero firmemente que todos os outros irmãos trabalhem... Os que não sabem trabalhar o aprendam...” (T 6, 20-21)

Ler o testamento é entender, de grosso modo, o desejo, o carisma de São Francisco de Assis, pois seguir a regra causa somente uma consequência, a vivência do testamento.

Mas então o que é essa herança deixada por Francisco? Porque se tem testamento tem que ter herança.

A herança e a regra são bem simples. Mas primeiro pra receber a herança, lembram, tem a condição. É preciso uma renúncia, sair do século, afastar-se do mundano. A regra que São Francisco pede que vivamos é uma só: “...observar o Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, vivendo em obediência, ...” (RB 1, 2) e ainda “...viver em obediência, em castidade e sem nada de próprio e seguir a doutrina e os vestígios de Nosso Senhor Jesus Cristo, que diz: Se queres ser perfeito, vai e vende tudo o que tens e dá aos pobres e terás um tesouro no Céu; e vem, segue-me. E: Se alguém quer vir após mim, abnegue a si mesmo e carregue a sua cruz e siga-me. (RNB 1, 1-3) Ele continuará dizendo da renúncia de si mesmo e da família. Seguir o santo evangelho e renunciar a tudo, é simplesmente não deixar que nada tome o lugar de Cristo em nossas vidas. Aos franciscanos seculares mesmo que pensemos e digamos “não, a nós não se aplica a regra por que temos família e podemos constituir família” engana-se. Cristo é o centro de tudo, o início e o fim. Dele vem todo o amor e luz. Mesmo os seculares devem observar a regra de São Francisco porque podemos renunciar a tudo para viver o evangelho, para seguir Cristo e dar a Ele o lugar de direito em nossas vidas, mas claro, não saímos do século e nem de nossas casas.

Por fim a herança. Mas essa é fácil de responder. Primeiro devemos entender que o testamento de Francisco é espiritual. Não poderia ser diferente. Ele não queria nada deste mundo e também deseja que aqueles que o seguem também não tenham. O Pai observa a recomendação do Mestre que diz: “Não ajunteis para vós tesouros na terra... Ajuntai para vós tesouros no céu... Porque onde está o teu tesouro, lá também está o teu coração. (Mt 6, 19-21). E onde poderia estar o coração de Francisco se não com seu Senhor? O tesouro que se ajunta no Céu em vida se traduz em graças. Francisco conclui assim: “E todo aquele que observar estas coisas seja no Céu repleto com a benção do altíssimo Pai e, na Terra, repleto com a benção do seu dileto Filho, com o santíssimo Espírito Paráclito e com todas as virtudes dos Céus e com todos os santos.” (T 6, 40)

O testamento norteia os rumos de nossas vidas, aponta para suas pegadas, para o desejo de Francisco em viver o evangelho segundo a forma inspirada pelo Espírito. Mas quando no testamento pede que vivamos a Regra e não o testamento, ele sabe que o Espírito inspira cada um de modo diferente. “Cada um possui um chamada e ele é particular. A cada um Deus pede uma resposta diferente.” (Pe. Roberto Lettieri em conversa com a Jufra Frei Leão). O carisma, os passos do mestre, sim, podemos olhar para o testamento e saber o que seguir e o que esperar, mas a resposta, a vocação, essa depende do chamado feito, depende de seguir a Regra. A herança? Essa é a mesma pra todos os filhos do Pai.

Citações – T= testamento; RB= regra bulada; RNB= regra não bulada; Mt= Evangelho de São Mateus.
Os textos de São Francisco foram extraídos das Fontes Franciscanas, Mensageiro de Santo Antônio. O texto bíblico são traduções da Bíblia Sagrada Ave-Maria.

Murillo Torres Lopes
Irmão Fraterno
Jufra Frei Leão