sábado, 8 de fevereiro de 2014

OFS Fonte Colombo 105 anos

Parece que foi ainda ontem que nos levantamos cedo e nos encaminhávamos até a Catedral de Nossa Senhora da Conceição e, juntos com Dom Frei Caetano Ferrari, celebrávamos o centenário de nossa fraternidade Fonte Colombo. Depois saímos em carreata até a praça Ana Nicácio, no bairro da Estação, e em meio a fogos e discursos, descerramos um monumento em homenagem a uma das irmãs fundadoras de nossa fraternidade. Depois encerramos nossa comemoração com um belo almoço na igreja de São Judas Tadeu, nosso lar paroquial.
O tempo é ligeiro! Cinco anos já se passaram. Outros dois outros bispos já ocuparam a cadeira episcopal. Irmãos vieram até nós. Outros se foram. E quando chegamos novamente a datas e momentos como esse devemos pensar: O que fizemos até aqui? Como foi nossa caminhada nesse período? Que desafios abraçamos, e de que forma os encaramos? Este é um momento muito oportuno para refletirmos sobre nosso passado recente. Mas também devemos atentar para o nosso futuro, pois se mantivermos nosso pescoço apenas voltando-se para o passado corremos o risco de adquirir um torcicolo histórico.
Quais são nossas aspirações para os próximos tempos? Mais do que preparar o ano corrente, ou o ano imediato que está por vir, precisamos pensar, imaginar e refletir: que fraternidade queremos construir para os tempos vindouros? E ainda: Como eu posso me colocar como parte dessa construção que já começa com nós mesmos?

Pensemos nisso! Mas sejamos ligeiros, para que não percamos, literalmente, o bonde da história.

Wendell Ferreira Blois
Irmão fraterno
Fraternidade Jufra Frei Leão

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

PROFISSÃO SOLENE FREI REINALDO

Nessa sexta-feira, 31/01/14, nosso irmão Frei Reinaldo da custódia do Sagrado Coração de Jesus dos Frades Menores, professou seus votos solenes e eternos diante da comunidade. Foi sem dúvidas um momento lindo de se ver, um irmão franciscano que teve sua trajetória vocacional iniciada bem antes de entrar na primeira ordem. Frei Reinaldo começou seu discernimento vocacional da Fraternidade Jufra Frei Leão, a mesma que vós escreve, e pra nós é momento de gozo, muita felicidade. Sabemos da importância que cada irmãos tem quando passa pela fraternidade. Ele deixa um pouco de si, deixa seus traços, deixa um pouco de suas vida e coração. Com Frei Reinaldo não foi diferente. Além de marcar a história da fraternidade, marcou a vida de vários irmãos como relata nosso irmão Marcelo.

"Caro amigo e irmão Frei Reinaldo, de agora em diante serás tu que abraçando com todo o coração os conselhos evangélicos de pobreza, obediência e castidade abraças também o Cristo, na pessoa de cada irmão e irmã como o poverello de assis. Fico muito feliz por vê-lo se consagrando total e definitivamente a Deus como irmão menor, lembro-me de quando iniciamos juntos na Jufra (no mesmo) e partilhando juntos a amizade no jeito Jovem de ser franciscano, nos Encontros Fraternos, Nas Gincanas do Regional, no conselho fraterno da Jufra, você como Secretário Fraterno e eu como Formador, que bons e maravilhosos momentos vividos na alegria de estar junto, no companheirismo ,no dia-a-dia com os irmãos, sendo mais do que um amigo, um verdadeiro irmão menor. Frei Reinaldo desejo a você toda felicidade do mundo, toda a paz e todo o bem, por esta nova etapa em sua vida e que a graça de Deus possa crescer, florescer e frutificar cada vez mais em sua vida! Parabéns irmão!!!"

Confira mais fotos da profissão de Frei Reinaldo aqui ou aqui.

O TESTAMENTO, A HERANÇA

Caros irmãos em Cristo Senhor, estejam vocês com a paz do altíssimo e sumo Deus.

Creio irmãos que muitos de vocês saibam o que é um testamento, principalmente no mundo de hoje onde dinheiro é algo que sempre recorre nossas mentes, assunto tratado em histórias de novelas e que sempre causam desavenças familiares e de seus próximos. É bem comum vermos nessas histórias o drama da partilha, das porcentagens, de famílias se dividindo e brigando pelo pouco ou muito dinheiro que há em jogo. Mas existe algumas heranças que são deixadas de modo bem peculiar nós testamentos. São aquelas que para receber, os herdeiros da grana precisam se submeter a condicionantes. Vimos isso no seriado “Cinquentinha”, nas novelas “Caras e Bocas”, “O Cravo e a Rosa” e tantas outras. Porque será que somos tão gananciosos? Essas histórias de ficção devem ilustrar o que volta e meia acontece na vida real. Muitos se submetem a vontade de outrem para conseguir pôr a mão no dinheiro. Fazemos isso por algo que valha a pena?

São Francisco de Assis nos deixou um testamento. E se é testamento logo há herança na história. Engraçado que Francisco deixa um testamento como esses com condicionantes pra poder receber a herança. Mas se lermos não encontraremos valores financeiros, peso em ouro, moeda, bens materiais pra serem partilha por seus filhos menores. E que tipo de testamento é esse? É um belíssimo texto escrito pelo Pai Seráfico. No final da leitura os olhos são capazes de estarem cheios de lágrimas, salgados como o mar. O coração de alguns palpita mais alegre e contente. De outros veem uma revisão de vida. Ler o testamento de São Francisco é quase voltar ao ponto de partida que Santa Clara tanto pede. O testamento é a expressão mais profunda daquilo que São Francisco queria que seus frades vivessem, e é pra nós também um modo de expressão magnífico, exemplo a ser vivido.

No muito que São Francisco escreve em seu testamento, só identificamos que é um Testamento quando ele mesmo o diz, “E não digam os Irmãos: ‘Esta é outra Regra!’ Pois, esta é a recordação, a admoestação, a exortação e o meu testamento, que eu, Frei Francisco, pequenino, faço a vós, meus Irmãos benditos para que mais catolicamente observemos a Regra que prometemos ao Senhor.” (T 6, 34).

Nesse minúsculo trecho Francisco nos mostra e recorda várias coisas. Ele mostra o que não é seu testamento e igualmente esclarece o que ele é. Recorda o modo de vida que os frades prometeram viver e que não foi o seu testamento que juraram seguir.

Francisco pede que não façam do seu testamento a regra, porque mais bonita que ela seja e por mais que ela nos diga o que fazer e as vezes como fazer, São Francisco queria uma única regra e nada mais, por que nela basta.

Apesar de essa não ser a regra o Pai Seráfico pede várias vezes que seus filhos assim façam, assim ajam, como notamos nos trechos: “... e quero firmemente que todos os outros irmãos trabalhem... Os que não sabem trabalhar o aprendam...” (T 6, 20-21)

Ler o testamento é entender, de grosso modo, o desejo, o carisma de São Francisco de Assis, pois seguir a regra causa somente uma consequência, a vivência do testamento.

Mas então o que é essa herança deixada por Francisco? Porque se tem testamento tem que ter herança.

A herança e a regra são bem simples. Mas primeiro pra receber a herança, lembram, tem a condição. É preciso uma renúncia, sair do século, afastar-se do mundano. A regra que São Francisco pede que vivamos é uma só: “...observar o Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, vivendo em obediência, ...” (RB 1, 2) e ainda “...viver em obediência, em castidade e sem nada de próprio e seguir a doutrina e os vestígios de Nosso Senhor Jesus Cristo, que diz: Se queres ser perfeito, vai e vende tudo o que tens e dá aos pobres e terás um tesouro no Céu; e vem, segue-me. E: Se alguém quer vir após mim, abnegue a si mesmo e carregue a sua cruz e siga-me. (RNB 1, 1-3) Ele continuará dizendo da renúncia de si mesmo e da família. Seguir o santo evangelho e renunciar a tudo, é simplesmente não deixar que nada tome o lugar de Cristo em nossas vidas. Aos franciscanos seculares mesmo que pensemos e digamos “não, a nós não se aplica a regra por que temos família e podemos constituir família” engana-se. Cristo é o centro de tudo, o início e o fim. Dele vem todo o amor e luz. Mesmo os seculares devem observar a regra de São Francisco porque podemos renunciar a tudo para viver o evangelho, para seguir Cristo e dar a Ele o lugar de direito em nossas vidas, mas claro, não saímos do século e nem de nossas casas.

Por fim a herança. Mas essa é fácil de responder. Primeiro devemos entender que o testamento de Francisco é espiritual. Não poderia ser diferente. Ele não queria nada deste mundo e também deseja que aqueles que o seguem também não tenham. O Pai observa a recomendação do Mestre que diz: “Não ajunteis para vós tesouros na terra... Ajuntai para vós tesouros no céu... Porque onde está o teu tesouro, lá também está o teu coração. (Mt 6, 19-21). E onde poderia estar o coração de Francisco se não com seu Senhor? O tesouro que se ajunta no Céu em vida se traduz em graças. Francisco conclui assim: “E todo aquele que observar estas coisas seja no Céu repleto com a benção do altíssimo Pai e, na Terra, repleto com a benção do seu dileto Filho, com o santíssimo Espírito Paráclito e com todas as virtudes dos Céus e com todos os santos.” (T 6, 40)

O testamento norteia os rumos de nossas vidas, aponta para suas pegadas, para o desejo de Francisco em viver o evangelho segundo a forma inspirada pelo Espírito. Mas quando no testamento pede que vivamos a Regra e não o testamento, ele sabe que o Espírito inspira cada um de modo diferente. “Cada um possui um chamada e ele é particular. A cada um Deus pede uma resposta diferente.” (Pe. Roberto Lettieri em conversa com a Jufra Frei Leão). O carisma, os passos do mestre, sim, podemos olhar para o testamento e saber o que seguir e o que esperar, mas a resposta, a vocação, essa depende do chamado feito, depende de seguir a Regra. A herança? Essa é a mesma pra todos os filhos do Pai.

Citações – T= testamento; RB= regra bulada; RNB= regra não bulada; Mt= Evangelho de São Mateus.
Os textos de São Francisco foram extraídos das Fontes Franciscanas, Mensageiro de Santo Antônio. O texto bíblico são traduções da Bíblia Sagrada Ave-Maria.

Murillo Torres Lopes
Irmão Fraterno
Jufra Frei Leão