quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Ana Nicácio - a fundadora da OFS em Franca

Veio ela de uma grande família mineira que se fixou em Franca e aqui lutou pelo progresso e pelo amor às tradições. Seu pai se chamava José Nicácio da Silva, era pirotécnico dos mais hábeis. Morava nos arredores da Estalagem, hoje Rua Evangelista de Lima. Seus irmãos: o Major Antônio Nicácio da Silva Sobrinho, foi vereador e presidente da Câmara local, pioneiro na canalização do serviço de água em Franca, o Dr. Manuel Nicácio, o primeiro francano formado em medicina na faculdade de medicina do Estado de São Paulo e de tantos outros Nicácios valorosos que honram e dignificam sua terra natal. Em 1912, a senhora Ana Nicácio, terceira franciscana, já trabalhava em benefício da pobreza desvalida de Franca, recebendo em sua própria casa, pessoas de idade avançada e desamparadas. Foi braço direito de seu pai como pirotécnico e quando lhe sobrava tempo ia ensinar à geração que surgia o saber ler, escrever e contar: Foi dedicada mestra. A filhada do Monsenhor Cândido Martins da Silveira Rosa, dedicou-se de corpo e alma a proteção dos desvalidos, através da religião. Fez parte de várias irmandades e confrarias religiosas inclusive foi uma das fundadoras da OFS (Ordem Franciscana Secular) e foi ministra da Ordem por vários anos. Foi sempre uma auxiliar de valor do Senhor Vigário, em todos os movimentos paroquiais, festas, crismas, procissões e outros atos religiosos de Franca. Sinhana Nicácio como era conhecida sabia se desdobrar, multiplicava-se para atender com vontade, solicitude e carinho, a religião de seus pais, as crianças desamparadas e aos esquecidos da sorte. Foi de sua ideia a organização para o asilo de mendicidade, ou Sanatorinho, como era denominado o Asilo, em seus primeiros meses de existência. Jamais se envergonhou de pedir, suplicar, para matar a fome e cobrir os necessitados. No decorrer de 1923, Ana Nicácio angariou esmolas, comprou um terreno e construiu 3 casinhas onde recolhia os pobres e os tratava com grande cuidado e amor.
Tempos depois morria o velho Nicácio e o Padre Cândido, Sinhana Nicácio ficou só com sua mãe, ajudando-se uma a outra a darem conta do mais cristão e mais sublime trabalho da vida, a caridade. Já calejada pela luta e pelo trabalho incansável foi o braço forte da organização definitiva do Asilo de São Francisco de Assis o qual foi inaugurado em 9 de dezembro de 1931. Ajudou a fundar a Santa Casa. Foi madrinha do solene ato da primeira missa da Matriz de Franca hoje Catedral. Ana Nicácio, a mãe da pobreza, faleceu no esquecimento do grande público, a 4 de setembro de 1925, aos 60 anos de idade. Seus restos mortais repousou no Cemitério da Saudade na sepultura nr. 804. Essa humilde discípula de São Francisco de Assis que fez perante Deus o sagrado voto de pobreza e castidade, foi a grande fundadora do asilo São Francisco de Assis e sobre sua personalidade a um só tempo carinhosa e resoluta na prática do bem.
Hoje nós podemos ver as placas azuis e brancas da Praça ao lado do Posto Delta na Estação, homenageando essa heroína do passado francano, para quem os seus conterrâneos devem sempre render sua gratidão e admiração.

José Mario Leite Louzada
Vice-ministro
Fraternidade OFS Fonte Colombo

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Quem e o que nos move

Acordar uma vez por mês aos domingos ainda de madrugada e colocar a caminho parece pouco, mas não é. Uma vez em 30 dias isso é menos que 5% dos dias do mês. Insisto que parece pouco mas não é. Não o é não por quem acorda e anda 60, 100 ou 120 quilômetros, e nem pelo número de dias muito menos. O que faz com que isso não seja pouco é Quem e o que nos move. Não acordamos por nós mesmos, acordamos porque o Amor de Deus nos desperta. Nos colocamos no caminho porque o que nos consola é estar com irmãos e irmãs que o próprio Senhor nos deu. Acordar um dia por mês ainda de madrugada é pouco porque Aquele por quem acordamos é infinitamente bom. Diante de tanta bondade não poderíamos nem dormir. Quem nos move é o Amor, que colocou no nosso peito uma vocação. Vocação chamada franciscana. O que nos move é a Alegria do Evangelho anunciado aos mais pobres e pequeninos. O que nos move é o encontro que está por vir, todas as vezes que nos colocamos no caminho. O que nos move é a Paz e o Bem que cada irmão carrega. Uns carregam sem saber bem o que é, outros carregam até de beber. Você move a cada um de nós e por incrível que pareça nos movemos você. Mas o que importa é que Quem nos move é grande demais e não nos quer parados. Todas as vezes que nos movemos para Franca levamos Aquele que vamos encontrar lá ou aqui. O que não podemos é “perder de vista nosso ponto de partida” que é Aquele que nos move. Nos sentimos como Abraão que sai da sua terra em direção a terra da promessa, como Moisés que saiu do Egito em direção a liberdade, como Nosso Senhor que se movia por todos os cantos da Palestina anunciando o Reinado de Deus aqui na Terra.
Saímos como nosso seráfico pai Francisco que inspirado em Nosso Senhor e movido por Ele sai para se encontrar com o sultão. O que moveu Francisco, o que me move e o que te move é Aquele que se entregou para que sejamos livres e nem a morte nos impedisse de nos mover. Pena que as vezes não queremos nos mover mais. Nossa missão fraterna é levar os irmãos e irmãs a se moverem em direção Aquele que nos ama.
Por fim o que nos move é o Amor, se não nos movemos não amamos.

Gilberto Donizete Ribeiro
Irmão Fraterno
Fraternidade OFS Fonte Colombo