quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Grito dos Excluídos - 07/09/2011


Irmãos, na ultima quarta, dia 07/09, a Jufra, OFS e outros participaram do movimento social onde todos os anos a Igreja e movimentos se unem pedindo e reivindicando direitos dos mais diversos. O "Gritos dos excluídos" conta com o apoio da CNBB. Em alguns lugares os protestos são fortes mobilizando grande multidão.

O pe. Ovídio na diocese de Franca é responsável por varias pastorais a nível diocesano, onde o ser humano é centro conjunto de Cristo (Pastoral no menor; Comunidades de base e outros), assim também como responsável por organizar o "Grito" aqui em Franca.

Num dado momento ele leu um texto que me chamou atenção e ponho a disposição de todos para reflexão. Claro, algumas situações são mais sentidas em estados que não é o nosso, mas que faz parte de um mesmo Brasil, de uma mesma nação.

Imagens disponíveis pelo Facebook.

Pax et Bonum


 
Grito dos Excluídos
“Vida em primeiro lugar, Pela vida grita a Terra... Por direito, todos nós”.

Texto: Os mutilados da Terra

A Terra está mutilada. Fonte e garantia da biodiversidade, vem perdendo passo a passo essa capacidade de gerar vida. Junto com ela são muitos os mutilados na face do planeta. E o são nas mais variadas dimensões. Mutilados no corpo e na alma, mutilados na integridade familiar ou cultural, mutilados nos direitos elementares ou na dignidade humana. Mutilados desde a infância, na força da vida adulta ou no outono da existência. Mutilados cuja única resposta, não raro, é um grito de socorro. Por isso é que, como nos alerta o lema da 17º edição do Grito dos Excluídos, Pela vida grita a Terra... Por direito, todos nós!

Aos milhares, milhões, os cidadãos do planeta se vêem banidos de um modelo político e econômico que, a um só tempo, concentra e marginaliza, agrega e segrega. Um sistema baseado na velocidade e veracidade da produção e consumo que cria uma porção de filhos robustos e saudáveis, ao lado de uma imensidão de excluídos. De fato, o modelo neoliberal vigente mutila não somente os habitantes da terra, berço da vida em todas as suas formas. Retira dela a função milenar de perpetuar o ciclo de reprodução da vida. Priva a mãe terra de seu direito mais primordial: gerar e nutrir seus numerosos filhos. Em lugar do carinho e do cuidado, ela se vê forçada a abandoná-los, através da poluição do ar e das águas, da devastação e desertificação do solo, do desequilíbrio dos vários ecossistemas.

Como reverter semelhante quadro? O que fazer para que o planeta azul siga sendo a mãe e berço da vida? Como acudir ao grito da terra e de sua multidão de mutilados? Eis as perguntas que o Grito dos Excluídos de 2011, junto com outras forças da sociedade organizada, põe em pauta. Numerosos cientistas, ambientalistas, movimentos sociais e organizações de base se empenham cada vez mais em buscar alternativas a esta civilização marcadamente mercantilista. Impõe-se hoje o combate, sem tréguas, a exploração exaustiva dos recursos naturais, da força de trabalho humano e do patrimônio cultural de toda humanidade.

Se é verdade que por toda parte, multiplicam-se as ameaças à vida, também é certo que, por outro, cresce e se amplifica a consciência dos riscos de catástrofes provocadas pela agressão humana a natureza. Esta, como a mesma violência que sofre, reage e agride, mutila e mata varias espécies de vida, em proporção crescente. As ameaças e consciência delas correm paralelas, mas torna-se urgente que tal consciência se converta em organização e mobilização.

A responsabilidade desse processo de devastação e morte é de todos, mas o é em forma diferenciada. A grande empresa, o agronegócio, as obras faraônicas, a politica dos países centrais e de nossos governos concentram maior poder de destruição. Da mesma forma que a responsabilidade, também a tarefa de reverter esse cenário compete a todos. Mas tanto uma como a outra desenvolvem-se em graus distintos. Cada um tem sua parte de culpa e o dever de reconstrução, mas de pouco valerão as ações individuais ou grupais, se os grandes conglomerados empresariais e as grandes potencias não fizerem a sua parte.

Embora os noticiários tentem defender a ideia de um Brasil que cresce e se torna uma “potencia”, o sistema capitalista em que vivemos não se sustenta e, mais cedo ou mais tarde, o país será atingido pela crise que se alastra.

Os números tentam justificar este crescimento econômico, porem isto não apresenta a superação de miséria. Há 511 anos este país se constrói sobre os alicerces da exploração do povo brasileiro.

Este ciclo se sustenta através da pressão das elites exploradoras, junto com empresas tradicionais, sobre os diversos governos, que acatam suas regras. Assim se cria uma multidão de pessoas jogadas nas calçadas (único lugar que este sistema capitalista lhes reserva) e os trabalhadores e o povo perde sua qualidade de vida.

Os trabalhadores e o povo não podem reservar tempo para o lazer, a cultura e não tem seguridade social. Sob o discurso do déficit da previdência se escondem as manobras do desvio da verba destinada a este fim utilizada para pagar juros da divida, aumentando os lucros de empresas do sistema financeiro.

É nesta mesma lógica que se assiste o aumento constante da divida publica que, associada aos grandes empreendimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e das obras para os grandes eventos esportivos (copa e olimpíadas), financiados através de um banco publico (BNDES) as remoções de famílias e deixa como saldo ao povo os impactos sociais, culturais e ambientais.

Por isto, se faz mais do que necessário sair às ruas, denunciar as mazelas deste sistema, defender direitos e exigir um projeto popular para o Brasil que atenda aos anseios dos trabalhadores e do povo e respeite a vida em toda sua forma.

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