sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Arte e reflexão(4) - 2ªTEMPORADA

Confira hoje, mais uma pintura de frei Dito, OFM, acerca do mistério da crucifixão de São Francisco, bem como uma reflexão a respeito da mesmo.


"São Francisco, confortado em espírito, levantou os olhos e as mãos para o céu e disse assim: 'A ti, Senhor meu Deus, eu te recomendo a tua família, que até agora confiaste a mim, e agora, pelas minhas enfermidades, não posso mais cuidar. Também a recomendo aos ministros provinciais: que eles tenham que te prestar contas no dia do juízo se algum frade perecer por sua negligência, por seu mau exemplo, ou por uma correção muito áspera'. Nessas palavras, como aprouve a Deus, todos os frades do Capítulo entenderam que estava falando dos estigmas quando se escusava pelas enfermidades. Por devoção, nenhum deles pôde deixar de chorar". (Excerto da quarta consideração sobre os estigmas de São Francisco)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Arte e reflexão(3) - 2ªTEMPORADA

A 2ª temporada da coluna "Arte e reflexão" traz a partir de hoje uma série de reflexões em torno dos quadros de frei Dito, OFM, que nos remetem á temática da crucifixão de São Francisco, bem como seu amor pela cruz de Cristo.


"Quanto à quarta consideração, devemos saber que, depois que o verdadeiro amor de Cristo transformou perfeitamente São Francisco em Deus e na verdadeira imagem de Cristo crucificado, e tendo cumprido a quaresma de quarenta dias em honra de São Miguel Arcanjo no santo monte do Alverne, depois da solenidade de São Miguel desceu do monte o angélico homem São Francisco, com Frei Leão e um devoto aldeão, sobre cujo asno ele ia montado porque, por causa dos cravos dos pés, não podia andar bem a pé.
Então, tendo São Francisco descido do monte santo, como a fama de sua santidade tinha sido divulgada pela região e pelos pastores tinha sido espalhado como tinham visto o monte Alverne todo em chamas, o que era sinal de que algum grande milagre Deus tinha feito a São Francisco.
Quando o povo da região ouviu dizer que ele ia passando, todos vinham vê-lo, homens e mulheres, pequenos e grandes, os quais, todos com grande devoção e desejo, esforçavam-se por toca-lo e beijar-lhe as mãos. Como ele não podia negar-se à devoção do povo, embora tivesse as mãos enfaixadas, para ocultar melhor os sagrados santos estigmas enfaixava-os melhor e os cobria com as mangas, dando-lhes a beijar só os dedos descobertos"
.(Trecho inicial da quarta consideração sobre os estigmas de São Francisco)

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

JUFRA ENTREVISTA

Nesta semana temos a alegria de publicar a entrevista concedida pelo irmão Thiago, subsecretario nacional de comunicação e escrituração e arquivo da Jufra do Brasil. Ele fala um pouco sobre o seu trabalho,assim como o mesmo se dá em meio à realidade atual da Juventude Franciscana. Confira abaixo o perfil do nosso entrevistado:

Meu nome é Thiago Costa Carvalho, tenho 28 anos, nasci e resido em Mossoró/RN e estudo em Fortaleza/CE, sou professor universitário, formado em Economia pela UERN e estou concluindo mestrado em Logística e Pesquisa Operacional na UFC. Faço parte da Fraternidade Irmão Sol, Irmã Lua desde 2003 e estou no período de formação na Fraternidade de OFS São Raimundo Lulo. Atualmente estou como Subsecretário Local de Inf. Micro e Mini Franciscanos e Subsecretário Nacional de Comunicação Social, Escrituração e Arquivo, fui também Subsecretário Regional de Formação no Regional PB/RN entre 2007-2010.

Blog Frei Leão - Em que consiste, de fato, o trabalho da subsecretaria de comunicação e escrituração e arquivo a nível nacional?quais as dificuldades deste trabalho?

Thiago - A subsecretária de comunicação, escrituração e arquivo foi “oficializada” no último CONJUFRA em Mossoró/RN em 2010, com a fusão dos serviços de comunicação e escrituração e arquivo. Em nível nacional esse serviço, em especial a comunicação, vem ganhando nos últimos anos uma importância decisiva nas atividades da JUFRA. Vivemos um momento onde as informações surgem com uma extrema rapidez e as redes sociais se tornam cada vez mais presentes na vida das pessoas, diante disso a propagação do carisma franciscano segue também essa onda da internet, vemos todos os dias o surgimento de sites, blogs e comunidades referentes à nossa família franciscana. A comunicação é um serviço que tem por objetivo levar aos irmãos dentro das fraternidades regionais e locais informações sobre as diversas atividades que são desenvolvidas, bem como articular as mesmas. Seguindo esse ritmo acelerado da internet temos também que levar ao mundo nossas ações e pensamentos como forma de promoção vocacional do nosso carisma e testemunho do evangelho. Algumas dificuldades encontradas neste serviço estão relacionadas a acompanhar esse movimento vivido com a internet e aproveitá-lo da melhor maneira possível, para assim, fortalecer a comunicação entre nacional, regional e local. Os irmãos que assumem a Escrituração e Arquivo muitas vezes são vistos como fazedores de atas, mais esse serviço vai muito além, deve-se assumir o registro da história da fraternidade nacional, regional ou local como forma garantir a memória de atividades, estamos a 40 anos no Brasil, e graças a muitos irmãos que assumiram esse serviço temos muito a contar. A dificuldade desse serviço de arquivo está na falta de valorização que muitas vezes é dado nos regionais e nas fraternidades locais. Em nível nacional uma dificuldade é a falta de um espaço fixo para o arquivo nacional.

Blog Frei Leão - Os meios de comunicação evoluem a cada dia. Na sua opinião, alem dos meios, a comunicação interpessoal também evoluiu ou como vemos tantas vezes, estimula o individualismo, o egocentrismo e até mesmo a criação de universos paralelos?

Thiago - A comunicação vem se transformando drasticamente nos últimos anos e a JUFRA está dentro desse processo e sofre esses efeitos. Quando comecei na JUFRA era comum a troca de endereços entre os irmãos nos encontros para a manutenção do contato através de cartas, o tempo foi passando e começamos a trocar e-mails para conhecer mais os irmãos, agora em muitos encontros já conhecemos alguns irmãos e sabemos muito sobre suas vidas sem nunca termos nos vistos pessoalmente. Temos hoje um momento onde as pessoas têm uma vida super agitada com estudo, trabalho e muitas vezes a vida pessoal está muito em função da internet. Temos diversos contatos e conversamos com pessoas de cidades, estados e países diferentes, porém não conversamos com nossos pais e não conhecemos nossos vizinhos. O Jufrista tem que ter consciência sobre esse processo, no sentindo de não se fechar nesse mundo virtual e nem esquecer que as relações pessoais vão além das redes sociais. A JUFRA deve ser um espaço onde os jovens se reúnem também para conviver, para colocar em prática e vivenciar os ensinamentos do evangelho.

Blog Frei Leão - Partindo do pressuposto que essa subsecretaria é ocupada por indicação do secretario fraterno nacional, na sua opinião, por que você foi indicado? O que o distinguiu em trabalhos anteriores de modo que fosse convidado a assumir a subsecretaria de comunicação nacional?

Thiago - Conheço Alex (secretário fraterno nacional da Jufra do Brasil) desde 2007 e temos uma relação muito próxima, ele é como um membro da minha família. Muito antes do serviço no nacional, sempre tivemos em comum o interesse pelo crescimento e fortalecimento da JUFRA, acredito que essa aproximação e a comunhão de idéias foram alguns dos motivos pelos quais fui convidado. Acredito que acima da relação pessoal, a experiência no serviço como Formador Regional e na equipe que organizou o XIV CONJUFRA em Mossoró/RN me ajudou na criação de uma rede de contatos com todos os regionais bem como no conhecimento das suas realidades. Outro fator foi que por estar estudando no Ceará, resido na sede do Regional CE/PI onde encontra-se o arquivo do nacional e isso ajudou na organização do mesmo, bem como em algumas atividades burocráticas.

Blog Frei Leão - Não podemos nos esquecer da subsecretaria de escrituração e arquivo. Você pode nos contar e/ou descrever alguns dos arquivos da Jufra do Brasil que, ao completar 40 anos, merece destaque?

Thiago - Trabalhar e “morar” no arquivo da JUFRA é um grande aprendizado, a oportunidade de conhecer nossa história é única. Infelizmente o arquivo da JUFRA teve alguns problemas em virtude das transferências de sede nacionais. Hoje em Fortaleza temos em sua maioria materiais a partir dos anos 90, pois pela falta de uma sede fixa o arquivo nacional “viajou” muito e nessas viagens muito se perdeu. No Levantamento histórico que fizemos juntos aos ex-secretários nacionais soubemos que em uma dessas transferências nos anos 80 coincidiu-se com uma greve dos correios onde se perderam diversos documentos. Porém, ainda temos uma grande quantidade de materiais, como livros de TBJ (Treinamento Básico da JUFRA) e TIF (Treinamento para Iniciação Franciscana), como eram chamadas as etapas de Formação, hoje FBJ e EFF. Outra curiosidade foi saber que o Manifesto da JUFRA levou quase 20 anos entre sua primeira versão e a versão que temos hoje, as primeiras referencias a ele são de 1973 no livro “Os Jovens procuram Cristo” do Frei Eurico de Melo (outra raridade que tivemos acesso nesse período) a versão final do manifesto é de 1989. Outra curiosidade nesse levantamento foi a descoberta que nossa contagem de secretários nacionais estava incompleta e que graças ao levantamento de documentos e depoimentos de irmãos da época pudemos incluir a irmã Maria de Lourdes de Paula que foi a segunda Secretária Nacional, que assumiu entre 1973-1977.

Blog Frei Leão - São Francisco no ensina que "ninguém é suficientemente perfeito, que não possa aprender com o outro e, ninguém é totalmente destituído de valores que não possa ensinar algo ao seu irmão". Na sua caminhada como cristão/franciscano, quando você viveu essa experiencia do aprender e o do ensinar?

Thiago - Para mim as grandes experiências que tive foram nos encontros, em especial nas etapas de formação que participei como formador no meu regional. Acredito que os momentos de formação na JUFRA que marcam as pessoas são aqueles realizados em conjuntos, onde ensinar é doar um pouco de si e onde todos se sentem a vontade de abrir o coração por se sentirem entre irmãos. A minha melhor experiência “ensinando” foi no FBJ (Formação básica da Jufra) de minha fraternidade local em 2009, que coincidiu com nossa comemoração de 15 anos de fraternidade. Foi um momento onde, nós que fazíamos parte do Regional e éramos da fraternidade local, pudemos oferecer aos iniciantes que faziam seu compromisso na Jufra, o que de melhor nós tínhamos para que ali fosse para eles um momento único e especial. O momento que mais me marcou no sentido de “aprender” foi em uma FBJ em 2008, onde um irmão muito humilde, que trabalhava em um mercadinho, para poder sustentar a mãe e mais dois irmãos, tinha que acordar às 4h da manhã e sacrificar os horários de almoço e jantar para poder participar do encontro e garantir que seu salário não fosse descontado. Ele também me confidenciou que depois que entrou na JUFRA ele realizou um sonho que foi aprender a ler e assim fazer uma leitura do evangelho, pois teve que abandonar os estudos para trabalhar e sustentar a família. Ali eu senti o que a JUFRA poderia ser para um Jovem.

Blog Frei Leão - Você foi um dos responsáveis pela elaboração do texto preparatório para a "Carta de Guaratinguetá", e provavelmente, devido ás suas atribuições, um dos responsáveis pela elaboração técnica e intelectual da Carta propriamente dita, que tem como fio condutor básico o tema "A Jufra que queremos ser". Em poucas linhas, o que a Jufra quer de fato ser, ou quer fazer do seu futuro?

Thiago - A Carta de Guaratinguetá representa bem o que realmente foi esse Encontro dos 40 anos da JUFRA, e acredito que representa o que hoje somos como Jovens Franciscanos. A JUFRA quer ser uma opção diferente de vida, que busca formar os jovens de forma consciente através de valores humanos, cristãos, sociais e franciscanos para a vida em todas as suas perspectivas. A JUFRA quer ser através da nossa atuação em nossas fraternidades locais, famílias, paróquias, bairros, faculdade/escolas, trabalho, a presença viva do evangelho.

Blog Frei Leão - Perguntas curtas (elencamos uma série de fatos sobre a vida de são Francisco(sf) e santa Clara(sc), e o entrevistado indica o que lhe vem a cabeça quando pensa nessas passagens ou citações)

a) "Francisco, não vês que minha casa está em ruínas? Vá, pois e reconstrói a minha Igreja!"(sf)
Um retiro regional em 2006 onde me senti chamado a viver o carisma franciscano.

b) "E aquilo que me era amargo, se tornou doçura do corpo e da alma"(sf)
O servir aos irmãos

c) "E foi assim que o Senhor me deu irmãos..."(sf)
Minha Fraternidade Local

d) " Não perca de vista seu ponto de partida"(sc)
Minha Família

e) "[...] e é morrendo que se vive para a vida eterna."(sf)
O trabalho no nacional e no regional

f) "Se olhares para Deus, o que tanto te preocupa vai parecer insignificante".(sc)
O Santíssimo sacramento

g) "O silêncio é a linguagem de quem ama".(sc)
Encontrar um(a) irmão(ã)

Blog Frei Leão - Por fim, qual sua mensagem á juventude franciscana do Brasil por ocasião das comemorações de seus 40 anos?

Thiago - Meus irmãos, que possamos nesse momento fortalecer nossa fé e assumir a cada dia nosso compromisso. Que possamos ser responsáveis pela continuação desse ideal de vida que tantas vidas modificou e que tantas ainda pode modificar. Que nosso pai seráfico continue sendo nosso exemplo de vida, e que como ele possamos imitar a Cristo, precisamos todos juntos começar e recomeçar, pois até agora, pouco a nada fizemos. Paz e bem!

Arte e reflexão(2) - 2ªTEMPORADA

Continuando a coluna Arte e reflexão (2ª temporada), apresentamos hoje mais uma pintura de frei Dito, OFM, acompanhada de um trecho da biografia de São Francisco escrita por Tomas de Celano, que combina muito bem com a tela.


"O bem-aventurado Francisco ia atravessando numa barca o lago de Rieti, a caminho do eremitério de Grécio.
Um pescador ofereceu-lhe um passarinho aquático, para que se alegrasse no Senhor.
O bem-aventurado pai recebeu-o com alegria, abriu as mãos e o convidou delicadamente a ir embora.
O passarinho não quis ir, mas se aninhou em suas mãos. O santo levantou os olhos e se pôs a orar.
Depois de um bom tempo, como se estivesse voltando a si de um outro mundo, ordenou com bondade à ave que voltasse sem medo para sua primitiva liberdade.
Recebendo a licença com a sua bênção, o passarinho demonstrou sua alegria com um movimento do corpo e voou".
(2Celano 167,1-6)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

"10"

"Todas as vezes que o repreendiam pela aspereza da vida que levava, respondia que tinha sido dado à Ordem como exemplo, para provocar seus filhotes a voar como uma águia." (2Celano 173, 1)

Francisco tinha sempre uma resposta objetiva e quase que imperativa, ainda que demasiadamente fraterna, frente as interpelações que lhe eram feitas. Clareza e inspiração divina são suas marcas em meio às contestações que eram levantadas.
Por isso ele explica o 'porque' daquela forma de vida tão áspera aos olhos de muitos, aos muitos que o interrogam. Assim, o poverrello utiliza a metáfora da águia que com seu exemplo provoca seus filhotes a voarem.
Que sublime exemplo nós temos, meus irmãos!
Seguimos uma águia que provocou a tantos, e que foi provocado tão proximamente por uma 'ave' imensamente maior do que qualquer outra: o próprio Cristo.
Que exemplo inspirador!
Mas será que, de fato, nos motivamos com tal exemplo?
Nos assemelhamos a águias que alçam os mais altos vôos junto ao Seráfico Pai? Ou será que, presos à nossa mediocridade e mesquinhez humanas, vemos nosso peso espiritual se multiplicar por falhas e nosso vôo se comparar ao de uma galinha?
Nada contra as galinhas, muito pelo contrário! O próprio Deus em relação a nós, através do salmista, se compara a uma quando nos convida a encontrar refugio sob suas asas, tal como pintinhos. Mas se somos convidados a assumir uma outra metáfora, e alçar vôos mais altos, então não podemos nos esconder por detrás dessa proposta.
É necessário que nos desfaçamos de nossos pesos, de modo a alongarmos ainda mais nossas asas. Abrir mão de nossos pecados para ganhar mais forças para o 'bater das asas'. E levantar a cabeça para ver logo acima de nós, aqueles que nos inspiram e que voam à nossa frente.
Preparado?
Não?
Não tem problema! A maioria de nós terá dificuldades em voar de maneira tão sublime quanto Francisco. Mas é preciso que tentemos constantemente a apreender a arte do vôo.
A quedas acontecerão. Os arranhões decorrentes da queda também. Talvez até algo se quebre nessas tentativas. Mas não deixe de tentar.

Porque se por fim não conseguirmos voar como Francisco, após tantas tentativas teremos pelo menos adquirido algumas 'ásperas marcas' e ainda inspiraremos um outro a bater asas conosco.

Bom vôo!

Wendell Ferreira Blois
subsecretário de formação

Arte e reflexão - 2ªTEMPORADA

Iniciamos hoje a 2ª temporada da coluna "Arte e reflexão". Agora, apresentando as pinturas de frei Dito (Benedito Gonçalves), OFM,(Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil) sempre acompanhadas por um pequeno texto que nos leve a reflexão de algum ponto do carisma franciscano.
Hoje, começamos com uma pintura razoavelmente conhecida entre os franciscanos, acompanhada por uma explicação do próprio frei Dito acerca dos símbolos presentes na tela.


Elementos do Crucifixo

1) O formato é do crucifixo de S. Damião (crucifixo bizantino com influência ciríaca); no entanto, o crucifixo de S. Francisco é fruto da interposição da cruz de Jesus (S. Damião), e a de Francisco (Tau), esta feita em dourado, enquanto aquela guarda as cores preta e vermelha das laterais.
2) Na parte superior do crucifixo, vê-se a realidade celeste. Do semicírculo (mistério do Pai) saem as mãos dos Pai que envia novamente seu Espírito (pomba) com o fogo (dons) e o vento (ar) pairar sobre a água da qual emerge a terra. Os quatro elementos estão novamente harmonizados e pacificados, redimidos. A pomba e os ramos verdes (esperança e paz) e os três peixes (plenitude da vida transformando o caos), são símbolos da boa-nova de Francisco - parte inferior do crucifixo.
3) As três pombas (nos braços e sob os pés), representam a plena paz e não-violência vividas e pregadas por São Francisco: mensagem salvífica estendida a toda a criação, a todos e a tudo que existe no universo, representados pelo irmão sol, a irmã lua e as irmãs estrelas (nas extremidades das mãos).
4) O seguimento do evangelho por S. Francisco (boa-nova a todo o universo) está representado à esquerda do santo: Clara, primeira mulher franciscana e plantinha dileta, com as mãos indica as chagas. Leão, ovelhinha de Deus, irmão, fiel discípulo e enfermeiro de S. Francisco, o aponta como exemplo a ser seguido, como ele próprio o fez com fidelidade até o fim de sua vida. Por fim, o menino frade (cuja lembrança foi perpetuada em Fioretti 17), que com muito amor e admiração por S. Francisco, cresceu em sua imitação (em idade, graça e sabedoria), passando à eternidade em fama de santidade (na ponta dos pés: entusiasmo no seguimento de S. Francisco).
5) A mensagem franciscana continua (ou deveria continuar) sendo vivida por seus seguidores(as) de hoje e de sempre (lado direito), chamados à identificação e serviço aos leprosos de nosso tempo e de tempos vindouros. Chamados a anunciar que toda a criação tem futuro, que é chamada a viver com harmonia e paz (lobo e ovelha; pombos e falcão); que será também redimida, eternizada.
6) Assim, na parte superior, de um lado das mãos do Pai, está Jesus Cristo, que, com sua cruz (+)redime o gênero humano. Do outro lado está Francisco, imagem do Cristo, com sua mensagem de paz. Com sua cruz (T), lembra o destino de todo o universo (sol, terra, lua...) à eternidade. A paz universal (entre toda a criação e entre homens e mulheres de todas as raças, línguas e religiões) representada pelo lobo e o cordeiro. A rosa de Assis (branca e vermelha, sem espinhos) representa o amor radical e incondicional de Francisco, amor que participa da redenção operada por Jesus.
7) Francisco, na verdade, paira em forma de cruz, tocando com sua presença toda a criação, de seu nascimento à eternidade, tocando também a história humana, com homens e mulheres que caminham neste mundo até o retorno à casa do Pai.
8)Todo o crucifixo é emoldurado por conchinhas douradas, símbolos da eternidade gloriosa da qual o menor entre os menores participa no céu.
9) Em S. Francisco se vê o homem verdadeiramente novo, o homem do paraíso, crístico, que, ao fim da vida, traz no corpo os sagrados estigmas, sinais na carne de sua pessoa divinizada, símbolos do extremo amor a tudo que existe. Não levado à cruz, mas profunda e inteiramente identificado com ela. Crucifixão mística (por opção). Francisco restaura, amplia e aperfeiçoa a Igreja. Em Francisco, o evangelho se abre a todo o universo. Todas as dimensões da existência humana, destinadas à pacificação e à redenção, encontram-se figuradas no peito aberto de Francisco.
10) O Cristo manifestou-se novamente, visitou nossa realidade humana e universal na pessoa do pobrezinho de Assis.

PAZ E BEM!

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

DESTAQUE DA SEMANA

Em 13 de março de 1888, ou seja, a 123 anos, através da assinatura da princesa regente, se abolia a escravatura no Brasil. Mas o que de fato foi abolido é a "instituição escravidão" como principal mão-de-obra em nosso período colonial e também no imperial, já em decadência, e não a série de problemáticas que envolvem a inserção do negro em nossa sociedade.
Mas não é a esse momento histórico que o "20 de novembro" se remete!
A data em questão, e celebrada por muitos no último domingo, lembra a 'resistência' dos negros que insatisfeitos com a vida a que eram submetidos, fugiam do chicote de seus senhores, vindo a se esconder e formar comunidades popularmente conhecidas como quilombos. A mais popular dessas comunidades é a de Palmares, liderada pelo lendário Zumbi. Mas também não quero me apegar a este último, que aparece como ícone e simbolo da luta pelos direitos do negro no Brasil contemporâneo, pois conforme apontam muitos historiadores especializados nesse tema, o próprio Zumbi escravizava seus 'irmãos' dentro de seus domínios!
Partamos da seguinte citação de São Francisco "Todos os seres são iguais, pela sua origem, seus direitos naturais e divinos e seu objetivo final."
Ser igual!
Não importa a cor, raça, credo, opções diversas ou idioma!
Somos todos iguais!
É uma pena que muitas vezes, os movimentos que se propõem a lutar por esses objetivos de igualdade, utilizem de artifícios que promovem um falsa sensação de igualdade. Igualdade proposta por determinado setor, privilegiando a si próprio em detração do outro. Isso não é igualdade!
Os brasileiros tem uma péssima mania: explicar os problemas de desenvolvimento atuais em função de seu passado de dominação colonial. Meus caros, isso é covardia! Já tivemos pelo menos 180 anos para mudar essa situação de dependência.
E parece que o movimento negro vai para esse mesma tendência explicativa.

Mas, afinal, pra quem vai o destaque da semana?
Para a contradição de um feriado criado em torno de um ícone duvidoso, afim de lançar luz em torno de um debate de fins desiguais e que prestigia uma pequena parcela da população... parcela essa que não abrange a grande massa que contribuiu, e ainda contribui maciçamente, com a construção do Brasil: os negros!

Wendell Ferreira Blois
subsecretario de formação