A imagem de São Francisco, bem como de tantos outros personagens da história universal, é cercado por mitos e lendas que, em sua maioria, são mentiras forjadas para determinados fins ou 'verdades sem fundamento', e portanto, inverídicas.
Elencamos abaixo algumas perguntas que muitas vezes vêm à cabeça de novos irmãs e irmãos franciscanos, 'franciscanófilos' ou curiosos que se debruçam e deleitam sobre a história de nosso Seráfico Pai.
São Francisco foi, ou pretendia ser, de alguma forma, um novo Cristo?
Uma corrente de biógrafos de Francisco de Assis, ao empreender a escrita sobre a vida do
assissiense tentou aproximar o máximo possível a imagem do mesmo à narração evangélica da vida de Jesus. É claro que Francisco pretendia e viveu com radicalidade a mensagem de Cristo, mas em uma sociedade que utilizava basicamente os evangelhos como prova de erudição ou decoração, os atos do Seráfico Pai só poderiam causar um assombro como o do Filho de Deus em sua missão pela terra.
Francisco foi alguém que viveu plenamente o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas com originalidade, e atento às necessidade e carências de seu tempo, e não como um mero imitador.
“Eu vivo, mas já não sou eu quem vive, é Cristo que vive em mim” (Gálatas 2,20)
As marcas que São Francisco trazia em seu corpo nos últimos dois anos de sua vida teriam sido um caso excepcional de lepra e não a estigmatização, tal como em Jesus?
Nos últimos anos, uma série de romances ficcionais ganharam a leitura do grande público justamente por tentarem lançar luz sobre lendas e mitos da história de diversos personagens. E com Francisco não foi diferente.
Seguindo o sucesso do escritor Dan Brown e sua histórias sensacionalistas que envolvem os segredos da Igreja Católica e da própria de vida Jesus, a obra 'Conspiração franciscana', de John Sack, lançado em 2007, utiliza dos mesmos recursos.
A principal hipótese costurada pelo autor nesta trama, é justamente a questão da estigmatização de São Francisco, que na verdade seria um caso particular e excepcional pelas condições e manifestação de lepra, mas que a própria ordem dos frades menores teria ocultado ao longo dos anos. Sack, porém, não apresenta nenhum argumento que justificasse essa hipótese, além do fato que é de conhecimento geral, que Francisco conviveu certo tempo com leprosos ou próximo a um leprosário, o que nos faz acreditar que essa mentira foi criada tão somente para angariar alguns milhares de dólares com a venda do livro, que alcançou alguma repercussão quando de sua publicação.
Francisco e Clara de Assis tiveram uma relação afetiva ou amorosa no sentido literal da expressão, como homem e mulher?
Essa é uma das questões mais corriqueiras para os irmãos que iniciam sua formação enquanto franciscanos.
como é de conhecimento, muitas das fontes que contam a vida de Francisco e Clara de Assis foram encontradas de forma esparsada ao longo de todo o século XX. Muito do que se sabia até então acerca da vida destes dois grandes santos foi transmitido pela tradição oral por quase 800 anos. Essa tradição oral permitiu que muitas histórias ficticiosas dos
assissienses fossem introduzidas ao relato original, o que ocasionou que tal impressão se difundisse pelo tempo.
Essa questão também fica muito clara em diversos filmes que tentam, a seu modo, reproduzir a vida de ambos. É válido recordar que essa obras cinematográficas tem, antes de tudo, um interesse comercial, e não necessariamente um apego ou zelo pelas fontes, por isso propõem reiteradas vezes um suposto romance aos moldes de 'Tristão e Isolda' ou 'Romeu e Julieta', que tanto agradam ao público.
É certo que havia um imenso amor entre os dois, mas não um amor
eros/ carnal, e sim um amor fraterno, que imanava antes de tudo de Deus.
A 'Oração pela paz' (Senhor fazei de mim um instrumento de tua paz!) é de autoria de São Francisco?
O leitor que comparar a 'Oração pela paz' com outras orações ou composições semelhantes de São Francisco, pode alegar com alguma convicção que elas tem um estilo comum, ou ao menos muito parecido.
Os estudiosos, porém, dizem que essa oração foi escrita muito provavelmente no século XX, durante o período da 2ª Guerra Mundial, por um soldado ou alguém que de alguma forma conhecia o cerne dos ensinamento de Francisco, e principalmente o seu apreço pela paz.
Essa explicação é razoavelmente plausível tendo em vista as muitas composições religiosas compiladas em períodos de grande aflição, como no caso particular da Segunda Grande Guerra. Não se sabe quem de fato é seu autor, mas é claro que a mensagem sintetiza o anseio pela paz tal como o nosso Seráfico Pai.
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PAZ E BEM!