4º Domingo do Tempo Comum
Evangelho (Marcos 1,21-28)
Depois do convite à conversão e à fé, Jesus entra na sinagoga e começa a ensinar. Mas o que á a sinagoga? O que se fazia aí? Quem freqüentava este local?
A sinagoga é casa de oração do povo de Deus, é o local também de estudo e aprendizagem da palavra do Senhor. Neste local os doutores e mestres da lei ensinavam a Palavra de Deus e o povo judeu procurava aprender com os mestres e doutores, porém, os pagãos acabavam também entrando na sinagoga mesmo sem permissão, pois queriam ouvir uma palavra de vida e libertação. No entanto esses mestres e doutores falavam de Deus, mas não falavam com Ele; sabiam muitas teorias sobre Deus, mas não tinham intimidade com Ele, por isso as palavras dos mestres e doutores eram palavras sem autoridade, eles só tinham teorias e não praticavam nada do que falavam!
Agora Jesus entra na sinagoga e o povo ficou admirado com a sua pregação, porque ele ensinava como quem que tem autoridade e não como os mestres da lei (v. 22). Por isso que um homem possuído por um espírito mal foi libertado. Mas o que é isto? O homem possuído pelo espírito mal é símbolo de todas as pessoas despersonalizadas às quais foi impedido falar e agir como sujeitos da própria vida e da história. Não são donas de si próprias. Mas o ensinamento de Jesus é novo, porque liberta ao mesmo tempo em que ensina.
Notamos aqui que o espírito fala no plural: “O que queres de nós”. (v24), isto é um sinal de que representa de fato tudo o que despersonaliza e aliena as pessoas como a violência, a corrupção, a miséria, a fome e tudo aquilo que fere a dignidade humana. Então notamos que Jesus é aquele que veio destruir o mal que aliena as pessoas. Diante da Palavra de autoridade de Jesus o espírito mal calou a boca (v25), e a fama de Jesus se espalhava por toda região da Galiléia.
Hoje nós que somos discípulos de Jesus, que ouvimos e pregamos sua palavra, precisamos falar com autoridade; mas já aprendemos que falar com autoridade é viver o que se prega, é falar com Deus e não somente de Deus. Sendo assim, nossa palavra será libertadora na defesa da dignidade humana e mais forte de qualquer espírito mau que despersonaliza e fere a condição humana.
Frei Gilmar Vasques Carreira, Ofm, é frade franciscano ligado à Custódia do Sagrado Coração de Jesus e vigário da paróquia São Judas Tadeu de Franca-SP.