sexta-feira, 30 de março de 2012

ARTE E REFLEXÃO

Iniciamos hoje uma nova temporada da série 'Arte e reflexão'.
A novidade desta temporada são as historinhas de Jesus, as parábolas, contadas em forma de quadrinhos japoneses, o MANGÁ!
Boa Leitura!
(Clique na imagem para aumentar)







"A Bíblia em Mangá – O Novo Testamento"
Ajinbayo e Akin Akinsiku

quinta-feira, 29 de março de 2012

FRATERNIDADE: PARTE I

Refletindo sobre o Compromisso Franciscano de Vida, hoje começaremos a falar sobre FRATERNIDADE, tema já incansavelmente discutido. Esta reflexão será dividida em duas partes, e nesta primeira vamos conceituar fraternidade, à luz do muito que já se tem escrito a respeito.
Vale a pena começar por São Francisco:
"E depois que o Senhor meu deu irmãos, ninguém mais me disse o que eu deveria fazer, mas o Altíssimo mesmo me revelou que eu deveria viver segundo a forma do Santo Evangelho."
Bem no início de seu testamento Francisco se expressa dessa forma se referindo aos seus irmãos, que o Senhor lhe deu. E de fato não são menos que isso, presente do Deus Altíssimo.
Todos, quando se propõem viver a vocação franciscana, receberam de Deus vários irmãos, na chamada fraternidade, para que façam juntos a experiência do Evangelho. Pessoas que cheias do Espírito Santo distribuidor dos dons, se sentem chamados a partilhar entre irmãos o evangelho de Jesus Cristo.


A fraternidade é o lugar onde tudo acontece, onde se descobre sempre mais o evangelho, e a própria necessidade em vivê-lo. Onde cada irmão vai dando seu testemunho, mesmo que pequenos, mas que nos modificam. É o lugar que nos sentimos acolhidos, por irmãos que sempre estão a te esperar. É o lugar onde ninguém precisa de máscaras, cada um é o que é. É o lugar de recobrar as forças, e dividir os pesos.
Fraternidade é o local onde se é interpelado ao pedido do evangelho, a necessidade de ser evangelho.
É o local onde se pode viver a plenitude da vocação; vocação aqui entendida como "chamado" e "resposta"; chamado de um Deus que nos convida a viver em fraternidade, e resposta do ser humano que na fraternidade dá seu sim a Deus.
Fraternidade é o lugar das rosas, onde cada irmão trás um cheiro diferente, mas que trás consigo também alguns espinhos. E aqui nos deparamos com a grande graça da fraternidade: Não se abandona as rosas por causa dos seus espinhos, antes cultiva-as com mais carinho e se aprende a lidar com seus espinhos.
Existe um ditado, muitas vezes usado com sentido pejorativo que diz: "Família ninguém escolhe!" Fraternidade também é uma família que nós não escolhemos, mas como nossa família sanguínea ou adotiva, são presentes que Deus nos dá. Não servem para serem usados, mas para serem cuidados.

Novamente Francisco dizia que os irmãos deveriam nutrir entre si o mesmo amor que uma mãe nutria por seus filhos. E aqui está da forma mais clara do que é fraternidade.

Este texto, talvez não seja tão claro como deveria; tinha como princípio elucidar um pouco do que é fraternidade, mas existem algumas peculiaridades e curiosidades que também são necessárias para um melhor entendimento, e esse é o foco do nosso próximo texto.

Novamente o convite:

ATREVA-TE!


Fraternalmente

Mateus Agostini Garcia
Secretário Fraterno Local

quarta-feira, 28 de março de 2012

VERDADES E MENTIRAS SOBRE FRANCISCO DE ASSIS

Continuamos respondendo algumas questões corriqueiras a cerca da vida de São Francisco de Assis.

Mas antes de iniciar as próximas linhas, gostaria de fazer uma observação. Alguns de nossos leitores, por um motivo ou outro, podem pensar como um simples blog, de uma fraternidade de juventude franciscana, pode afirmar ou negar alguns pontos ou crenças comuns sobre a vida de São Francisco?
Voltemos ao principio deste blog.
Quando retomamos as atividades do mesmo em agosto de 2011, a nossa intenção era que não publicássemos apenas noticias sobre a nossa fraternidade, mas sim, textos e outras coisas uteis à nossa formação e que pudêssemos compartilhar com outros irmão e irmãs através da web.

Ao empreender a tarefa de levantar algumas verdades e mentiras sobre São Francisco, eu, Wendell, que assino esta coluna, utilizo não apenas meus estudos de formação franciscana, mas também, e com a dose certa, os instrumentos e métodos adquiridos em minha graduação como historiador. Sobre essa prática, vale a pena ressaltar que, ao me propor a escrever algo, utilizo de fontes que, se não estão citadas nessa coluna em questão, é pelo simples fato de tentar facilitar ao máximo a linguagem do texto.

Leituras dúbias ou relativizadoras destas questões que elencamos abaixo sempre existiram e existirão. Nossa proposta é apenas tentar facilitar e esclarecer alguns pontos.
PAZ E BEM!

Wendell Ferreira Blois
subsecretário de formação




Francisco de Assis era um iletrado, analfabeto ou ignorante no sentido intelectual?

Quando lemos em determinados pontos das fontes franciscanas que Francisco pedia que certo frade lesse algo para ele, ou que escrevesse algo, até podemos ter essa falsa impressão.
Mas como sabemos, Francisco provinha de uma família burguesa, o que nos afirma dizer que, ainda que não fosse nenhum gênio intelectual, mesmo assim ele deveria ter noções mais do que básicas de escrita e cálculo, de modo a auxiliar seu pai em seus negócios comerciais.
Outro fato bastante interessante, e que justifica o fato do assissiense pedir a seus confrades para que escrevessem conforme sua inspiração, era a sua debilidade física que desde seus retorno do Oriente só piorava. Só para termos como base, entre escritos e ditados, Francisco de Assis compôs mais cartas, exortações, mensagens e orações do que São Domingos de Gusmão, religioso espanhol e pai dos frades pregadores.


São Francisco foi considerado um penitente pelo fato de se flagelar, de castigar o seu próprio corpo?

Essa é uma das questões mais incoerentes em torno da vida de Francisco.
É inegável que o Seráfico Pai, como um homem próprio do seu tempo, fazia do sacrifício corporal um exercício de aproximação com Deus. Francisco pede, inclusive, perdão ao 'Irmão Corpo' por tê-lo castigado tanto.
Talvez, por isso, a leitura que fazemos a respeito do sentido com que o poverello se utiliza desse termo em suas composições parece ser um tanto quanto equivocado.
O termo original em latim - algo parecido com 'paenitencia' - quer dizer 'estar ou sentir falta'. São Francisco insere esse termo em relação à sua busca incessante de Deus, Aquele de quem ele sente tanta falta.
Como o termo que designa castigo ou flagelação - 'poenitencia' - é bastante parecido com o anterior, ambos foram se conjugando e formando um único termo, mas com significados distintos em sua aplicação temporal.
Portanto, no seu significado original, podemos dizer que São Francisco foi um legitimo 'penitente', no sentido de sentir constantemente falta de Deus e buscá-lo de forma incessante.


As fontes franciscanas contêm toda a verdade em relação à vida de São Francisco?
Muitos leitores desatentos ou desavisados não se atém a essa questão, e se embrenham pelas diversas biografias de São Francisco sem uma prévia introdução para as mesmas.
O estudo das fontes históricas e, portanto, também das fontes franciscanas, nos mostra que todo individuo que escreve algo, escreve sobre uma perspectiva muito própria, com um objetivo mais ou menos definido, e um 'público alvo especifico'. Os principais biógrafos do Seráfico Pai não fogem à regra.
Tomas de Celano, Boaventura de Bagnoregio, e os diversos escritores que se mantem anônimos ou desconhecidos pelo tempo, mas que em sua maioria são considerados de inspiração leonina (referente aos escritos de Frei Leão), tinham seus interesses próprios ao escreverem tais biografias; tinham um interlocutor (leitor) preciso e um método muito próprio para alcançar seus objetivos.
O tempo e os interesses humanos impõem suas sombras sobre o 'homem histórico' chamado Francisco.
Mas há uma fonte muito boa para se conhecer, com alguma precisão, nosso Seráfico Pai : os santos evangelhos!
Pois, se não sabemos ao certo até que ponto as conhecidas biografias de São Francisco foram manipuladas, sabemos que a vida do assissiense foi completamente espelhada no exemplo de nosso senhor Jesus Cristo.
Ainda assim, é muito válido a leitura e o estudo das chamadas fontes franciscanas, de modo a entender a construção do 'personagem' Francisco de Assis pelos mais diversos escritores e seus múltiplos interesses em assim fazê-lo.


Caso haja alguma dúvida ou questão que você queira nos fazer, basta postar um comentário logo abaixo e nós nos esforçaremos para respondê-lo.
Para conferir outras 'VERDADES E MENTIRAS SOBRE FRANCISCO DE ASSIS',
Clique aqui!

terça-feira, 27 de março de 2012

"17"

“Os meus irmãos que se deixam arrastar pela curiosidade da ciência vão se encontrar de mãos vazias no dia da retribuição. Gostaria que se reforçassem mais com virtudes para que, vindo os tempos de tribulação, tivessem o Senhor consigo na angústia." (2Celano 195, 2-3)

Quanta atualidade nestas palavras!
Muitos dos que estão lendo estas linhas hão de concordar comigo: estas palavras de São Francisco, proferidas a 800 anos, são repletas de uma atualidade descomunal.
Regulares ou seculares, os franciscanos ainda passam por uma certa crise de identidade em relação aos seus estudos, sobre sua necessidade ou não, bem como a profundidade dos mesmos.
Francisco era um homem dado às ações, não à letra.

Ainda quando o assissiense era vivo, muitos de seus seguidores pediram-no que pudessem estudar, de modo a servir melhor a Deus, e se aprofundar na sapiência divina.
Muitos franciscanos contemporâneos são frutos dessa corrente. Se apaixonaram pelo ideal franciscano de vida, pela essência tão simples do Seráfico Pai, mas no momento em que deveriam partir para o mais difícil, a vivência plena concretizada nas ações, esses ditos franciscanos esmorecem.
Para esses, o franciscanismo está ligado mais a uma filosofia de vida, do que um modo de vida propriamente dita.

E nesse ponto escrevo aos seculares: há muitos franciscanos por ai se escondendo por detrás de montanhas de livros, procurando se aprofundar em conhecimentos que, se não forem colocados em pratica, não são mais fundos do que uma poça de água em dia de chuva.

Há tanto trabalho pra fazer nas mais diversas pastorais e movimentos dessa nossa Igreja, mas muitos franciscanos, do alto de sua erudição, preferem permanecer na comodidade de suas reuniões de formação e grupos de estudo.
Erudição!
Palavra bonita. Mozart, Beethoven, Wagner e muitas outras personalidades são exemplos de erudição. Mas nenhum desses era franciscano!
Suas obras estão mais ligadas ao mundo das ideias do que das ações, propriamente ditas.

Franciscano parado, sem ação, pode ser qualquer coisa, menos franciscano.
Pensemos nisso!

Wendell Ferreira Blois
subsecretario de formação

 

segunda-feira, 26 de março de 2012

DESTAQUE DA SEMANA

Neste fim de semana conversava com um irmão iniciante da Jufra, e perguntando qual a principal característica que ele guarda, na memória e no coração, sobre São Francisco, o mesmo  me respondeu que é a alegria de servir tão presente e tão intensa na historia do Seráfico Pai.
Realmente, a alegria de servir a Deus e a seus irmãos é uma característica muito própria de Francisco, mas não apenas de Francisco, o de Assis, especificamente, mas de tantos outros que tomam sobre si o patronato e a benção do assissiense.
Aqui já nos referimos a alegria de um outro Francisco, não o de Assis, mas o de Maranguape (CE), o Anísio!
Esse que não servia com alegria, e sim, servia a alegria para todos aqueles que assim o fizessem e quisessem.
Eis um franciscano!
Sem hábito, profissão religiosa ou regra.
Sua regra era o riso, a alegria do outro.
Não um riso forçado, mas algo bem trabalhado. Não complexo, mas simples ... simples como era o gosto de Francisco, o de Assis e o Anísio.
Tão franciscano que um companheiro seu, um franciscano de hábito, se fez presente para acalentar e confortar, da maneira do santo de Assis, os parentes e amigos de seu xará.

"Foi uma cerimônia linda, de várias crenças, mas quem conduziu foi um frei franciscano (Frei Jhonatha Gerber), pois o Chico sempre dizia que era um franciscano."
Parafraseando Guimarães Rosa que dizia algo como 'morrer é encantar-se', podemos ver ai tanto como Francisco, o de Assis, que se encantou nos braços da irmã Morte, tanto como o Francisco, o Anísio, que nos encantou durante toda a sua vida, e por muito tempo ainda nos encantará com sua multiplicidade de personagens.

À moda de Francisco de Assis, desejamos 'paz e bem' a você: Chico Anísio, franciscano de nome e de coração.


Wendell Ferreira Blois
subsecretário de formação

domingo, 25 de março de 2012

Crônicas da terra de Francisco

 por Frei Bruno Scapolan, ofm.

Caríssimos irmãos, paz e bem!
Venho mais uma vez compartilhar com vocês um pouco da minha experiência aqui "nas terras do Seráfico Pai Francisco".
Domingo passado na Igreja San Pietro ad Aram fiz a divulgação do projeto "Adozione a Distanza" (Adoção à distância) em prol das crianças que atendemos em nossas obras sociais no Brasil. Eu falei um pouco do trabalho dos frades em diversas Obras Sociais no norte, nordeste e centro-este do Estado de São Paulo atendendo mais de mil crianças de baixa renda. Aproveitei para animar a missa tocando violão e por ser um dia de divulgação da missão dos frades no Brasil, eu cantei os cantos em português e os refrões em italiano. A assembléia gostou muito.
Enquanto Frei Nunzio e eu caminhávamos para a Igreja, fomos rezando o Santo Terço, pedindo a intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria por todas as  pessoas que ainda dormiam. De repente um morador de rua, que já conhece o Frei Nunzio, parou-nos e conversou um pouco com Frei Nunzio no dialeto Napoletano que eu ainda não consigo entender. Depois Frei Nunzio me apresentou e disse que eu vinha do Brasil. Ele viu o meu cordão do hábito e me disse: "Nossa! Como é Branco! Você sabe o que significa branco?" E eu quis dar uma explicação científica sobre a cor branca. E ele me disse: "Não! Você não sabe o que significa a cor branca?". Daí eu respondi de um modo mais simples e conforme nos diz as Sagradas Escrituras: "Significa pureza!" E ele me disse: "Bravo! Isso mesmo!". Eu comecei a pensar, quantas vezes nós procuramos dar explicações científicas ou usamos e abusamos da retórica em nossas reflexões e homilias, sendo que o essencial é bem mais simples e nos aproxima muito mais das pessoas simples e humildes. Foi a minha lição na manhã de domingo. Depois por mais um dia tivemos o almoço com os pobre e o grupo era bem maior. A princípio pensamos que a cominda não daria, pois não esperávamos tanto e o gesto mais bonito foi que os frades deixaram para se servir por último, depois que tiveram a certeza que todos os pobres estavam bem alimentados. E o mais interessante é que a comida deu para todo mundo. Deus não desampara os seus filhos.
Terça-feira tive a oportunidade de viajar para uma Ilha chamada Ischia com o Frei Nunzio. Foi uma viagem belíssima, pois esta ilha é maravilhosa. Fomos apenas por algumas horas, pois o Frei Nunzio tinha que celebrar uma missa em uma cidadezinha desta Ilha chamada Forio. O lugar é maravilhoso e me lembrava aqueles filmes históricos. As pessoas eram muito simples e acolhedoras. Depois retornamos de navio nas quase 2 horas de retorno fiquei imaginando os frades que partiram daqui de Nápoles para o Brasil e passaram 30 dias no navio sem saber como seria a missão no Brasil. Um exemplo vivo destes pioneiros é o Fr. Berardo que mora em Franca com quase 100 anos de idade.
Recebi também a visita de amigos que vieram conhecer o convento de Santa Clara. Eles estudam italiano comigo: Matilda é suéca, o seu namorado Marco é italiano e uma austríaca chamada Daniella. Fizemos bastante fotos e conversamos muito sobre os nossos países, o mais interessante é que cada um era de um país diferente.
Pos firm, está acontecendo aqui uma convivência vocacional. Estão presentes os 4 aspirantes e três vocacionadas. Rezemos por eles e para que Deus continue chamando vocações aqui na Itália.
Abraços e ótima semana a todos.

Obs. Na foto são meus amigos Matilda e Marco.