"'Ó Alma santissima, em cujo passamento
acorrem os cidadãos do Céu.
Os coros dos Anjos exultam,
e a gloriosa Trindade convida dizendo:
- Permanece conosco para sempre!" (Salmo do trânsito de S. Francisco)
"No fim do homem - diz o Sábio - suas obras serão desnudadas. Neste santo vemos que isso se realizou por completo, e gloriosamente." (2Celano 214, 1-2)
03 de outubro de 1226.
Vésperas.
Nas proximidades de Assis.
Um homem, que vinte anos atrás havia dado à Igreja um exemplo radical de vida evangélica, de vida dedicada à causa de Cristo, agora estava quase que irreconhecivel em meio aos irmãos que o cercava.
O que estava acontecendo?
Um homem que a principio parecia como um moribundo, q uase que entregue à morte, apresenta aspecto sereno e alegre.
"- Mas o que é isso?", indagavam os frades.Tal aspecto do "quase morto" deixava os presentes intrigados.
E quem era esse?
Só poderia ser o tal Francisco! O assissiense que, a exemplo de Cristo, até na morte foi motivo de escândalo entre os que ali estavam.
Ora, como poderia estar triste o homem que, em vida, contemplara as maravilhas do Senhor; o homem que carregara as marcas e sentira o amor e a dor do Cristo crucificado; e que por vinte anos se deixou levar pela força do Espirito Santo?
Como ele mesmo descrevera anos antes, era chegado o momento do grande encontro com a Irmã morte, da qual nenhum homem vivente poderia escapar.
Deitado sobre uma pedra, sem ter com que se vestir (mantendo assim sua fidelidade à dama Pobreza), voltava à forma com que inciara sua caminhada: nú. Assim como o "menino deus" nascera sem qualquer luxo e morrera envolta a farrapos, Fra n cisco procurou imitá-lo com perfeição.
Antes, partiu o pão com seus frades e os abençoou!
E, finalmente, seu corpo descansou no Senhor, e sua alma se precipitou diante do abismo da claridade divina.
Desse mesmo modo, somos convidados a celebrar com alegria o trânsito de Francisco para a vida eterna. Mas não é só um convite para uma celebração, muitas vezes, pomposa, e que tantas outras vezes nos serve sdomente para comemorarmos e confraternizarmos.Este é um convite maior, um desafio!
Nesta celebração somos desafiados a abandonar uma vez mais nossa realidade pecadora e nos "re-ligarmos" à nossa dimensão divina. Somos desafiados a nos alegrar com a morte, e entender sua função como portal para a verdadeira vida, que é a vida eterna. Somos desafiados a nos desnudar espitiritualmente e deixar transparecer, ao Senhor, tão somente o que somos.
Por fim, somos convidados a elevar ação de graças a Deus pela dádiva d e, durante algum tempo, desfrutarmos de presença tão divina (ainda que com feições humanas) entre nós!
Louvado sejas meu Senhor, pela vida de Francisco de Assis!
Assim seja, Amém!
Wendell F. Blois
subsecretario de formação
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