terça-feira, 3 de janeiro de 2012

"13"

"Lia os livros sagrados, de quando em quando, mas o que punha uma vez no espírito ficava indelevelmente escrito em seu coração" (2Celano 102,3)

Francisco foi um homem repleto das palavras do Senhor. Sem dúvida alguma, ainda que não pregasse abertamente com palavras, testemunhou e foi um grande arauto do evangelho, da boa-nova de Jesus.
Como o próprio Mestre fala "a boca fala do que está cheio o coração" (Lc 6, 45), e o coração de Francisco estava sempre cheio, se não das palavras própriamente ditas, mas da essência e dos ensinamentos das Sagradas Escrituras.

Podemos simplificar a frase em destaque dizendo que São Francisco conhecia a palavra de Deus "de kór". Mas por que?
Ora, essa expressão sintetiza uma idéia latina daquilo que, de uma forma ou de outra, representa muita importância para determinado individuo, e que o guarda de tal forma, quase como um tesouro, que não haveria cofre melhor para retê-lo: o próprio coração!

Apesar de ter acesso tão raramente, o assissiense tinha um zelo tão grande pelas 'santas palavras' que fazia de sua vida uma espécie de repetição das palavras que lia, guardava e meditava em seu coração. A tal ponto que, o leitor mais atento, poderá traçar uma série de comparações entre o Seráfico Pai e diversos personagens bíblicos. As próprias regras que compôs para seus frades eram delicados recortes do Evangelho, costurados magistralmente entre si, de modo a regimentar a vida dos que o seguiam.

Penso que está justamente aí uma das principais 'novidades' de Francisco para sua época, o retorno ao Evangelho. É claro que todos aqueles homens e mulheres que a Igreja elevou a honra dos altares por sua santidade, viveram a seu modo o Evangelho. Mas nenhum com a intensidade e ineditismo de Francisco. Ele foi 'contra a maré'.
A palavra do Senhor vivia presa por correntes, em Igrejas inacessíveis à necessidade espiritual do povo em geral. Francisco, com o pouco que tinha e sabia, partilhou do alimento que recebia da boca de Deus: a palavra!

Engraçado, hoje em dia temos as Sagradas Escrituras em suas mais variadas versões, edições, comentários etc, e mesmo assim me parece que tão poucos a conhecem de fato.
Peçamos ao Senhor, que neste ano que se inicia, nos motivemos e nos guiemos pelas Sagradas Escrituras de modo a testemunharmos, como Francisco de Assis, a boa-nova de Jesus Cristo, vosso Filho e nosso irmão!

Assim seja, amém!

Wendell Ferreira Blois
subsecretario de formação

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