terça-feira, 20 de março de 2012

"16"

"Seguia por toda parte o amado pelos vestígios que deixou nas coisas, e fazia de tudo uma escada para chegar ao seu trono". (2Celano 165, 6)

Como se diz popularmente, 'depois que o ovo já foi posto em pé, é simples demais dizer que fazer isso é fácil'.
Seria muito fácil dizer também que São Francisco trilhou o caminho mais simples, encontrando o seu amado, Deus, nas coisas mais simples. E de fato assim o fez.
Mas isso não tira o mérito, mérito desprezado pelo Seráfico Pai, dessa forma tão original de busca pelo seu Criador.

Em sua época, e até hoje, Francisco era chamado de penitente.
Não exatamente um penitente no sentido de se castigar ou se flagelar (poenitencia), mas no sentido primeiro que nos quer remeter 'àquele que sente falta de algo' (paenitencia).
Nesse sentido, o assissiense é um exemplo de penitente, uma vez que sente a falta de Deus, e não só isso, pois também o busca incessante e incansavelmente. Mas da forma mais simples, e um tanto quanto inconcebível para a sua época, busca os sinais do Criador nas criaturas que o cercam.

Ora, olhando do ponto de vista de um observador, oitocentos anos depois de todas as maravilhas operadas por Deus através do poverello de Assis e seus seguidores, e dizer que tudo foi simplório, comezinho e, até mesmo, bucólico, me parece demasiadamente anacrônico e inadequado.
Francisco seguiu tão somente as instruções de São Paulo: 'buscai, aspirai primeiro às coisas do alto'.

A diferença é que, enquanto muitos de seus contemporâneos, e tantos outros que ainda hoje se denominam franciscanos, buscavam a Deus literalmente no céu, no alto, em um lugar fisicamente distante, Francisco encontrou na natureza, na criação, no próximo físico e espiritualmente Aquele a quem devemos nossa existência. E essa existência sim, essa podemos chamar de simplória, comezinha e bucólica.

Pensemos nessas coisas!

Wendell Ferreira Blois
subsecretario de formação

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