domingo, 15 de abril de 2012

Crônicas da terra de Francisco

por Frei Bruno Scapolan,ofm.



Paz e bem irmãos!
Depois de uma semana de descanso a vocês eu voltei para dar notícias da terra do Seráfico Pai Francesco D’Assisi.
Mesmo já havendo passado, quero partilhar um pouco de como foi a minha experiência nestes dias que antecederam a Páscoa do Senhor. A semana foi tranqüila, e os frades professos temporários foram fazer um retiro com todo o sul da Itália na Calábria. Eu fiquei por aqui e como não tinha ninguém para animar as missas com os cantos eu me propus a animar as celebrações com os cantos. Isto de segunda-feira à quarta-feira.
Na terça-feira durante a tarde eu aproveitei para tomar um café com um amigo sacerdote Jesuíta que morava no convento aqui ao lado. Ele é indiano e se chama Agnelo Mascarenhas. Estava morando aqui para aprender o italiano, assim como eu, e nesta semana partiu para Roma onde deve trabalhar como missionário. Então fomos tomar um café para nos despedir e depois ele me levou para conhecer o convento e a Igreja que fica aqui ao lado e eu ainda não conhecia. A Igreja é toda no estilo barroco e parece o céu. Uma coisa fabulosa de se ver.
Na quinta-feira Santa tivemos a missa do lava-pés. Sempre uma experiência belíssima, pois vemos Deus que se abaixa até o mais baixo para demonstrar o seu serviço e amor ao próximo. Depois da missa tivemos um breve ensaio do coral, e por volta das 22h30 fomos para a hora santa e rezamos até quase meia-noite. O interessante é que eu estava conversando com Jesus e pedindo-lhe algumas respostas. Durante esta nossa oração uma irmã passou com um cestinho cheio de mensagens bíblicas para cada pessoa que estava na oração e sabem qual foi a minha mensagem? Nm 6, 24-26: “O Senhor te abençoe e te guarde. Mostre a sua face e se compadeça de vós. Volta para vós o seu olhar e vos dê a paz”, ou seja, a bênção de São Francisco. Eu fiquei emocionadíssimo.
Na sexta-feira santa rezamos as laudes pela manhã diante do Santíssimo e depois ao meio-dia rezamos o Ofício das Leituras e, as 4h00 rezamos o Ofício da Paixão escrito por São Francisco de Assis. Na Itália a sexta-feira Santa não é feriado, ou seja, o dia de guarda fica meio comprometido. Para não privar as pessoas que trabalham da celebração eles a fazem as 19h00. Foi muito emocionante, mas a Igreja não estava muito cheia como eu costumo ver no Brasil. Talvez seja um sinal da secularização da Europa. Mas os frades fizeram com tanto zelo e solene liturgia. Depois guardamos o silêncio até o sábado pela manhã, quando rezamos as laudes e ao meio-dia o ofício das leituras. O guardião nos orientou a continuamos guardando o silêncio, pois estávamos vivendo o período da tristeza de haver Jesus no sepulcro, mas já a alegria da certeza da salvação. Tudo isso contribuía muito para o clima de oração e prepação para a Santa Páscoa. A Vigília Pascal aconteceu às 23h00 com toda a solenidade prevista. Eu participei no coro e me emocionei várias vezes. Foi tudo muito magnífico.
No domingo de Páscoa tivemos um almoço com alguns convidados, sendo a maioria familiares dos confrades. Trocamos ovos de Páscoa e as felicitações. Ao final da tarde todos os frades professos temporários foram para as suas famílias. E eu fiquei aqui animando as celebrações mais uma vez.
Ao contrário do Brasil, aqui o feriado é na segunda-feira depois da páscoa. E neste dia foi livre para cada frade. Eu recebi o convite para ir almoçar na casa de um paroquiano e por lá passeio todo o dia, conhecendo lugares lindos de Nápoles que ainda não tinha ido. Depois retornei para a missa e vésperas.
Na quarta-feira tivemos um dia de passeio e aproveitamos para ir à cidade de um confrade chamada Bovino na região de Puglia. Foi um dia maravilhoso, pois conhecemos um castelo da Diocese e também uma catedral antiguíssima. Degustamos um almoço maravilhoso em uma fazendo de “agroturismo” e voltamos para casa passando primeiro no Santuário de Nossa Senhora das Graças em Benevento, onde rezamos as Vésperas.
Na quinta-feira aproveitei para ir ao evento chamado “American’s Cup” (é a mais famosa e prestigiada regata do iatismo), fomos à casa de uma senhora que mora em uma apartamento vizinho ao mar para ter uma vista melhor e depois passamos pelo evento. E estávamos todos de hábito. Foi interessante, pois os fotógrafos e filmadores não tiravam as suas câmeras da gente. Acho que vamos sair em todas as revistas de esportes e noticiários do mundo.
Na sexta-feira estive na cidade de Afragola para fazer um ensaio com a OFS, pois eles vão representar os afrescos da Igreja que contam a vida de Santo Antonio através de imagens e vozes. E, eu, por falar português serei nada mais nada menos, que o próprio Santo Antônio. Estou muito feliz e espero aprender um pouco mais com este confrade sobre a simplicidade e a entrega na vida religiosa franciscana.
Por hoje é só e até a próxima semana.
Abraços fraternos e FELIZ PÁSCOA.

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