terça-feira, 11 de outubro de 2011

Jufra entrevista

O blog da fraternidade Frei Leão têm o prazer de publicar a entrevista concedida ao mesmo pelo irmão Élson (JUFRA), subsecretário nacional de DHJUPIC (Direitos Humanos, Paz e Integridade da Criação), a começar por uma pequena apresentação de sua caminhada no seguimento de São Francisco.


Emanuelson Matias de Lima (Elson), 22 anos, estudante de História na UEPB, auxiliar de escritório no Centro de Direitos Humanos Dom Oscar Romero (CEDHOR), moro no Bairro Alto das Populares, em Santa Rita-PB. Participei da mini-JUFRA na década de 90, entrei na JUFRA em 2002, e fiz o Encontro Inicial da FBJ em 2005, pretendo nos próximos anos ingressar na OFS e realizar a profissão definitiva.



Blog Frei Leão: Partindo do pressuposto que essa subsecretaria é ocupada por indicação do secretario fraterno nacional, na sua opinião, por que você foi indicado? Qual o seu trabalho em DHJUPIC antes de assumir essa atividade no Nacional?

ELSON: “Acredito que pela confiança em assumir a responsabilidade de articular esta subsecretaria e a necessidade de empenho dos jufristas neste serviço primordial dos franciscanos. Participo de Comunidades Eclesiais de Base desde a infância, onde conheci a JUFRA, e junto com as Comunidades da Paróquia me engajei em movimentos sociais, como o Grito dos/as Excluídos/as, desde 2002, o Grupo de Teatro Fé e Vida de 2003 a 2005, a articulação das Assembléias Populares, de 2005 a 2010, o acompanhamento formativo social e pastoral a acampamentos Sem Terra, de 2006 a 2009, e no Centro de Direitos Humanos ‘Dom Oscar Romero’, desde 2008. Participei de Conferências de Políticas Públicas, Fóruns Sociais, manifestações públicas, marchas e celebrações comunitárias.”


Blog Frei Leão: Qual a importância do desenvolvimento desta função no seio da família franciscana e, em especial, na JUFRA?

ELSON: “É preciso lembrar que antes de assumirmos a identidade específica de “franciscanos/as”, somos cristãos/ãs e seres humanos, portanto, se faz necessário levar em conta a ideia de “dignidade humana”. A ideia de Dignidade nos leva ao compromisso com os direitos da pessoa humana, nos interpelando para as lutas do povo. Sendo assim, mesmo se não tivéssemos a fé, mesmo se não fossemos cristãos/ãs e franciscanos/as, por simples questão de humanidade já nos levaria ao engajamento nestas questões. O Evangelho, porém, vem reforçar este chamado ao compromisso com a causa dos pobres, com as causas da Vida, que são as causas do Reino de Deus. Não é admissível se pensar um franciscano/a que não esteja engajado nas lutas de Justiça e Paz.”


Blog Frei Leão: Quais são as dificuldades de desenvolver este serviço a nível nacional?

ELSON: “A primeira dificuldade foi a falta de conhecimento de muitos irmãos e irmãs da importância e necessidade deste serviço de DHJUPIC, o que levava a muitas Fraternidades Regionais e Locais a “escantear” esta função de seus Secretariados Fraternos. A outra dificuldade foi criar um senso de trabalho coletivo nacional, enquanto JUFRA do Brasil, e não como subsecretário apenas. E uma terceira é a diversidade imensa das regiões do Brasil, o que na essência não é ruim, porém se faz necessário levar em conta as diferenças culturais e dos problemas sociais de cada região.”


Blog Frei Leão: Qual sua maior alegria neste serviço? E, se já houve, qual sua tristeza em relação ao mesmo?

ELSON: ”Uma das alegrias é ter conseguindo, em um ano, motivar muitas Fraternidades Regionais e Locais para a escolha de subsecretários/as específicos/as de DHJUPIC. Hoje quase todos os Regionais já possuem esta função, e os que não têm ainda, contamos com jufristas de referência. Outra alegria, e essa é muito grande, é a presença de jufristas em várias atividades sociais, em espaços de articulação e representatividade, como o Grito dos/as Excluídos/as, os lançamentos dos Relatórios de Direitos Humanos no Brasil, as manifestações em Brasília (contra a corrupção, contra a usina de Belo Monte, em defesa dos Povos Indígenas), além da rearticulação do SINFRAJUPE (Serviço Inter-Franciscano de Justiça, Paz e Ecologia), onde atualmente integram os a Equipe Executiva Nacional. Tristezas? Não me lembro.”


Blog Frei Leão: Que avaliação você fez da 1ª Jornada Franciscana dos Direitos Humanos?

ELSON: “Minha avaliação é super positiva, pois conseguimos em pouco tempo e com articulação ainda frágil, realizar várias atividades pelo Brasil, e sensibilizar grupos e comunidades para o compromisso com os Direitos Humanos. Na 1ª Jornada abordarmos o tema “Por uma Economia a serviço da Vida”, e o lema “Nada de vós retenhais para vós mesmos!”, refletindo a nossa capacidade humana de ajudar o nosso próximo a assumir-se como gente. Conseguimos ainda uma boa repercussão na imprensa, com matéria especial no Jornal da TV Canção Nova, matéria no Jornal impresso da Arquidiocese de São Paulo, e nos sites da CNBB, do Setor Juventude-CNBB e da Rádio Vaticana.”


Blog Frei Leão: Qual a sua mensagem aos jovens o se aproximar às comemorações dos 40 anos das JUFRA do Brasil e o lançamento da II Jornada Franciscana dos Direitos Humanos?

ELSON: “Irmãos e Irmãs, o mundo espera de nós uma resposta. Jesus e Francisco nos interpela à missão pela Vida! Precisamos nos movimentar, nos mexer, acordar o povo para seus direitos, para a luta. É preciso encarar de cheio a nossa meta de construir o Reino nos caminhos da História.”



Gostou?

Quer saber mais sobre DHJUPIC? Clique aqui.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

"5"


“Pegai um cadáver exânime. Ponde-o onde quiserdes. Vereis que não se incomodará de ser movimentado, não se queixará do lugar, nem reclamará por o terem largado.
Se for colocado numa cátedra, vai olhar para baixo, não para cima. Se for vestido de púrpura, vai ficar duas vezes mais pálido.
Esse é o verdadeiro obediente.” (2Celano 152, 3-6)

Não escrevo estas linhas por ser um 'expert' no significado do termo "obediência"; tampouco por ser um exemplo de vivência da mesma. Reconheço antes, a minha grande dificuldade de compreendê-la e torná-la parte da minha vida. Talvez por isso, empreenda o estudo deste aspecto tão importante do carisma franciscano, de modo a entender onde está a real dificuldade da vivência da obediência.

Certa vez, um frade pediu a Francisco um modelo de vivência da obediência, e ele emprega para tal, o exemplo do morto que está sujeito a tudo, menos a sua própria vontade. Não que a obediência se compare a um estágio de morte em vida, ou algo parecido. Muito pelo contrário. Obediência e vida são termos que se conjugam lado a lado no carisma franciscano, ainda que se perceba que a vivência em obediência requeira uma certa abnegação, morte do "eu mesmo", ou melhor, "mortificação de uma egoístico vontade própria" para um "viver para o coletivo" ou "viver fraterno.”

Francisco é exemplo da perfeita obediência!

É obediente quando em Espoleto, através de um sonho, o Senhor pede que ele retorne a Assis de modo a lhe revelar o que deveria fazer em seguida. Qual a reação do poverello? Ele não questiona esta ordem e, imediatamente, abandona o caminho da guerra e retorna à terra natal, como lhe recomendara o Senhor.

Mais tarde, se encontra com o Crucificado em São Damião, e o mesmo lhe ordena "Vai e reconstrói minha Igreja". Francisco tem dificuldade para entender tal imperatividade colocada pelo Cristo, mas sem pestanejar, inicia a reconstrução de três igrejinhas, até entender qual a verdadeira Igreja ele deveria reconstruir, segundo as instruções do Senhor.


Anos depois, Francisco abre mão das funções de ministro-geral da Ordem, e para não se distanciar de seus princípios, pede que lhe seja indicado um Guardião. Aquele que, inspirado pelo Espírito, fundou uma nova Ordem no seio da Igreja, inspirou inúmeros homens e os dirigiu pela caridade e espírito fraterno, agora pede que ele próprio seja submetido às ordens de um outro frade, de modo a se distanciar das vaidades e exaltar a obediência.

Outra menção à obediência se encontra no verso:

“Ó senhora, santa caridade, o Senhor te guarde por tua santa irmã, a santa obediência!”

Segundo Francisco, a obediência é irmã da caridade, e não é possível alcançar a plena vivência da primeira sem a perfeição da segunda. Só aquele que pratica a caridade, alcança a plenitude da obediência.

Peçamos a Deus que, inspirados pelo exemplo de Francisco, possamos interiorizar o principio da santa obediência, de forma que um dia possamos gritar com nossa vida o lema que serviu de modelo ao Seráfico Pai: "Que seja feita a tua vontade, e não a minha!" (Jesus, o Cristo)




Assim seja, Amém!

Wendell F. Blois
Subsecretário de formação

(Dedico essas linhas a todos aqueles que, lendo este texto, venham a se identificar com minha dificuldade em me configurar segundo a obediência proposta por São Francisco, mas mesmo assim, insistem em seguir seus passos.)

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

São Benedito - 05 de outubro


É, certamente, um dos santos mais populares do Brasil, cuja devoção nos foi trazida pelos portugueses. Nasceu por volta do ano 1526, em São Filadelfo, nas proximidades de Messina, na Sicília (Itália). Nascido de pais escravos - levados da Abissínia (atual Etiópia) para a Itália - ele sofreu preconceito desde pequeno. Por sua pele negra foi ridicularizado, chamado de "o mouro". Trabalhou como pastor de rebanhos. Franciscano, adentrou à Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. Em 1578 foi nomeado guardião ou superior do convento, cargo que aceitou com muita resistência por ser analfabeto. Foi admirado por todos e a todos dedicando profundo respeito, amor desinteressado, condescendência pelas faltas e fraquezas alheias, zeloso e carinhoso com os doentes e necessitados, terno e sábio. Possuía o dom de penetrar as mentes e os corações. A tradição popular enriqueceu sua vida com numerosos milagres. Terminou os seus dias como cozinheiro. Morreu no dia 4 de abril de 1589.


São Benedito, rogai por nós!

terça-feira, 4 de outubro de 2011

"4" (de outubro)

“Eu fiz a minha parte, que Cristo vos ensine a fazer a sua!” (São Francisco de Assis)




Se por ocasião de 3 de outubro, toda a Ordem chorava o rompimento do umbigo paternal, a multidão dos anjos celebrava a chegada de uma alma agraciada por Deus. Partiu para o Pai, mas nunca se afastou de nós.

Francisco de Assis rompeu correntes de modismos, quebrou paradigmas, restaurou o templo de pedra para que pudesse ser sinal visível da benevolência divina e sobretudo, restaurou o templo do Espírito, para que o amargo pudesse se tornar doce e a cruz se tornar alento. Se por um lado todos diziam que a glória e a paz estavam na guerra, e como até hoje muitos afirmam, Francisco foi o homem que provou o contrário, pois sendo obediente, - e pela impressão das chagas possamos dizer obediente até a cruz, testemunhou que a glória está em Cristo, e que a paz nunca esteve na guerra, mas no assumir a sua própria fé, ao ponto que a fé do outro não lhe seja um empecilho de anunciar o evangelho.

Fica a pergunta se podemos nos dizer “franciscanos” olhando para aquele que é Francisco de Assis. Permanece a crença que todos estamos a caminho disso, desse seguimento fiel ao Cristo. E ao celebrar a festa de santo tão conhecido e venerado, é missão recordar o quanto iluminou o mundo, aquele que se considerou um verme, foi realmente um vírus, que contaminou o mundo com essa vontade de abandonar tudo para seguir Jesus Cristo. Não teve pretensão nenhuma de nada disso, ele simplesmente se abandonou na mão do oleiro, e Deus fez.

Já são mais de 800 anos que pessoas e mais pessoas, se lançam ao seguimento de Cristo ao modo de São Francisco de Assis, e está muito longe o fim. Francisco foi a explosão de um átomo ainda na Idade Média, e deu início a uma reação em cadeia que perdurará até a eternidade. Praticamente uma bomba, com cores de manjedoura, barulho de calvário e força de e da eucaristia.

Feliz dia de São Francisco!

Mateus Garcia
Secretário fraterno

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

"Vocare" Encontro das crianças da catequese - 01/10/11

Na tarde do último sábado - 01º de outubro - foi realizado na paróquia São Judas Tadeu, um encontro com as crianças da catequese, onde as fraternidades de JUFRA e mini-JUFRA tiveram a oportunidade de transmitir um pouquinho de carisma franciscano.




 
Contamos com a animação do irmão Murillo (JUFRA) e com a alegre presença da jovem Larissa (coordenadora do grupo de jovens "Instrumentos do Senhor"), que com suas músicas, fizeram com que todos cantassem e dançassem.
Apresentamos algumas bandeiras com símbolos franciscanos, como a 'bandeira da fraternidade', a 'bandeira da ecologia', a 'bandeira do evangelho' e por último uma bandeira que mostra os frutos colhidos pela vivência do carisma.





 As bandeiras foram apresentadas de maneira intercaladas, mesclando-se a apresentação de um filme que conta a historia de São Francisco em desenho animado, um lanche com muita pipoca e refrigerante, e brincadeiras que que faziam menção a frases e pensamentos de nosso Seráfico Pai (como a prova das bexigas, jogo do canibal e o caça ao tesouro. Nesta ultima, testamos o condicionamento físico do irmão Mateus, que está preocupante!). No fim, todas as crianças foram premiadas, com pequeno brindes e brinquedos que foram arrecadados.




 Peçamos ao Senhor que, a exemplo do grão de trigo que caiu no chão e germinou a seu tempo, esse encontro possa da frutos para a mini-JUFRA...mas principalmente, para honra e gloria de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém!

 Jeniffer Aline Oliveira de Souza (Jeninha)



 Mais fotos? Clique aqui.

"3" (de outubro)

"'Ó Alma santissima, em cujo passamento
acorrem os cidadãos do Céu.
Os coros dos Anjos exultam,
e a gloriosa Trindade convida dizendo:
- Permanece conosco para sempre!"
(Salmo do trânsito de S. Francisco)


"No fim do homem - diz o Sábio - suas obras serão desnudadas. Neste santo vemos que isso se realizou por completo, e gloriosamente." (2Celano 214, 1-2)

03 de outubro de 1226.
Vésperas.
Nas proximidades de Assis.

Um homem, que vinte anos atrás havia dado à Igreja um exemplo radical de vida evangélica, de vida dedicada à causa de Cristo, agora estava quase que irreconhecivel em meio aos irmãos que o cercava.
O que estava acontecendo?

Um homem que a principio parecia como um moribundo, q uase que entregue à morte, apresenta aspecto sereno e alegre.
"- Mas o que é isso?", indagavam os frades.Tal aspecto do "quase morto" deixava os presentes intrigados.
E quem era esse?
Só poderia ser o tal Francisco! O assissiense que, a exemplo de Cristo, até na morte foi motivo de escândalo entre os que ali estavam.

Ora, como poderia estar triste o homem que, em vida, contemplara as maravilhas do Senhor; o homem que carregara as marcas e sentira o amor e a dor do Cristo crucificado; e que por vinte anos se deixou levar pela força do Espirito Santo?

Como ele mesmo descrevera anos antes, era chegado o momento do grande encontro com a Irmã morte, da qual nenhum homem vivente poderia escapar.
Deitado sobre uma pedra, sem ter com que se vestir (mantendo assim sua fidelidade à dama Pobreza), voltava à forma com que inciara sua caminhada: nú. Assim como o "menino deus" nascera sem qualquer luxo e morrera envolta a farrapos, Fra n cisco procurou imitá-lo com perfeição.

Antes, partiu o pão com seus frades e os abençoou!
E, finalmente, seu corpo descansou no Senhor, e sua alma se precipitou diante do abismo da claridade divina.

Desse mesmo modo, somos convidados a celebrar com alegria o trânsito de Francisco para a vida eterna. Mas não é só um convite para uma celebração, muitas vezes, pomposa, e que tantas outras vezes nos serve sdomente para comemorarmos e confraternizarmos.Este é um convite maior, um desafio!
Nesta celebração somos desafiados a abandonar uma vez mais nossa realidade pecadora e nos "re-ligarmos" à nossa dimensão divina. Somos desafiados a nos alegrar com a morte, e entender sua função como portal para a verdadeira vida, que é a vida eterna. Somos desafiados a nos desnudar espitiritualmente e deixar transparecer, ao Senhor, tão somente o que somos.

Por fim, somos convidados a elevar ação de graças a Deus pela dádiva d e, durante algum tempo, desfrutarmos de presença tão divina (ainda que com feições humanas) entre nós!
Louvado sejas meu Senhor, pela vida de Francisco de Assis!

Assim seja, Amém!

Wendell F. Blois
subsecretario de formação