terça-feira, 22 de novembro de 2011

"10"

"Todas as vezes que o repreendiam pela aspereza da vida que levava, respondia que tinha sido dado à Ordem como exemplo, para provocar seus filhotes a voar como uma águia." (2Celano 173, 1)

Francisco tinha sempre uma resposta objetiva e quase que imperativa, ainda que demasiadamente fraterna, frente as interpelações que lhe eram feitas. Clareza e inspiração divina são suas marcas em meio às contestações que eram levantadas.
Por isso ele explica o 'porque' daquela forma de vida tão áspera aos olhos de muitos, aos muitos que o interrogam. Assim, o poverrello utiliza a metáfora da águia que com seu exemplo provoca seus filhotes a voarem.
Que sublime exemplo nós temos, meus irmãos!
Seguimos uma águia que provocou a tantos, e que foi provocado tão proximamente por uma 'ave' imensamente maior do que qualquer outra: o próprio Cristo.
Que exemplo inspirador!
Mas será que, de fato, nos motivamos com tal exemplo?
Nos assemelhamos a águias que alçam os mais altos vôos junto ao Seráfico Pai? Ou será que, presos à nossa mediocridade e mesquinhez humanas, vemos nosso peso espiritual se multiplicar por falhas e nosso vôo se comparar ao de uma galinha?
Nada contra as galinhas, muito pelo contrário! O próprio Deus em relação a nós, através do salmista, se compara a uma quando nos convida a encontrar refugio sob suas asas, tal como pintinhos. Mas se somos convidados a assumir uma outra metáfora, e alçar vôos mais altos, então não podemos nos esconder por detrás dessa proposta.
É necessário que nos desfaçamos de nossos pesos, de modo a alongarmos ainda mais nossas asas. Abrir mão de nossos pecados para ganhar mais forças para o 'bater das asas'. E levantar a cabeça para ver logo acima de nós, aqueles que nos inspiram e que voam à nossa frente.
Preparado?
Não?
Não tem problema! A maioria de nós terá dificuldades em voar de maneira tão sublime quanto Francisco. Mas é preciso que tentemos constantemente a apreender a arte do vôo.
A quedas acontecerão. Os arranhões decorrentes da queda também. Talvez até algo se quebre nessas tentativas. Mas não deixe de tentar.

Porque se por fim não conseguirmos voar como Francisco, após tantas tentativas teremos pelo menos adquirido algumas 'ásperas marcas' e ainda inspiraremos um outro a bater asas conosco.

Bom vôo!

Wendell Ferreira Blois
subsecretário de formação

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