terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Causo versado à Santa Clara


Publicamos hoje uma pequena contribuição de um leitor assíduo do nosso blog, o irmão Antônio Boaventura, da OFS de Catalão-GO. Em linguagem bastante simples, própria do caipira, ele nos conta em versos uma historieta muito interessante sobre Santa Clara. 

Ao ler os versos abaixo, tente pensar em um dedilhar de viola, pois segundo o autor, foi assim que essas linhas foram concebidas.



Eu sou casado
Minha muié tá pra dá a luz
Peço ao Deus que me conduz
Nessa hora eu não fartá.

Certo dia, as cinco da manhã
Levantei como de costume
Abri a porta do tapume
e fui trabaiá.

Eu fui pro eito
Tinha uma dor no peito
Deixá a muié daquele jeito
Fui pra roça labutá.

De repente, já no meio do caminho
A chuva caía de mansinho
Mas a tempestade já vem lá.

Vortei correndo
Corri com tal façanha
Que de uma pedra tamanha
Não consegui desvencilhá.

Juntei as mão
E lá no fundo do coração
Eu fiz uma oração
Pra Deus me escutá.

Não vejo nada
Que carreira malfadada
Uma luz brilha na estrada
Ela veio me ajudá.

Era uma moça
Pele clara, fala mansa
Ainda trago na lembrança
Seu jeito doce de falá.

Ela me disse:
-'Seu moço, venha comigo
Pois sua muié já traz consigo
O fruto do vosso amor'.

-'Meu nome é Clara
Mais Clara de santidade
E com a ajuda da divindade
Seu caminho vou alumiá'.

Na mão ela tinha um farol
que brilhava como o sol
Deus tava naquele lugá.

Na minha frente
Ligeira ela andava
Nem parecia que o chão pisava
Assim era seu caminhá.

Daí a pouco,
Mais na frente do caminho
Avistei o meu ranchinho
E minha muié a gritá.

Olhei pra santa
Ela me deu um pedaço de pau
Uma cruz em forma de tau
E disse: -'Isso vai te ajudá!'

Abri a porta
Minha muié tava no chão
Choro, grito, que aflição
A criança vai chegá.

Só nós dois, naquela solidão
Eu não sei o que fazê
O meu 'fio' vai nascê
A voz da santa fui recordá

Segurei a cruz entre as mão
E com muita devoção
Pedi: - 'Ó meu Deus querido
Proteja o recém-nascido
Que a ti vou consagrá'.

O vento cessa
A chuva para devagarinho
E Deus chega com carinho
Pro nascimento testemunhá.

Daí a pouco
Já estava nos meu braços
Aquela cujos traços
Me fez emocioná.

Cabelos loiros
Olhos claros, pequeninhos
Nasceu como um passarinho
Belamente a chorá.

Eu dei pra mãe
E ela se pôs a me interrogá
'-Como a menina vai chamá?'
Respondi: '-Te digo já!'

Lembrei de tudo o que me havia passado
Da luz que tinha me alumiado
Já sei quem vou homenagiá.

Jeito de anjo
Sorriso de uma santa
Envolvida numa manta
Menina Clara vai chamá!


PAZ E BEM!

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