terça-feira, 6 de dezembro de 2011

"11"

“O cargo é um perigo, o louvor é um precipício e a humildade de ser súdito é uma vantagem espiritual. Então, por que vamos preferir os perigos às vantagens, se nos foi dado tempo para tirar proveito?” (2Celano 145,8-9)

Afirmação radical!
Devemos interpretá-la de modo a enxergar o sentido primeiro em que ela foi composta, de modo a não tirarmos 'proveito' da frase e dá-la um sentido que não lhe seja própria.
Francisco mais uma vez exorta os frades a não se apegarem aos seus cargos e funções, mas a se colocarem como humildes servos. Vamos 'destrinchar' os termos!

O servo no qual Francisco se espelha, se assemelha ao homens que na Idade Média estavam presos aos seus senhores pelos laços da servidão e que, diferentes dos escravos, mantinham juridicamente seu direito à vida. O Seráfico Pai é o servo que oferece sua vida por inteira a Deus, seu único Senhor. E quer que seus confrades façam o mesmo.
Ou seja, Francisco alicerça espiritualmente os frades tendo como referência a organização da sociedade de sua época, utilizando de alegorias, metáforas e comparações, de modo que pudesse instruí-los no caminho da perfeita humildade e do constante serviço a Deus.
É claro que não é possível servir tão plenamente a Deus, se não constituirmos uma estrutura concreta que nos permita levar tudo isso às vias de fato. Até foi possível quando o número dos frades era pequeno. Mas com a difusão do carisma, milhares aderiram e a organização desses frades se fazia necessária. Criaram-se as províncias e as devidas funções de ministros para que as gerissem.
E aí encontramos o perigo do qual Francisco nos fala!
O perigo não está necessariamente na função ou cargo, mas na forma como ele é exercido.

Independente da institucionalização das ordens, Francisco nos mostra que, com cargo ou não, é necessário que tenhamos a humildade de servir. Humildade: se comparar ao húmus, ao esterco, aos nossos próprios dejetos. Afinal, perto do Senhor ao qual servimos não somos mais do que isso mesmo. No entanto, se temos a oportunidade de lucrar espiritualmente no serviço a Deus e aos irmãos, e ainda contribuir para o desenvolvimento de determinado serviço que se encaixa em determinada função ou cargo, por que não aceitá-lo?

Humildade: isso é que nos falta!
Tanto para servir, quanto para reconhecer a dificuldade que o nosso 'não querer servir' impõe à fraternidade/comunidade em que estamos engajados, e o quanto fazemos falta quando nos negamos a servi-la. Muitas vezes tomamos atitudes 'anarquizadoras' quando interpretamos radicalmente essa frase. São Francisco quer que sirvamos! Se as funções estão disponíveis e a oportunidade de servir se faz presente, é preciso que sirvamos. Afinal, amar é servir!
Eu amo e tento servir. E você?

Pensemos nisso!

Wendell Ferreira Blois
subsecretario de formação

Ainda sobre humildade, confira o texto 8!

Um comentário:

  1. Amar é servir sempre em todos os momentos incansavelmente! Paz e Bem!


    Zélia da Cunha - OFS

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