terça-feira, 3 de abril de 2012

"18"

"Porque virá uma tribulação em que os livros não vão servir para nada, e serão jogados nas janelas e nos desvãos”. (2Celano 195, 4)

Eis um alerta muito interessante feito por Francisco!
Pode parecer que o assissiense de alguma forma abominasse os livros ou os estudos, mas isso nós já sabemos que não, uma vez que permitiu que o frades estudassem a santa teologia.
Então, por que São Francisco nos repreende de tal forma?
Ora, o que vemos em vários ramos da família franciscana, e mais particularmente entre os franciscanos seculares aos quais este texto se dirige, não é um simples estudo que busque como consequência se aprofundar nos mistérios de Deus, bem como a partilha de nossos estudos de maneira pratica e útil para com nossos irmãos.
Como já disse anteriormente, podemos enxergar nesses franciscanos um intenso processo de 'eruditização', ou de 'tornar-se erudito'.
E vale a pena ressaltar que o erudito é diferente do intelectual.
Intelectual, em grossos termos, é aquele que faz do seus estudos algo útil, partilhando com a comunidade em que está inserido. Quando os frades, a cerca de 800 anos, pediram a São Francisco que pudessem estudar, era algo mais ou menos nesses termos que o propunham.
Já o erudito, produz uma forma de conhecimento, que nada mais é do que o fruto de um 'emsimesmamento', que dificilmente sai ou é aproveitado além das quatro paredes em que é produzido.
Isso sim Francisco abominava!

O Seráfico Pai insistiu até a morte para que o irmãos que Deus lhe dera, se ocupassem em agir em prol dos pequenos, dos pobres, dos necessitados. Nisso se solidificava o ideal franciscano de vida.
Hoje, os franciscanos seculares fazem uma leitura interpretativa que tenta facilitar o 'ser franciscano', que marginaliza as ações em favor de um estudo vazio. E pensam que isso sim torna sólido o franciscanismo atualmente.

Não devo generalizar!
É claro que há muitos seculares que de fato vivem segundo a vontade e a inspiração do poverello, e que, assim como eu, se angustiam frente tal corrente.

Quando chegar o dia em que os livros de nada adiantarão, se fará concreto a profecia de um pensador do século XIX que dizia "tudo que é sólido se desmancha no ar". E ai veremos qual solidez se manterá integra frente as tribulações que nos acorrerão.
Aguardo ansiosamente por esse dia!

Wendell Ferreira Blois
subsecretário de formação

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