terça-feira, 31 de janeiro de 2012

JUFRA ENTREVISTA

É com grande satisfação que a coluna 'JUFRA ENTREVISTA' apresenta hoje uma entrevista especial com a primeira 'secretaria fraterna' da JUFRA do Brasil: Ivone Barszcz. Confira o perfil da entrevistada.

Sou uma mulher de 59 anos, trabalhei durante 30 anos na CAIXA e depois de me aposentar abri uma Imobiliária em Curitiba (Imobiliária X). Minha mãe e irmãos ainda moram em Ponta Grossa (Paraná), onde a Jufra começou. Tenho um filho de 14 anos , moro em Curitiba, num apartamento em frente ao parque Barigui. Acompanhei o Frei Eurico desde 1967 até sua morte em 1990. Foram 23 anos de aprendizado e busca por aprofundamento  espiritual. Da Jufra participei ativamente até 1977, a partir daí minha participação foi na Seara¹, o Instituto secular fundado pelo Frei Eurico, para consagração de jovens que permanecem nas suas casas e nos seus empregos e atividades. Até hoje acompanho esse grupo como simpatizante.

Blog Frei Leão - No encontro celebrativo aos 40 anos da Jufra do Brasil, os jufristas mostraram sua 'cara' a medida que, através da Carta de Guaratinguetá, expressaram seus anseios em relação a seu futuro. Qual era a 'cara' da Jufra na década de 1970?

Ivone - Era a cara da Esperança, da descoberta de um mundo franciscano, um estilo de vida e de atitude. Era a cara do Entusiasmo e a certeza de que estávamos iniciando no Brasil um movimento que ia mexer com a cabeça dos jovens.

Blog Frei Leão -No ano passado (2011) muito se falou da história da Jufra do Brasil e alguns aspectos de sua formação em todo o país. Como primeira secretária nacional da Jufra, você esteve a frente desses jovens entre 1971-1972, período da politica brasileira em que se observa o endurecimento do regime militar em contenção a seus opositores. Como os jovens que compunham as primeiras fraternidade da Juventude Franciscana do Brasil se comportavam em relação a esse momento histórico no qual se encontravam?

Ivone - Nosso grupo era composto de jovens que vinham de famílias humildes, pouco politizados, alguns de famílias de descendência europeia (poloneses e alemães) e que não se posicionavam e nem se sentiam atingidos pela revolução da época. Havia alguma insegurança, porém nossa atenção era mais para dentro de nós mesmos.

Blog Frei Leão - Em meio a essas comemorações destaca-se a imagem do capuchinho frei Eurico na história da Jufra do Brasil. Em que medida ele contribuiu com divulgação dessa forma jovem de viver o carisma franciscano?

Ivone - O Frei Eurico foi a pessoa mais entusiasmada que eu conheci. Chegou da Itália cheio de vitalidade, com 30 anos, trazendo a experiência de grupos franciscanos italianos, o carisma de Francisco vivenciado em Assis, aonde ele passou algum tempo conhecendo e sentindo a vida do Santo, que com sua humildade e determinação mudou a história do seu tempo, e até hoje continua mudando a vida de muitos jovens. Seu nome de registro era Belmiro Pedro de Melo. Tinha uma vibração quando falava de São Francisco, amava os jovens, preocupava-se com a formação integral dos rapazes e moças que começaram a participar do movimento. Ensinava técnicas de reuniões para o melhor aproveitamento dos ensinamentos, promovia encontros semanais para que o grupo começasse a se organizar como movimento franciscano secular. Frei Eurico, como Francisco de Assis, amava a natureza , os animais, os pobres e sobretudo os jovens, onde ele encontrava um terreno fértil para plantar a semente do franciscanismo secular.
Frei Eurico, aos 30 anos, na Itália.
Frei Eurico, excursionando pelo interior do Brasil

Frei Eurico e João Paulo II, Vaticano, 1987



Lema de vida de Frei Eurico em sua lápide, Curitiba-PR

Blog Frei Leão -Nesse mesmo sentido, observamos uma atitude plenamente missionaria, tendo em vista a proposta de frei Eurico e dos jovens que o cercam para divulgarem a Juventude Franciscana. Nunca se falou tanto em missão como nos tempos atuais. Como você observa e entende o missionarismo franciscano hoje? Quais as diferenças deste momento em relação ao campo missionário da década de 70?

Ivone - O jovem franciscano é um missionário pela natureza do movimento. É um jovem conquistando outros jovens, levando a boa nova aonde quer que vá. Fiquei muito bem impressionada com os grupos de Jufra que encontrei em Guaratinguetá, mais atuante e vibrante do que eu vinha sentindo nos últimos anos aqui no Paraná, em especial em Curitiba. Parabéns aos movimentos jovens do norte , nordeste, centro- oeste do Brasil.

Blog Frei Leão -Quais momentos e emoções você destaca no Encontro Comemorativo do 40 anos da JUFRA do Brasil?

Ivone - Foi maravilhoso o encontro dos 40 anos. Parabéns aos organizadores! A Missa de abertura, o envolvimento dos grupos nos cantos, a reunião com a retrospectiva desde 1971 que trouxe uma atualização geral de tudo o que aconteceu até aqui. Foi muito importante o depoimento de todos: com a minha participação da Lurdinha, Celso, todos , até o atual, o Alex.

Blog Frei Leão -Perguntas curtinhas (Elencamos alguns sentimentos/sensações e a entrevistada destaca um momento de quando  as sentiu em sua vida)

a)Alegria - Na descoberta da Jufra através do frei Eurico.
b)Tristeza - Em alguns momentos que as paróquias não queriam a nossa presença.
c)Emoção - Na escolha como primeira secretária em Recife em 1971.
d)Espanto - No número de jovens que se juntaram a nós no encontro da Jufra em formação em 1970.
e)Solidão - Para ficar com Deus.
f)Esperança - Na elaboração do manifesto quando tudo parecia que ia se concretizando.
g)Desilusão - Com a inconstância de muitos jovens .
h)Amor - Pela vida franciscana, pela simplicidade, pelos valores cristãos.
i)Fraternidade - A vida em fraternidade exige muito desprendimento, paciência, compreensão e colaboração mútua

Blog Frei Leão - Por sim, qual sua mensagem aos jovens, em especial os jufristas, que acompanham esse blog?

Ivone - Queridos jovens, nessas seis décadas de vida, sei que meu caráter, minha personalidade, meu coração foram se moldando ao espírito de Francisco de Assis.
Digo a você, Jufrista, viva de maneira tal que a pessoa que  você se aproximar sinta a presença de Cristo Jesus, o amigo, o companheiro fiel. Seja o fermento
que transforma a massa e nunca se distancie do seu ideal. Seja perseverante e que Deus abençoe seus projetos de vida.
Um grande abraço a todos.
Paz e bem!
____________________________________________
¹Saiba mais em http://www.cnisbr.com/index.php?option=com_content&task=view&id=68&Itemid=26http://www.cnisbr.com/index.php?option=com_content&task=view&id=68&Itemid=26

+ FOTOS 
Primeiro grupo da JUFRA de Ponta Grossa-PR, 1970.


Primeira diretoria (secretariado) da JUFRA de Ponta Grossa.




Ivone Barszcz recendo a presidência nacional da JUFRA, 1971.

Ivone e João Paulo II, Vaticano, 1987.

Ivone e Frei Eurico em Veneza.
Mayara, Ivone e Alex : Encontro da primeira e do atual secretario fraterno da JUFRA do Brasil

3 comentários:

  1. Sou Marli fiz parte de JUFRA e conheci Frei Eurico tinha uns 10 anos ele era enérgico gostava de tudo certinho, mas tinha uma docilidade no falar que nós ficávamos encantados ouvindo-o, falar de JESUS,era muito bom esse tempo.

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  2. Sou Marli fiz parte de JUFRA e conheci Frei Eurico tinha uns 10 anos ele era enérgico gostava de tudo certinho, mas tinha uma docilidade no falar que nós ficávamos encantados ouvindo-o, falar de JESUS,era muito bom esse tempo.

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  3. Meu nome é Eleana, fiz parte da Jufra Paz e Bem Da paróquia Bom Jesus inicialmente com o Frei Eurico, e depois da sua morte com o Frei Moacir até que em 75 mudei-me para Curitiba. Sinto falta dos amigos daquela época, perdi o contato o que é uma pena. Paz e Bem!

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