sexta-feira, 11 de maio de 2012

MONTE ALVERNE: A RENOVAÇÃO DO CALVÁRIO



"Então Jesus deu outra vez um forte grito e entregou o espírito. Nisso, o véu do Santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes, a terra tremeu e as pedras se partiram." (Mt 27,51)









"Foi-lhe então revelado por Deus que aquelas rachaduras tão maravilhosas tinham sido feitas milagrosamente na hora da paixão de Cristo, quando, conforme diz o Evangelista, as pedras se racharam. E foi Deus quem quis que isso aparecesse especialmente no monte Alverne, porque lá deveria renovar-ser a paixão de nosso Senhor Jesus Cristo, na sua alma por amor e compaixão, e no seu corpo pela impressão dos sagrados estigmas." (CCE 2)




Francisco recebe junto com seus irmãos o monte Alverne como doação do Conde Orlando de Chiusi, para que se tornasse lugar de oração e meditação. Neste lugar Francisco e seus companheiros viveram intensos momentos de encontro pessoal e íntimo com Deus, mas aquela Quaresma de São Miguel Arcanjo foi diferente.
Francisco está no alto do monte, completamente absorto em Deus, e o único que tinha permissão de se aproximar, se assim te fosse permitido pelo próprio frei Francisco, era frei Leão. Ninguém mais além dele poderia chegar até aquele lugar onde Deus se fazia tão próximo de Francisco. Foi naquele lugar que algo extraordinário aconteceu. Pela primeira vez um homem em toda a sua condição humana, recebe por graça de Deus, poder sentir na alma o mesmo amor que Cristo sentiu pela humanidade na cruz e ter marcado em seu corpo os estigmas da paixão. Nas mãos, nos pés e no lado, as marcas dos pregos e da lança que mataram Jesus.
Deus realizou em Francisco algo nunca antes visto, exceto pela própria paixão de Cristo. Mas nunca outro homem recebeu em seu corpo, as marcas da paixão do Senhor.

Mas não podemos simplesmente nos deparar com este grande milagre, mas nas consequências e razões de sua ocorrência. Primeiro e antes de tudo, que como foi revelado a Francisco, Deus já havia preparado aquele local para que aquilo acontecesse, desde o momento da paixão de seu Filho no alto da cruz. E Francisco nutrindo um imenso amor por Cristo e pela humanidade pediu a Deus para que pudesse sentir o mesmo amor que Cristo sentia pela humanidade na hora de sua paixão, como também pudesse sentir as mesmas dores que o Cristo sentiu.
É preciso entender este fato histórico de uma maneira mais ampla, a luz da vocação de Francisco e sua incansável luta de assimilar-se sempre e cada vez mais ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
Do chamado da Porciuncula, - "Vai Francisco e restaura minha Igreja, que como vês está em ruínas.", Francisco percorre um longo caminho de conversão constante, e que se plenifica quando, pela sua imensa assimilação a vida do Cristo, recebe as marcas da paixão. Mas não podemos também enxergar isto como o fim da conversão, e sim como uma etapa de tão alto nível, na qual Deus deixa sua marca, para que assim, tão próximo de Deus, Francisco possa uma vez mais glorificar a Deus em obras, curas e orações.
Depois de sua "crucificação" no monte Alverne, Francisco intercedeu vários milagres, através de suas santas mãos.

Toda a vida de Francisco foi em torno do chamado de restaurar a Igreja de Deus, em fazer renascer a verdade do evangelho, e disseminar este chamado. E ele o fez, e mesmo assim, ainda se colocava diante de Deus como um verme insignificante. Deus renova a Igreja e a paixão de Cristo, no sim de Francisco de Assis.

Hoje, ao assumirmos a vocação franciscana, somos duplamente conhecedores do caminho do calvário. Pela salvação da humanidade uma primeira e única vez, Jesus padece na cruz, vai ao limbo buscar os seus, e ressuscita ao terceiro dia. Quando aprouve a Deus, se renovou o sacrifício e o amor que pendiam na cruz, na pessoa de Francisco de Assis, de modo a restaurar a essência da vocação cristã, que é pura e simplesmente amor. Somos interpelados por este dois momentos de cruz, a experimentarmos amar o outro, o próximo, o irmão, a irmã, todas as pessoas, com aquele mesmo amor de Jesus na cruz, e mesmo que isso nos cause dor, que ela nos fortaleça e nos faça a cada dia, renovar no mundo o amor que percorreu o calvário.

O calvário é isto, amor provado e renovado!

Mateus Agostini Garcia
Secretário Fraterno Local

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