Continuando nossas reflexões em torno da temática da 2ª Jornada Nacional Franciscana pelos Direito Humanos, "Juventude e justiça sócio-ambiental - Quanto vale esse progre$$o?", destacamos hoje um dos subtemas extremamente relevantes para a reflexão e discussão dessa problemática: A sustentabilidade!
Como é possível manter o nosso atual nível de desenvolvimento industrial, e até mesmo aprimorá-lo, sem colocar em xeque o meio ambiente? Essas e outras perguntas você confere nos texto abaixo.
Boa leitura!
Wendell Ferreira Blois
subsecretario de formação e DHJUPIC
"A sustentabilidade industrial tem sido foco das discussões sobre a temática que envolve questões não apenas ambientais, mas que também visam o crescente lucro, ou de condições favoráveis às indústrias.
Uma das perguntas centrais das discussões em torno do desenvolvimento sustentável das indústrias é: como é possível torná-las ecologicamente éticas e ao mesmo tempo produtivas (que gerem lucros rápidos)?
A forma mais utilizada para tornar a indústria sustentável é, sem dúvida, a adoção de projetos sustentáveis com vistas na geração de energia limpa e renovável, além de medidas de ordens sociais e ambientais que possam ser vantajosas, como por exemplo, as atitudes que permitam uma geração de emprego sustentável nas comunidades que extraiam a matéria prima utilizada pela indústria em questão, um outro exemplo de atitude sustentável é a reeducação dos funcionários e o treinamento destes para tornar a produção mais ecologicamente ética. Há também medidas internacionais, como os provenientes do protocolo de Kyoto que debatem a viabilidade das industriais utilizarem a intervenção financeira como meio de redução da emissão de gases danosos ao ambiente, por exemplo.
Quando as indústrias já são sustentáveis, tem-se o cuidado de manter tais medidas e de sempre utilizar um investimento reservado a aplicação de novas técnicas nas suas produções. Um exemplo de indústria sustentável são as que produzem o açúcar e que utilizam do bagaço de cana para a geração de energia, ou aquelas que se referem a produção de cosméticos e de celulose que incentivam não somente o replantio, mas que também criam áreas de reservas intocáveis. A reciclagem e o aproveitamento de todos os materiais, como a utilização hídrica, também representam um interesse comum da sustentabilidade industrial.
A adoção da sustentabilidade industrial além de ser uma medida ética e produtiva, também ganha um espaço cada vez maior em questão de aceitabilidade dos consumidores".
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CONFIRA!
Antes de ser frade ou religioso, Francisco de Assis foi jovem! O desafio da JUFRA é ser a jovem semente franciscana hoje! Paz e bem
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
"11"
“O cargo é um perigo, o louvor é um precipício e a humildade de ser súdito é uma vantagem espiritual. Então, por que vamos preferir os perigos às vantagens, se nos foi dado tempo para tirar proveito?” (2Celano 145,8-9)
Afirmação radical!
Devemos interpretá-la de modo a enxergar o sentido primeiro em que ela foi composta, de modo a não tirarmos 'proveito' da frase e dá-la um sentido que não lhe seja própria.
Francisco mais uma vez exorta os frades a não se apegarem aos seus cargos e funções, mas a se colocarem como humildes servos. Vamos 'destrinchar' os termos!
O servo no qual Francisco se espelha, se assemelha ao homens que na Idade Média estavam presos aos seus senhores pelos laços da servidão e que, diferentes dos escravos, mantinham juridicamente seu direito à vida. O Seráfico Pai é o servo que oferece sua vida por inteira a Deus, seu único Senhor. E quer que seus confrades façam o mesmo.
Ou seja, Francisco alicerça espiritualmente os frades tendo como referência a organização da sociedade de sua época, utilizando de alegorias, metáforas e comparações, de modo que pudesse instruí-los no caminho da perfeita humildade e do constante serviço a Deus.
É claro que não é possível servir tão plenamente a Deus, se não constituirmos uma estrutura concreta que nos permita levar tudo isso às vias de fato. Até foi possível quando o número dos frades era pequeno. Mas com a difusão do carisma, milhares aderiram e a organização desses frades se fazia necessária. Criaram-se as províncias e as devidas funções de ministros para que as gerissem.
E aí encontramos o perigo do qual Francisco nos fala!
O perigo não está necessariamente na função ou cargo, mas na forma como ele é exercido.
Independente da institucionalização das ordens, Francisco nos mostra que, com cargo ou não, é necessário que tenhamos a humildade de servir. Humildade: se comparar ao húmus, ao esterco, aos nossos próprios dejetos. Afinal, perto do Senhor ao qual servimos não somos mais do que isso mesmo. No entanto, se temos a oportunidade de lucrar espiritualmente no serviço a Deus e aos irmãos, e ainda contribuir para o desenvolvimento de determinado serviço que se encaixa em determinada função ou cargo, por que não aceitá-lo?
Humildade: isso é que nos falta!
Tanto para servir, quanto para reconhecer a dificuldade que o nosso 'não querer servir' impõe à fraternidade/comunidade em que estamos engajados, e o quanto fazemos falta quando nos negamos a servi-la. Muitas vezes tomamos atitudes 'anarquizadoras' quando interpretamos radicalmente essa frase. São Francisco quer que sirvamos! Se as funções estão disponíveis e a oportunidade de servir se faz presente, é preciso que sirvamos. Afinal, amar é servir!
Eu amo e tento servir. E você?
Pensemos nisso!
Wendell Ferreira Blois
subsecretario de formação
Ainda sobre humildade, confira o texto 8!
Afirmação radical!
Devemos interpretá-la de modo a enxergar o sentido primeiro em que ela foi composta, de modo a não tirarmos 'proveito' da frase e dá-la um sentido que não lhe seja própria.
Francisco mais uma vez exorta os frades a não se apegarem aos seus cargos e funções, mas a se colocarem como humildes servos. Vamos 'destrinchar' os termos!

Ou seja, Francisco alicerça espiritualmente os frades tendo como referência a organização da sociedade de sua época, utilizando de alegorias, metáforas e comparações, de modo que pudesse instruí-los no caminho da perfeita humildade e do constante serviço a Deus.
É claro que não é possível servir tão plenamente a Deus, se não constituirmos uma estrutura concreta que nos permita levar tudo isso às vias de fato. Até foi possível quando o número dos frades era pequeno. Mas com a difusão do carisma, milhares aderiram e a organização desses frades se fazia necessária. Criaram-se as províncias e as devidas funções de ministros para que as gerissem.
E aí encontramos o perigo do qual Francisco nos fala!
O perigo não está necessariamente na função ou cargo, mas na forma como ele é exercido.
Independente da institucionalização das ordens, Francisco nos mostra que, com cargo ou não, é necessário que tenhamos a humildade de servir. Humildade: se comparar ao húmus, ao esterco, aos nossos próprios dejetos. Afinal, perto do Senhor ao qual servimos não somos mais do que isso mesmo. No entanto, se temos a oportunidade de lucrar espiritualmente no serviço a Deus e aos irmãos, e ainda contribuir para o desenvolvimento de determinado serviço que se encaixa em determinada função ou cargo, por que não aceitá-lo?
Humildade: isso é que nos falta!
Tanto para servir, quanto para reconhecer a dificuldade que o nosso 'não querer servir' impõe à fraternidade/comunidade em que estamos engajados, e o quanto fazemos falta quando nos negamos a servi-la. Muitas vezes tomamos atitudes 'anarquizadoras' quando interpretamos radicalmente essa frase. São Francisco quer que sirvamos! Se as funções estão disponíveis e a oportunidade de servir se faz presente, é preciso que sirvamos. Afinal, amar é servir!
Eu amo e tento servir. E você?
Pensemos nisso!
Wendell Ferreira Blois
subsecretario de formação
Ainda sobre humildade, confira o texto 8!
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
REFLEXÕES - "Juventude e justiça sócio-ambiental - Quanto vale esse progre$$o?"(5)
Em Carta Apostólica de 29 de novembro de 1979, o Papa João Paulo II proclamou, São Francisco de Assis "celeste padroeiro dos cultores da Ecologia". E é com essa bula que queremos desenvolver nossa reflexão de hoje. Como está claro no texto abaixo, nosso Seráfico Pai foi assim proclamado por anseio de uma determinada organização que trabalha em prol do meio ambiente. Esse grupo, por sinal, não professa nenhuma fé oficialmente, mas viu na pessoa de Francisco grande fonte de inspiração para seus trabalhos.
Ora, se esses se inspiraram no assissiense a ponto de fazer tal solicitação à Santa Sé, quanto mais nós que nos comprometemos com nossas vidas em prol da causa de Francisco. Rememorando as palavras abaixo, espero que as mesmas motivem a você, leitor, a se movimentar em torno dessa causa tão urgente. Paz e bem!
Wendell Ferreira Blois
subsecretario local de formação e DHJUPIC
"Ad. Perpetuam rei memoriam. - Entre os santos e preclaros varões que respeitaram a natureza como maravilhoso presente que Deus fez ao gênero humano, figura merecidamente São Francisco de Assis. Pois com sensibilidade singular ele apreciava todas as obras do Criador e, como que divinamente inspirado, criou este admirável "Cântico das Criaturas", as quais, o irmão sol sobretudo, e a irmã lua como as estrelas do céu lhe davam ensejo de render devidamente louvor, glória, honra e toda a benção ao altíssimo, onipotente e bom Senhor.
Estava, pois, muito bem avisado o nosso venerável Irmão Sílvio Oddi, Cardeal da Santa Romana Igreja e Prefeito da Sagrada Congregação para os Clérigos, quando, fazendo-se porta-voz principalmente dos membros da Associação Internacional chamada "Planning environmental and ecologycal Institute for quality life", pediu a esta Sé Apostólica que São Francisco de Assis fosse declarado padroeiro junto de Deus daqueles que se empenham pela Ecologia.
E Nós, de acordo com a Sagrada Congregação para os Sacramentos e o Culto Divino, em virtude destas Letras, válidas para todo o sempre, proclamamos São Francisco de Assis, padroeiro celestial de todos os cultores da Ecologia, com todas as honras e respectivos privilégios litúrgicos.
Nada possa obstar. E isto pronunciamos, mandando que estas Letras sejam religiosamente observadas e surtam efeito no presente como no futuro.
Dado em Roma, junto a São Pedro, sob o anel do Pescador, no dia 29 de novembro de mil novecentos e setenta e nove, segundo do Nosso pontificado". João Paulo II
Gostou?
Então não fique ai parado! Você terá mais uma reflexão para ler amanhã, mas enquanto isso...
Ora, se esses se inspiraram no assissiense a ponto de fazer tal solicitação à Santa Sé, quanto mais nós que nos comprometemos com nossas vidas em prol da causa de Francisco. Rememorando as palavras abaixo, espero que as mesmas motivem a você, leitor, a se movimentar em torno dessa causa tão urgente. Paz e bem!
Wendell Ferreira Blois
subsecretario local de formação e DHJUPIC

Estava, pois, muito bem avisado o nosso venerável Irmão Sílvio Oddi, Cardeal da Santa Romana Igreja e Prefeito da Sagrada Congregação para os Clérigos, quando, fazendo-se porta-voz principalmente dos membros da Associação Internacional chamada "Planning environmental and ecologycal Institute for quality life", pediu a esta Sé Apostólica que São Francisco de Assis fosse declarado padroeiro junto de Deus daqueles que se empenham pela Ecologia.
E Nós, de acordo com a Sagrada Congregação para os Sacramentos e o Culto Divino, em virtude destas Letras, válidas para todo o sempre, proclamamos São Francisco de Assis, padroeiro celestial de todos os cultores da Ecologia, com todas as honras e respectivos privilégios litúrgicos.
Nada possa obstar. E isto pronunciamos, mandando que estas Letras sejam religiosamente observadas e surtam efeito no presente como no futuro.
Dado em Roma, junto a São Pedro, sob o anel do Pescador, no dia 29 de novembro de mil novecentos e setenta e nove, segundo do Nosso pontificado". João Paulo II
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DESTAQUE DA SEMANA
Acerca de dez dias, os irmãos da Jufra Santa Clara da cidade de Marília-SP publicaram um vídeo no Youtube e que foi amplamente divulgado pelo Facebook, onde membros da fraternidade local juntamente com frades franciscanos, dançavam tendo com fundo musical uma paródia da conhecidíssima "Waka waka" da cantora colombiana Shakira.
Para quem ainda não conferiu, segue o vídeo logo abaixo:
Pois bem, até ai nenhum problema!
O vídeo teve um número de acessos razoável (mais de 300 em menos de uma semana), e serviu para mostrar, como diz frei Bruno que aparece no vídeo, "a alegria de evangelizar".
Até que um site denominado "Apostolado tradição em foco" (http://www.tradicaoemfoco.com/), que como o nome já diz, representa a opinião de uma ala de pensadores tradicionais/conservadores da Igreja Católica, achincalhou a atitude de nossos irmãos franciscanos.
A página começa com a citação de um santo que viveu no século XV e teria profetizado o seguinte: "A Igreja será punida porque a maioria de seus membros, grandes e pequenos, serão pervertidos. A Igreja ruirá cada vez mais até parecer aniquilada e a sucessão de Pedro e dos Apóstolos interrompida. Será então que ela voltará a ser exaltada triunfalmente diante de todos os cépticos". E destaca o vídeo como um fruto do Concilio Vaticano II, denotando negativamente não só o vídeo, mas o principal 'feito' da Igreja no século XX.
São católicos? Sim!
Mas que achincalham as pessoas que compartilham da sua fé de maneira radical, a tal ponto a não pouparem o próprio papa!
Não conheço os jovens que aparecem no vídeo, mas cultivo uma fraterna amizade com frei Bruno e frei Lucas que aparecem logo a frente. São pessoas de fé inquestionável e de seguimento exemplar nos passos de Jesus, pelo exemplo de São Francisco de Assis.
Aos responsáveis por esse site: Minha nota de repúdio e minha oração!
Que Deus os inspire, por meio de seu Santo Espirito, a vivenciar com atualidade a sua fé de modo a não estabelecer 'cruzadas' ideológicas com nossos irmãos e irmãs que, com tanto afã, promovem o Reino de Deus já entre nós.
Aos meus irmãos jufristas e frades: PARABÉNS!
Que Deus vos conserve nessa alegria, tão própria de nós franciscanos, de modo a espalhá-la jovialmente pela Igreja que tanto precisa dela.
Pensemos nisso!
Wendell Ferreira Blois
subsecretario de formação
Gostou?
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Para quem ainda não conferiu, segue o vídeo logo abaixo:
Pois bem, até ai nenhum problema!
O vídeo teve um número de acessos razoável (mais de 300 em menos de uma semana), e serviu para mostrar, como diz frei Bruno que aparece no vídeo, "a alegria de evangelizar".
Até que um site denominado "Apostolado tradição em foco" (http://www.tradicaoemfoco.com/), que como o nome já diz, representa a opinião de uma ala de pensadores tradicionais/conservadores da Igreja Católica, achincalhou a atitude de nossos irmãos franciscanos.
A página começa com a citação de um santo que viveu no século XV e teria profetizado o seguinte: "A Igreja será punida porque a maioria de seus membros, grandes e pequenos, serão pervertidos. A Igreja ruirá cada vez mais até parecer aniquilada e a sucessão de Pedro e dos Apóstolos interrompida. Será então que ela voltará a ser exaltada triunfalmente diante de todos os cépticos". E destaca o vídeo como um fruto do Concilio Vaticano II, denotando negativamente não só o vídeo, mas o principal 'feito' da Igreja no século XX.
São católicos? Sim!
Mas que achincalham as pessoas que compartilham da sua fé de maneira radical, a tal ponto a não pouparem o próprio papa!
Não conheço os jovens que aparecem no vídeo, mas cultivo uma fraterna amizade com frei Bruno e frei Lucas que aparecem logo a frente. São pessoas de fé inquestionável e de seguimento exemplar nos passos de Jesus, pelo exemplo de São Francisco de Assis.
Aos responsáveis por esse site: Minha nota de repúdio e minha oração!
Que Deus os inspire, por meio de seu Santo Espirito, a vivenciar com atualidade a sua fé de modo a não estabelecer 'cruzadas' ideológicas com nossos irmãos e irmãs que, com tanto afã, promovem o Reino de Deus já entre nós.
Aos meus irmãos jufristas e frades: PARABÉNS!
Que Deus vos conserve nessa alegria, tão própria de nós franciscanos, de modo a espalhá-la jovialmente pela Igreja que tanto precisa dela.
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Wendell Ferreira Blois
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DA PRISÃO DO TRADICIONALISMO PARA A NOVIDADE E A UNIDADE CRISTÃ DO CONCÍLIO VATICANO II
Ora a Lei não se baseia na fé, mas “aquele que praticar seus preceitos viverá por eles”. Cristo nos resgatou da maldição da Lei, tornando-se ele próprio um maldito em nosso favor, pois está escrito: “Maldito todo aquele que for suspenso no madeiro”.. (Gl 3,12-13).
Prezado irmão leitor, quero lhe agradecer por ter acompanhado um pouco de minha história vocacional através do blog da JUFRA frei Leão. Estou aqui novamente para comentar alguns fatos ocorridos no decorrer da semana que me levou a refletir sobre a nossa experiência de fé.
No último dia 29 de novembro postei no youtube um vídeo gravado no encontro da Juventude Franciscana de Marília no qual cantávamos e dançávamos uma adaptação da música “Waka Waka” da cantora colombiana “Shakira” que contagiou o mundo por ocasião da Copa de 2010 na África do Sul. A música que cantávamos é uma paródia cristã feita por mim, e os passos da coreografia também surgiram de uma brincadeira com os jovens da JUFRA neste mesmo encontro. Após a postagem do vídeo no youtube e compartilhamento nas redes sociais do Facebook e Orkut, o vídeo foi comentado positivamente por pessoas de todos os cantos do mundo, como um jeito novo de evangelizar e também sobre a manifestação da alegria de servir a Deus como franciscanos. Infelizmente algumas poucas pessoas não entenderam a mensagem e logo o vídeo já estava postado em sites tradicionais como o blog “Apostolado Tradição em Foco” entre outras postagens no Orkut. O título era: “No ‘espírito’ do Concílio: Franciscanos imitam Shakira!”. Os comentários foram cheios de moralismos e de uma Tradição Cristã completamente farisaica, que se apega há um rigorismo histórico, que por graça de Deus e abertura ao Espírito Santo a Igreja superou.
Porém, já que o tema abordado pelos Tradicionalistas foi o “espírito” do Concílio, vamos falar um pouco sobre ele:
O Concílio Vaticano II, convocado em 25 de dezembro de 1961 e findado em 8 de dezembro de 1965, marca um novo período dentro da Igreja. O período pré-conciliar é marcado pelo pré-modernismo e uma cultura mais tradicional na Igreja. A pessoa de Jesus era vista mais como divina e a Igreja possuía a sua grande importância de encaminhar os fiéis para uma busca mais divina em Cristo. Era uma Igreja mais voltada para os sacramentos que tinha como centro a piedade e um conjunto de devoções, satisfazendo espiritualmente os fiéis. Todas as necessidades humanas eram redimensionadas para uma busca superior. Os sofrimentos do hoje seriam as alegrias do amanhã. O que interessava era a salvação eterna e qualquer coisa vivida no campo material tinha que ter uma retidão moral para se obter a eternidade. Sendo assim, o maior sinal de perfeição seriam o Papa (Vigário de Cristo), os Bispos e o Clero.
A cultura era marcada pelo ruralismo, sendo que não havia mudanças, novidades, iniciativas criativas, e assim as pessoas continuavam acompanhando os ritos, mesmo sem compreendê-los em seus significados. As pessoas eram acostumadas a obedecer e se submeter.
A Igreja se possuía duas classes: a Clerical e a Laical e havia um abismo imenso entre elas. O espírito patriarcal influenciava a formação social das famílias cristãs, sendo assim, o padre era visto como o senhor da palavra, pois ele era o “pai”. Dentro das próprias escolas havia o rigorismo de obedecer ao que o “mestre disse” sem objeções. A relação social se dava entre ‘família-escola-paróquia’.
Os mais instruídos, políticos ou clérigos, julgavam-se conhecedores da verdade, do bem, dos valores imutáveis. Quando se pensava ter chegado à essência de uma verdade ou realidade, nada poderia questioná-la, sendo qualquer tentativa perseguida e subjugada. O catecismo era elaborado nesta linha, no qual continha todas as ‘verdades dogmáticas e morais’ para que o fiel as seguisse ao longo da vida até a esperada eternidade. Os problemas diversos presentes na humanidade eram resolvidos a partir dos princípios universais que eram aplicados metodicamente aos casos, ou seja, a verdade indubitável era uma Regra e não podia ser desrespeitada se quisesse chegar ao céu. Deste modo, a Igreja estava plena de um teocentrismo sobrenatural e uma vivência comunitária na qual o importante era mostrar o cumprimento de regras num senso jurídico.
Alguns grupos a partir do sec. XIX e principalmente no sec. XX vão se permitindo questionar e a nova mentalidade cristã vai entrando lentamente na Igreja, pelas portas que iam se abrindo pelos movimentos de renovação.
Um primeiro elemento característico desta renovação foi à busca do manuseio da Bíblia, pois esta era desconhecida para quase todos os católicos, mediante as medidas da contra-reforma, que impediam os cristãos de caírem no risco do protestantismo de interpretar a Palavra de Deus a partir de suas próprias experiências pessoais. No entanto a Palavra não chegava aos membros da Igreja, pois as Bíblias só podiam ser manuseadas pelos padres e as pregações se davam nas homilias, mas em latim, que era de pouquíssima ou nenhuma compreensão por parte dos fiéis. A maioria morava em zonas rurais e não podiam participar das missas todos os domingos; e também, mesmo com os aprofundamentos exegéticos o que se repetia nas homilias era a “essência da verdade” que se repetia no óbvio das Escrituras. A Sagrada Escritura era ensinada somente pelas autoridades eclesiásticas e em forma de um conto desde a Criação até o Apocalipse, mas sem um aprofundamento à historicidade e ao gênero literário das Sagradas Escritura como se tem hoje. A formação teológica contribuía para uma leitura objetivista da Palavra de Deus, chegando à beira do fundamentalismo. As passagens bíblicas só eram usadas para provas as ‘verdades dogmáticas e morais’ das respectivas pregações, e a partir destas passagens o pregador direcionava e afirmava a sua opinião e própria vontade, totalmente diferente do sujeito moderno que leva em consideração as experiências.
No entanto três elementos contribuíram para a vinda da modernidade na Igreja: o contato com a ciência a partir de pesquisas empíricas (contra o universalismo aristotélico), a compreensão história (a partir dos estudos científicos da Palavra de Deus, da forma de redação e da comparação) e a influência da subjetividade.
Outro fator importante foi a passagem do culto em latim para a língua vernácula. O uso do latim queria deixar a celebração mais cheia de mistério. O rito era munido de regras que se não fossem obedecidas e executadas podiam invalidar a celebração. A maior preocupação era com o culto e não com a participação da comunidade. Com o movimento litúrgico, houve uma aproximação entre a Mesa da Palavra e a Mesa Eucarística, levando os fiéis a uma participação plena da Santa Missa. O fiel passava a compreender mais o que fazia e a sua participação pessoal e comunitária. Os ritos se tornaram mais simples e acessíveis. A Igreja caminhava para não viver mais uma pseudo-unidade formal através das regras e se abre a unidade real e de comunhão. O patriarca Máximo IV chegou a dizer que Jesus e os apóstolos nunca pensaram em falar outra língua que não fosse à deles. O latim era uma língua imposta e não tinha fundamentos bíblicos e nem históricos.
Enfim, estes foram aspectos de um processo de amadurecimento da Igreja e obediência ao desejo de Cristo de que todos fossem unidos no amor. Tantos outros movimentos contribuíram para a novidade do Concílio Vaticano II. Tantos pontos positivos a Igreja atingiu: a importância do leigo, o novo ardor missionário que procura descobrir Deus presente em todas as raças e culturas, uma liturgia mais próxima que leva o fiel a um encontro com Deus na transcendência e na imanência.
Sendo assim, o Concílio Vaticano II não foi uma ruptura ou uma adesão ao modernismo que excluiu as virtudes da Igreja, mas foi uma transformação movida pelo próprio sopro do Espírito Santo de Deus que aconteceu aos poucos na história da humanidade e que ainda acontece.
Por fim, mesmo vestidos com o hábito ou não, somos convidados a estar no mundo, sem ser do mundo. Estar no mundo é aproveitar daquilo que ele possui dando o sentido pleno de Cristo. Seja numa música, numa dança, numa celebração.
Este é o ‘espírito’ do Concílio Vaticano II que nos põe abertos aos questionamentos do mundo e suas necessidades, para que procuramos entender através da empatia, da compreensão, a realidade do outro, revelando a verdade de Jesus Cristo, que é a misericórdia e amor. Sendo assim, não temeremos os julgamentos por não termos vivido esta ou aquela “regra” impiedosa e cruel, que somente externaliza uma falsa fé, que nos leva distantes dos desejos do coração misericordioso de Jesus. Não sejamos ‘fundamentalistas’ mas fundamentados na seguinte certeza: “Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor”. (I Jo 4, 7-8)
Frei Bruno Scapolan, OFM.
domingo, 4 de dezembro de 2011
CINE-REFLEXÃO - "Juventude e justiça sócio-ambiental - Quanto vale esse progre$$o?"(4)
O Domingão chegou! Mas as nossas reflexões continuam!
Continuando a temática de ontem apresentamos o documentário "Chico Mendes, Cartas da Floresta".
Com narrativa em primeira pessoa, baseada nas cartas e entrevistas concedidas por Chico Mendes, o filme conta a história do líder sindical, seus confrontos com o setor ruralista e sua defesa da criação de reservas extrativistas, motivo de seu assassinato. Ao final, faz um balanço da situação atual por meio do depoimento de pessoas que conviveram com Chico, dos atuais moradores das reservas, de ambientalistas e ruralistas, investigando os resultados da luta do seringueiro. Com certeza essa é a história de alguém que não estava disposto a pagar um preço tão caro pelo progre$$o alheio. E não somente isso, lutou pelo interesse da comunidade em que estava engajado e se tornou ícone dessa luta.
Bom filme!
Wendell Ferreira Blois
subsecretario de formação e DHJUPIC
Continuando a temática de ontem apresentamos o documentário "Chico Mendes, Cartas da Floresta".
Com narrativa em primeira pessoa, baseada nas cartas e entrevistas concedidas por Chico Mendes, o filme conta a história do líder sindical, seus confrontos com o setor ruralista e sua defesa da criação de reservas extrativistas, motivo de seu assassinato. Ao final, faz um balanço da situação atual por meio do depoimento de pessoas que conviveram com Chico, dos atuais moradores das reservas, de ambientalistas e ruralistas, investigando os resultados da luta do seringueiro. Com certeza essa é a história de alguém que não estava disposto a pagar um preço tão caro pelo progre$$o alheio. E não somente isso, lutou pelo interesse da comunidade em que estava engajado e se tornou ícone dessa luta.
Bom filme!
Wendell Ferreira Blois
subsecretario de formação e DHJUPIC
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